Capítulo 13

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Meus amores, me desculpem. Eu deveria ter postado esses capítulos ontem, mas cheguei tão cansada em casa depois de ter tido aula de manhã, de tarde e de noite que estava morta na farofa e capotei rapidinho quando encostei a cabeça no travesseiro.

Espero que gostem desse capítulo e do próximo que já já vou postar.

Um abraço da Molly


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Mais uma de minhas noites se resume a outros dos meus sonhos angustiantes com Jerome. Adormeço imediatamente por causa do esgotamento físico, mas acordo de madrugada com um grito abafado, meu corpo todo tremendo depois de ter sonhado novamente com ele.

Sento-me na cama, com sua imagem ainda nas minhas retinas: o rosto inesquecível de beleza diabólica, os olhos negros e ardentes, as sobrancelhas escuras e marcantes. Um homem único, que jamais veria pelo resto de minha vida. Um ser que seguia suas próprias leis. Um homem intenso, de emoções fortes. Meu Jerome. Mas ele está começando a me assustar. Ou será minha consciência que ainda está pesada?

Algo assim não deveria acontecer. Esses... esses sonhos querendo plantar em mim a semente de que nada foi encerrado ainda.

Salto da cama, trôpega, com a respiração ofegante e vou para o banheiro. No espelho, vejo que meu rosto está pálido. Fantasmagoricamente pálido. Mesmo desperta, recordo a insistência de seus olhos escuros e o som grave de sua voz me dizendo: Nunca permitirei você ir embora. Não pode me deixar, porque você é minha, entendeu? De ninguém mais... Eu sou a sua sombra. Jamais poderá fugir de mim.

Aquelas palavras me soaram incrivelmente familiares, porque Jerome me dissera a mesma coisa em tempos passados. Foram elas que me fizeram acordar com um grito silencioso preso na garganta.

Sentada no chão com os joelhos abraçados, eu me encolho no canto do quarto, soluçando, com suas palavras ainda ecoando em minha mente: Minha... você é minha. Não vou deixá-la em paz até nos encontrarmos novamente. Nunca... nunca.

A♥

Não sei por que estou aqui. Ok, essa é a maior mentira do ano, porque sei exatamente o motivo de estar aqui. Reconciliação. Essa é uma palavra que me dá motivos de sobra para ter arrepios. Cheguei a esta paróquia, perturbada, e não sei exatamente como fazer o que preciso.

Abro a porta e me sento dentro do confessionário, pensando se fiz a coisa certa em dar ouvidos a uma necessidade que não sabia que tinha. Há uma tela decorativa através da qual não dá para ver muita coisa, mas sei quem está do outro lado. Padre Carmichael. Minha comunidade o conhece, pois a maioria consiste em frequentadores de sua igreja, e vivem falando dele e dos esforços que tem direcionado para a construção de grandes coisas e o crescimento desta paróquia.

Padre Carmichael é um senhor perto dos 60 anos de idade, que também me conhece. Ele sabe exatamente quem sou. Costumo passar em frente à sua igreja uma vez e outra, quando estou resolvendo alguma coisa a pé, e o encontro na parte da frente conversando com os fiéis, ao final de uma missa. Depois de um tempo com esses encontros casuais, não demorou muito até batermos papo e ele me fazer um convite de explorar a igreja, se fosse de meu interesse. Eu apenas sorri e recusei polidamente, concluindo que Deus não gostaria de ouvir uma pessoa como eu.

Mas estou aqui.

A Ellie fodida.

É quase uma piada de tão irônico que pode parecer, mas não é.

Faço o sinal da cruz antes de qualquer coisa. Sei que se faz isso porque já vi em filmes.

— Perdão, padre, pois eu pequei. — Em minha voz há verdadeira dor, incerteza e confusão.

Ás de Copas [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora