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Hanyel

Aquele lugar totalmente cinza e sem vida produzia um som magnético, do chão era possível ver ondas subindo, ondas como as de calor que saem do asfalto de uma rodovia em dias muito quentes. Encostei a mão em uma árvore, ela começou a se despedaçar.
- Mas que diabos é isto? 
Olho ao meu redor, havia penas sombras e névoa em todos os lugares. Ali, até mesmo minha pele e minhas roupas estavam cinza, era como se eu estivesse dentro de um filme antigo em preto, cinza e branco.
“DOOOMMM” 
Ouço um som magnético vindo da terra abaixo de mim. Olho para os lados, vejo um ser de pó se desfazendo completamente pelas ondas que dá neve negra subiam.
- Porra! – Falo indignado.
Logo ouço mais sons como aquele, e mais corpos de pó negro se desfazendo. Me preparo para um ataque eminente, quando elevo minhas mãos para levantarem rochas do chão, nada aconteceu, tentei novamente, não tive respostas de meus poderes.
- Cassete! Estou ferrado!
Aquele lugar era mesmo uma zona morta, meus poderes não funcionavam ali. Mas... o que seriam aqueles corpos de pó? Ando para o lado de onde tinha vindo, quando vejo a floresta com coloração verde fico assustado, pois das sombras dela, surgiam dezenas e mais dezenas de guardas da Nova Ordem, fortemente armados até os dentes. Paraliso por um instante, fico imóvel sem reação.
- Está cercado bruxo, mãos ao alto! – Disseram.
Lentamente ergo as mãos na cabeça, não me restava nada além de obedece-los.
- Agora venha, ou iremos deixa-lo mais furado do que sua amiga!
Estava andando quando ouvi aquilo, foi como um soco na alma. Eles haviam matado Ariane ou Bianca, minhas mãos tremem... não consigo conter minhas lágrimas. Lentamente cada gota de água que escorria de meus olhos, percorriam meu rosto e caiam ao chão, podia ouvi-las cair. Fecho os olhos de raiva e tristeza, não podia fazer nada ali agora com os poderes totalmente bloqueados.
- Bruxo! – Eles me chamam.
Comecei a caminhar até eles. A cada passo dado era como um tiro em meu peito, aquilo doía tanto, doía... 
Chego a borda da zona morta, paro ali mesmo, me recuso a andar.
- Vamos tirar se não andar...
Me mantive parado com as mãos atrás da cabeça. Fecho meus olhos e ouço o som de armas engatilhando, uma a uma são disparadas. Prendo meus dentes em sinal de dor antecipada, mas tudo o que sinto foi pó em meu rosto.
- O que aconteceu? – Os guardas diziam e gritavam uns aos outros.
Atiraram novamente, abri os olhos e vi. Todo material que ali atravessava se tornava pó imediatamente, porque não acontecera nada comigo além do bloqueio dos poderes?
Os guardas atiram novamente, todas as balas viram pó negro e se dissipam no ar, olho para eles sorrindo, abaixo minhas mãos. Jogome ao chão rapidamente, apoiando meu corpo com a mão direita, estico minha perna para fora da zona morta e com uma rasteira ao chão, faço uma onda abaixo da terra jogando vários guardas para longe.
Corro para dentro da área cinza, guardas vem atrás de mim, ao terem seus corpos na área morta, pude ver com meus próprios olhos suas roupas de aço, peles, carnes e ossos serem dissolvidas a mero pó. Meus olhos pareceram brilhar de alegria. Mais guardas avançaram, achando que não teriam o mesmo fim, mas não tiveram sorte, logo me vi envolvido com pó de guardas mortos sobre mim. Aquilo era medonho e reconfortante.
Sento-me ao chão com as pernas cruzadas, apenas os observando na borda da área cinza. Suas expressões de medo e espanto colocaram em meu rosto um sorriso diabólico que me alegrou durante algum momento.
Cá estou eu, sentado a mais de uma hora, apenas esperando eles desistirem e irem embora. Meu estômago roncava, estava a mais de um dia sem comer algo e também sem beber uma mísera gota de água. Mas me manteria ali, até eles irem embora ou até meu corpo ir ao chão inconsciente. 

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora