Passeio

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Hanyel


Estava andando próximo a um corredor de cercas de arame. Passava a mão nelas e me sentia angustiado. Aquele corredor ia até um lugar atrás de dois prédios, deveria ser um locar de tortura ou algo do tipo, tiro minha mão dali e a coloco no bolso do meu sobretudo... ah... meu sobretudo, estava com rasgões, fios soltos, sem um ou dois botões e um manchas de queimado. Vou caminhando ao lado daquela cerca, chego ao final dela, o campo era enorme, não tinha conhecido nem a metade ainda dele e talvez nem conheceria.
- Hany?
Viro-me para trás, Bianca vinha em minha direção.
- Como está o braço?
- Está melhor, os remédios ajudaram na cicatrização dos ossos trincados, talvez amanhã ou depois eu tire as talas.
- Que ótimo! O doutor é uma ótima pessoa, não é?
- É, uma alma boa neste local.
- Duas... você sabe o guarda que entrega a água os pães?
- O Gregório?
- Este mesmo... talvez ele possa nos ajudar e fugir daqui. - Eu... eu pensei a mesma coisa, mas e os outros bruxos?
- Não tinha pensado nisto.
- Ei cunhada, o que está fazendo com meu esposo aí?
- Que esposo o quê seu doido! – Falo rindo.
- Bom dia a todos novamente! – Tom fala a nós dois.
- Bom dia.... Sabe, vocês passam tempo juntos que eu estou desconfiando, viu? – Bianca fala rindo ironicamente.
- Blé! – Fali tirando a língua para fora.
- Terra com água se dão bem viu? – Tom diz.
- Sim..., mas não são somente os elementos compatíveis que se dão bem – Bianca fala mordendo o canto dos lábios.
- Super apoio vocês duas! Você combina mais com Blanca do que com aquele garoto lá... como era o nome dele mesmo... Marvin? Marcio? Marl...
- Calado seu chato! – Bianca me interrompe. – Vou indo. Bom passeio aí!
- Obrigado! – Falamos rindo.
Bianca se vira e volta para a praça central.
- Porque será que eles não nos mataram até agora?
- Torturar é mais divertido que matar, pois você pode fazer várias vezes, quantas vezes quiser e matar é somente uma.
- Bem pensado Sócrates! Vamos, eu quero dar uma olhada nestes barracos aí. – Tom disse prendendo o cabelo em um coque.
Fomos andando ao lado da cerca, paramos em frente a um dos prédios, era todo feito de pedras.
- Você pode derrubar se quiser.
- E morrer também né?

É verdade!
Saímos dali e fomos mais adiante andando pelas várias ruas do campo de inquisição. Haviam paredes arranhadas e marcas de tiros nos muros, jurava que tinha visto marcas de sangue ainda fresco pelo chão.
- Onde essa rua vai dar? – Pergunto.
- A lugar nenhum! – Uma voz vem do meu lado. – Voltem para lá, este lugar não é para vocês. – Um guarda diz.
- Já estamos voltando! – Tom falou pegando em meus ombros e me virando na direção da praça.

                                    ...

Estava sentado encolhido próximo a uma guarita dos guardas, estava pensando em um jeito de explodir tudo aquele lugar e ir embora. De repente ouço o som do portão principal se abrindo. Entraram dois camburões. Pararam em frente ao prédio principal. Logo desceu Giovanni juntamente com a bruxa negra acompanhada daqueles enormes cães.
- Encontraram ela? – Giovanni disse.
- Tivemos sorte senhor, ela estava vagando pelo bosque de Midenvell, conseguimos captura-la e pegamos mais quatro rebeldes na estação de metrô... oque faremos com os rebeldes?
- Reúnam todos os bruxos na praça, teremos uma atração... tragam a velha. – Giovanni diz.
Os guardas tiram três homens e uma mulher de dentro de um camburão, todos desacordados e levam para outro prédio. Giovanni se aproxima do camburão onde estava a velha que ele havia dito, abrem as portas e retiram de dentro uma senhora baixinha de cabelos grisalhos. A bruxa negra se aproxima dela, ergue o véu do rosto e olha para a senhora, ela se encolhe de medo. A bruxa passa a mão no rosto dela e posiciona o dedo indicador em meio a testa dela. A senhora cai ao chão. Um guarda vem e coloca uma coleira de choque nela.
- Nem precisaria disto... essa praga não morre enquanto não for a hora dela... – Disse a bruxa negra.
Será que eu tinha ouvido direito? Não podia ser.... era uma das bruxas eternas. Corri a procura de Adriana.

                                      ...

- Adriana! – Falo ofegante ao ir correndo em direção a ela sentada na escadaria, junto com outras mulheres necromantes.
- O que houve? – Ela pergunta.
- Você precisa ver. Uma bruxa eterna foi capturada!
Ela levanta-se rapidamente, duas mulheres a acompanham. Vamos correndo para junto a bruxa que havia sido capturada a pouco tempo.
- Ela está desacordada! – Adriana fala.
- A bruxa negra a fez desmaiar. – Falei.
As duas mulheres e Adriana chegaram próximas a ela, a pegaram pelos braços e pernas e a carregaram até perto da sala do doutor Pedro.
- Ele não vai atende-la, vi ele saindo para comprar medicamentos junto com uns guardas. O que vamos fazer agora? – Pergunto.
- Temos que achar uma branca, já volto aí. – Disse uma das mulheres.
Não demorou muito para a mulher voltar com uma moça ao seu lado.
- Ela é uma branca! – Disse a mulher.
Que bom que a encontrou Elemi. – Adriana disse.
A bruxa branca ajoelhou ao chão e colocou suas mãos sobre a cabeça da senhora desacordada.
- Ela está tendo pesadelos! – Disse a bruxa branca. – Estou acalmando a mente dela.
Logo ela retirou suas mãos e acariciou o rosto da senhora.
- Está acordando.
- Hanyel, busque um pouco de água para ela! – Adriana pediu.
- Tudo bem! – Falei.
Fui correndo em direção aos meus amigos, onde estava a minha garrafa de água.
- Porque está correndo? – Elisabeth pergunta.
- Uma bruxa... uma bruxa eterna! – Falei.
Todos ficaram espantados.
- Me alcance minha garrafa de água Tom, tenho que levar para ela.
- Aqui está Hanyel. – Tom diz me entregando a garrafa. – Vou junto!

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora