Novos amigos

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Hanyel

Acaricio o rosto de Ariane, ela segurava meu braço, eu estava muito fraco.
- Você não sabe o medo que tive de te perder! – Disse ela.
- Eu também... eu também... – Digo.
- Olhe, estes são Elisabeth, Blanca e Tom, nossos novos amigos.
- Prazer em conhece-los. – Falei com a voz rouca.
- O prazer é nosso. – Disse o garoto de cabelos brancos. – Sua amiga falou muito de você, vejo que iremos nos dar bem.
O garoto se aproximou de mim, abaixou-se e juntou as mãos, vi água surgir nas palmas de sua mão.
- Tome... você está desidratado.
- Tom... como fez isto? As coleiras nos impedem de... 
- Não... – Tom interrompeu Elisabeth. – A coleira não bloqueia nossos poderes, elas apenas nos matam se nós usarmos eles contra os guardas.
- Por todos os deuses!! Então podemos fugir daqui? – Elisabeth pergunta.
- Se tivermos sorte! – Blanca exclama.
Bebi a água, pareceu me dar forças, não me sentia tão fraco assim. Vejo que Victor estava se aproximando.
- Que bom que está vivo Hanyel! – Disse ele.
- Vá para o inferno Victor! – Falei.
Ariane me condena com um olhar.
- O fato de você se sentir bem ao lado dele não vai mudar minha opinião Ariane! 
- Mais um cara de personalidade forte! Gostei de você bruxo! – Disse Blanca.
Dou um sorriso para ela.
- Onde esteve este tempo todo? – Ariane pergunta.
- No meio de um lugar morto, não sei explicar, era uma zona morta, meus poderes não funcionavam lá... qualquer pessoa ou objeto que não fosse relacionado com magia que entrasse naquele lugar, virava um pó negro.
- Então você se manteve protegido. Como tiraram você de lá? – Tom pergunta.
- Eles levaram um garoto... uma criança, ele chorava, dizia que não queria ser uma pessoa ruim, dizia que queria ser normal.
- Qual o nome dele? – Elisabeth fala.
- Ignio!
Todos ficaram assustados, os olhos estanhados mostravam indignação.
- O que fizeram com ele depois? Os guardas o mataram? – Pergunta Ariane.
- Não...
- O que fizeram então?
- Eu... eu o matei...
Elisabeth cobre a boca com as mãos, estava indignada, pude ver sua expressão.
- Não podia deixa-lo ser torturado por aqueles malditos... eu não podia. Parti ser corpo ao meio... seu sangue ainda está em mim. – Abaixo a cabeça.
- Você fez o certo... eles iriam fazê-lo sofrer demais. – Blanca diz.
Ariane vem até mim.
- Agora estamos aqui! Tudo vai ficar bem... daremos um jeito de sair!
- Bianca... onde ela está? 
- Quem? – Diz Elisabeth
- Bianca! – Ariane fala. – Não sei onde ela está, quando me capturaram, jogaram a mochila dela cheia de sangue em meus pés.
- Não... não pode ser! – Falo.
- Calma bruxo... ela... ela está bem... ela está aqui! – Elisabeth falou.
- O que? – Ariane pergunta assustada.
- Está na ala resfriada, junto com os demais Sflavirc capturados.
- Vidente! – Diz Blanca apontando o polegar para a ruiva.
O som de trancas se abrindo ecoa, guardas abrem as portas de ferro do galpão, vem até nossa direção.
- Não tentem fazer nada suas aberrações. Suas coleiras explodirão suas cabeças se tentarem fazer algo a nós. – Diz um guarda, vindo ao meu lado e com uma chave abrindo os cadeados das minhas correntes. – Vão para fora, agora! – Grita o guarda.
Tom e Blanca me pegam por debaixo dos braços e saímos para fora. Ali tinha sol, estava frio, mas o pouco calor que o sol fazia esquentava nosso corpo. Tinha várias pessoas caminhando pelo pátio, todas com aquelas coleiras. Sentamos no degrau de uma escadaria próximo a um barracão tumultuado.
- E esses gritos? – Pergunto.
- As Alto Valle, aí é o lugar mais louco de todo o campo. – Elisabeth diz rindo.
- Não brinque com isso Elisa! – Blanca diz.
- Só estou falando a verdade, as Alto Valle são doidinhas! – Elisabeth disse fazendo movimentos circulares com o dedo indicador ao lado da cabeça.
Todos rimos. Ariane saiu de perto e foi ao lado de Victor que observava o prédio principal.
- Também não gostamos dele, ele é filho do desgraçado que nos fez isto! – Tom falou.
- Eu acho que este papinho de boa pessoa é apenas uma fachada. – Blanca diz.
- Também acho! – Concorda Elisabeth. – Então bruxo... qual seu poder? Você está me bloqueando quando tento ler sua mente.
- Tenho poderes da terra, sou um Eledom!
- Com leve personalidade Vidiem! – Elisabeth diz.
- Poderia fazer estes prédios desabaram! – Falei. – Mas me matariam! Qual o dom de vocês?
- Sou uma bruxa do inverno, controlo a neve, o gelo... tudo que é frio! E meu irmão aqui, é um Aquaris, dom com a água como pode ver lá no barracão. – Disse Blanca.
- E eu...
- Ele já sabe que você é uma vidente Elisa! – Blanca interrompe.
- Sem graça! – Diz Elisabeth.
- Tem mais pessoas que quero saber se estão bem... a tia, a vó e o pai de Bianca.
- Não consigo sentir nada! – Elisabeth diz com os olhos fechados. – Talvez estejam mortos.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora