A inquisição de B.A.H.V.

Segredos revelados

Ariane

Mais tarde, chegamos a um lugar coberto de vegetação, aposto que nem um ser humano conhecia aquele lugar. Proliferava plantas estranhas em todos os lados. Suas folhas eram largas, de um tamanho sobrenatural. Sua cor era verde amarelada com um certo tom azulado.
Hanyel indicou para nós três que o seguisse. Ele nos levou até um dos lados sem aquelas plantas, ali era limpo, o campo era verde, as árvores eram magníficas e ao redor passava um pequeno lago cristalino.
- Que foda! - Falei
- Concordo. É lindo. - Bianca passa seus dedos na água.
- Estamos seguros aqui. - Hanyel senta em um tronco, tira sua mochila das costas, pegando uma garrafa de água e a abrindo. - Por enquanto. - Você já conhecia esse lugar Hanyel? - Victor falou com cuidado.
A princípio Hanyel limpou a garganta, como se a pergunta dele não fosse digna de resposta. Aliás ele não gostava de Victor, não seria nenhuma surpresa se ele não respondesse. Mas, após um minuto respondeu normalmente.
- Não conhecia. Apenas segui minha intuição.
Percebi rapidamente que, quisesse ou não, teria que aceitar que Victor e Hanyel nunca se dariam bem. Minha vida mudara de forma irrevogável e eu não sabia com lidar com tudo isso.
Bianca se senta ao lado de Hanyel jogando sua mochila no chão.
- Isso não importa agora. O importante é que a nova ordem não nos ache tão depressa.
- Tenho que concordar com Bianca. - Disse. - O que importa é que eles não nos achem.
Quem não enlouqueceria nessa situação? Sua vida destruída, agentes te perseguindo sem parar, com ordem do "chefe” da N.O.M para matar sem piedade. O que mais queriam eram nosso sangue derramado.
Me sentei do lado de Victor, ele passou um dos braços ao redor mim. 
- Está se sentindo bem? - Pergunta.
- Sim, estou. - Falei, encostando minha cabeça no ombro dele. - E você? Parece que algo está o incomodando. O que houve?
Seus olhos azuis cintilavam e o cabelo escuro caia perfeitamente sobre o olho. Sua expressão era de preocupação.
Tinha uma vaga e preocupante sensação de que alguma coisa estava profundamente errada.
Peguei sua mão.
- Ari não posso mais viver com isso.
- Com isso?
- Não aguento mais. Tenho que falar a verdade.
Inúmeras verdades horríveis precisavam ser reveladas naquele momento. Só em que ele iria falar fazia meu corpo todo ficar tenso.
Um raio de luz solar atravessou as nuvens. Victor Hugo parou de respirar por um momento. Seus dedos tremiam enquanto gentilmente me tocava.
Uma lufada de vento rodopiou nos galhos.
- Hanyel e Bianca contarei a verdade para vocês todos. - Victor ergue o tom de voz para que eles possam ouvir o que ele fala. Ele se levanta. Os olhos azuis olhavam para a frente.
- Ari perdoe-me por não ter falado antes... 
Me levantei também. 
- Victor. O que...
- Sinto muito. Mas preciso contar Ari.
Lágrimas ameaçavam a cair, seus olhos ardiam tentando segurar as lágrimas.
- Victor você está deixando todo mundo nervoso. - Bianca fala.
- Eu... eu sou filho do cara que ordenou a matar vocês. - Sua voz soava ao mesmo tempo triste e entorpecida.
- Seu ... seu, vou matar você cara. - Hanyel diz, Bianca o segura. - Sempre soube que você escondia algo de nós. 
- Hanyel calma. - Bianca tenta o acalmar. - E porque arrombariam sua casa, sendo você filho dele?
- Ele nunca me aceitou como filho. Ele assassinou minha mãe na minha frente, quando descobriu que ela praticava magia. 
- Cara confessa de uma vez cara, você está aqui com nós a mando dele. - Hanyel o provoca.
- Não estou Hanyel. Pode não acreditar, mas não estou, nunca estive. Não penso igual a ele. 
- Me engana que eu gosto de Victor.
Ele se virou para olhar para mim, parecia tão derrotado, seus olhos azuis caídos.
- Ariane não queria te machucar. 
Meus olhos ardiam, queria socar a cara dele, ele mentiu quando me falou que não escondi nada de mim.
Instintivamente me virei não aguentava olhar para ele.
Entrei na mata, queria fugir dali, precisava ficar sozinha.
Ele deu um passo para me seguir.
- Victor acho melhor não. - Ouvi Bianca dizer.
- Você a machucou Victor Hugo, ela confiou em você todo esse tempo, e agora você conta que o cara que quer nos ver mortos é seu pai. - Hanyel vai até ele e o empurra.
- Não fiz por mal. Não aguentava mais guardar esse segredo maldito de vocês.
Hanyel dá um soco no nariz dele. Um filete de sangue começa a aparecer.
- Vai Hanyel me bata. Não é o que você sempre quis?
Quando ouvi isso, não pude evitar e fui ver o que estava acontecendo.
Hanyel avança mais uma vez e acerta em cheio outro soco no nariz de Victor, o que o deixa meio tonto. Creio que mesmo não querendo brigar com Hanyel em respeito a mim, ele não pode suportar o ataque. Ergueu sua perna rapidamente e dá um chute na boca do estômago de Hanyel, que dá uma trambalhada e quase cai.
- Maldito! – Disse Hanyel jogando sua varinha que estava em sua cinta para perto de Bianca e pula com tudo na direção de Victor.
A expressão deles era de ódio, nunca havia visto Hanyel brigar, pelo menos não daquele jeito. Logo vejo os dois abraçados em socos e empurrões, sangue escorria do canto da boca de ambos e a pele do rosto já começava a ficar em um tom meio roxo.
- Parem!!! – Gritava Bianca sem resposta.
Eu estava imóvel, o que Victor tinha revelado, não saía de minha mente. Victor joga Hanyel ao chão e começa a bombardear seu rosto com vários socos seguidos, mas Hanyel não deixou barato e com esforço pegou uma pedra próxima e repetidamente batia na cabeça de Victor, vi que os dois estavam com os rostos todos ensanguentados, aquilo parecia não ter fim
Victor com agilidade segura o braço de Hanyel e o torce.
- Aaaargh! Desgraçado!
Os olhos de Hanyel se encheram de raiva e mandou uma brusca cotovelada na garganta de Victor que caiu ao chão e logo levantou-se com dificuldades de respirar.
- Agora chega! – Gritou Bianca mais uma vez, mas agora tanto Hanyel como Victor se mantiveram parados e não avançaram um contra o outro.
Corro novamente para longe deles.
-Hanyel, pare com isso, Ariane não te perdoaria se você o machucasse mais. Dependente de tudo ela a ama.
- Infelizmente é verdade.
Bianca leva Hanyel para longe de Victor. Ele fica sozinho, sua raiva brotando. Havia ferido a garota que tanto amava.