Perdida

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Ariane

Acordei com um sobressalto, estava deitada numa pedra enorme. Só o fato de ter acordado enviou faíscas de dor por todo meu corpo, me sentia como se alguém tivesse me esticado, estava anestesiada da cintura para baixo, meu rosto inchado, meu estômago estava revirado, lábios cortados. 
A tempestade havia passado, mas o frio continuava agressivo. Flocos de neve caiam sobre mim, minhas roupas estavam completamente encharcadas, estava congelando. Olho para minha coxa onde tinha sido perfurada pelo galho, estiquei minha mão para tocar.
- Ai que dor. – Digo.
Não era nada de grave, mas se não cuidasse poderia infeccionar. O que eu precisava agora era sobreviver nesta nevasca.
Levantei-me devagar, mas minha cabeça ficou tonta e tudo rodou, caí sobre a neve.
- Tenho que sair daqui. – Falei fazendo todo o esforço possível para me levantar.
A neve estava espessa, encobria todos os vestígios de galhos que haviam caído durante a tempestade.
A dor veio novamente devagar, pungente e quente, como se tivesse sido atingida por uma lâmina enferrujada.
Por mais que estivesse grata por estar viva, tudo isso era suportável. O que mais incomodava era não saber onde os outros estavam. Consegui se levantar, caminhei lentamente arrastando a perna que doía. Mais do que tudo observava a minha volta, o medo não podia ser ignorado, a Nova Ordem poderia aparecer ali de surpresa.
Cada passo dado era marcado por uma pontada brusca, escorria sangue do ferimento em minha coxa.
- Aii, pode vir a infeccionar. – Falei gemendo de dor, pelo menos meu estômago havia melhorado.
Percebi um movimento pelo canto do olho, jurava que tinha alguém, mas não enxerguei nada além de árvores cobertas de neve. Estava paranoica, não havia ninguém ali a não ser eu mesma.
Atravessei dunas de neve, nevasca após nevasca, pilhas de neve se formavam em todos os cantos da floresta. Para atravessar a neve no meu estado era muito exaustivo, raramente achava um caminho que era acessível.
Avistei uma trilha ao longe, poderia ir por ali, mas se por um acaso me perdesse mais ainda? Alguma coisa me dizia que o melhor a se fazer era não ir por ali, poderia ser um caminho sem volta.
Peguei minha varinha e apontei para a ferida em minha perna. Uma luz branca sai dela, sangue preto jorra do corte em minha coxa, ele começa a deslizar entrelaçando-se. 
O corte para de sangrar e começa instantaneamente a cicatrizar. Respirava com dificuldade enquanto o corte se auto curava. Não sabia que eu poderia fazer isso, um sorriso se forma em meus lábios. Sinto também que eles não estavam mais cortados, a dor em minha perna sumiu.
De repente ouço um grande estrondo vindo do Leste, um vento o acompanhou se expandindo por todos os lados, não me arrisquei a averiguar sozinha.
Será que era a Nova Ordem Mundial atacando novamente? Não sabia exatamente, mas e se fosse um sinal dos meus amigos que estivesse vindo de lá. E se eles estivessem precisando de ajuda? Não sabia o que fazer.
Fiquei ali parada a espera de ouvir mais estrondos.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora