Morte aos rebeldes

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Bianca

- Ok então, me diz, você prefere assistir O Senhor dos Anéis ou Power Rangers?
- O que? Power... Bianca, que pergunta! É claro que O Senhor dos Anéis!!
- Bem-vinda ao clube da Terra Média garota! – Hanyel diz atrás de mim.
- Obrigado senhor do braço quebrado! – Blanca falou rindo.
- Trincado... é diferente. – Hanyel fala. – Você viu Ariane?
- Deve estar se amaçando com Victor em algum canto por aí. – Falei.
- É.... como pode alguém pensar em beijar na situação que estamos? – Tom fala sarcasticamente rindo para Hanyel.
- Olha... cuidado aí viu, estou achando é que vocês se beijam escondido por aí! – Falo para Hanyel.
- Te espancaria se não estivesse com o braço machucado, senhorita Lima! – Hanyel diz
- Poxa Hany... foi me lembrar justo de quem!!? – Falei com a mão sobre o rosto.
- É sempre bom relembrar nosso primeiro assassinato, não é? – Hanyel solta um riso estranho.
Ficamos em silêncio, principalmente eu.
Qual é? Vão me dizer que quando vocês estão matando algum guarda vocês têm pena? Eles não têm pena da gente! Eles não têm! – Hanyel fala exaltado.
- Tem razão... são uns miseráveis mesmo. – Blanca concorda.
Sirenes dos postes começam a tocar.
- O que será que está havendo? – Pergunto.
Guardas vem em nossa direção, mandando todos irem para a praça principal. Eles iriam matar alguém. Em poucos minutos estavam na praça todos os bruxos e bruxos, exceto os Alto Valle, que eram mantidos presos todos os dias. Em nossa frente estavam quatro pessoas, três homens e uma mulher, amarrados nos postes de ferro em meio a praça.
- Não... eles vão nos obrigar a vê-los morrer! – Falei cobrindo meu rosto e encostando-o no ombro de Hanyel.
- Calma... calma... – Ele disse.
Guardas com armas engatilhadas em todas as direções não deixavam ninguém sair dali, até vermos aquelas pessoas morrerem. Passos ecoam pelas calçadas. Giovanni acompanhado daquela bruxa negra e seus cachorros ficaram a nossa frente.
- Vejam estes rebeldes, hoje eles morrerão por sua desobediência e falta de lealdade a nossa grandiosa e espetacular Ordem Mundial. A partir de hoje, vamos começar com as inquisições, não ousem nos deter, ou ficarão mais próximos da morte. – Ele tira um isqueiro do bolso. – Vocês verão a beleza de uma fogueira em pleno inverno... uma não... quatro! 
Aquilo me deixou mais angustiada ainda, guardas subiram ao lado dos postos e banharam aquelas quatro pessoas com um líquido escuro, nos pés delas haviam palhas secas e madeira, iriam ser queimadas vivas, podia ver eles respirarem e mexerem os olhos levemente. Após estarem encharcados com aquele líquido, Giovanni voltou a nossa frente acendeu seu isqueiro e jogou na primeira fogueira. 
- Damos início a nova temporada de inquisições!!! – Os guardas gritavam e aplaudiam ele, a maldita bruxa estava rindo, segurou o braço de Giovanni e foram andando para o prédio principal, enquanto aquele homem começava a pegar fogo.
Ele havia acordado, seu grito de desespero ecoava por todos os cantos, acabou acordando os outros também que gritavam por ajuda enquanto o fogo passava de um poste para outro.
Logo estavam as quatro pessoas em meio a gritos, dor e chamas. Suas carnes começaram a ficar expostas, sangue vertia e se queimava no fogo ardente, as roupas e cabelos tornaram-se cinzas rapidamente, uma fumaça preta saía deles.
Os gritos, os olhares de dor, lamentavam pela vida. E tudo que nós podíamos fazer, era chorar. Se tentássemos fazer qualquer coisa, nossas cabeças explodiriam ou seríamos perfurados por tiros de todas as direções até virar uma peneira.
Os guardas abrem lado, nos deixam sair, não aguentava olhar para aqueles pobres coitados sendo mortos em minha frente. O cheiro de fumaça e de coisas queimadas se espalhou por todo campo. Os gritos que vinham do barracão onde estavam presas as Alto Valle me remetiam aos gritos daqueles coitados queimando na fogueira.
- Por favor, tirem isto de minha cabeça. – Eu dizia.
Blanca me abraçou, ela era mais forte do que eu neste ponto, não demonstrava muito o que sentia e isso a fazia parecer muito segura de si e dos acontecimentos a sua volta.
Por favor... prometa que vamos conseguir sair daqui! Não suportaria ver você, minha vó, Adriana ou meus amigos naquela situação... por favor!
- Nós iremos sair daqui, iremos para um lugar melhor. Vamos dar um fim nestas pessoas, iremos acabar com a raça deles.
Olho para Blanca com os olhos aguados. Ela os enxuga para mim. Passa a mão em meu rosto e dá-me um beijo em minha testa.
- Vai ficar tudo bem, nós vamos ficar bem! – Ela dizia.
Meu coração palpitava, a abracei forte, queria tirar aquela cena de minha cabeça. Sentia o cheiro de fumaça ardendo em meu nariz, fiquei mais preocupada ainda de saber que todos os dias iria ter que ver mais cenas como aquela.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora