Plano feito

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Hanyel

Tinha ido com Tom na sala do doutor Pedro, ele retirou as talas do meu braço, me deu alguns remédios para tomar ali mesmo e me liberou.
- Ficará bem, tome cuidado com essas pessoas elas estão tramando algo! – Doutor Pedro disse.
- Tudo bem... vamos nos cuidar! – Tom falou.
Saímos da sala, dona Jane estava à espreita do doutor na saída, como sempre, acenou para ele e trocaram sorrisos.
- Está melhor filho? – Ela pergunta.
- Bem melhor dona Jane. – Respondi.
Vejo Ariane ao lado de Elisabeth, talvez haviam dito que eu queria falar com ela, resolvi chama-la em um canto.
- Tom... eu tenho que falar com Ariane, depois nos falamos, pode ser?
- Tudo bem!
Ariane me olhava com a cabeça baixa, fiz sinal para ela vir até mim. Veio sem hesitar, Elisabeth ficou apenas espreitando de longe retirando os cabelos ruivos que o vento gelado sobrava em seu rosto.
- Precisamos conversar! – Digo a Ariane.
- Sim... o que houve?
- Eu e Adriana juntamente com Tom, descobrimos um jeito que poderá nos ajudar a fugir daqui. Será arriscado, mas devemos tentar.
Ótimo! Vamos pode falar!
- Uma bruxa Henaste foi capturada, o sangue dela serve como uma poção que dá um certo tempinho de “vida eterna” para a gente.
- Como assim?
- A poção ela nos protege de qualquer tipo de morte sabe, como se nós fossemos imortais por um determinado tempo e este determinado tempo é a hora que nós devemos destruir tudo e todos aqui e fugir.
- Entendi... devemos falar com todos os bruxos?
- Sim, Adriana está começando a retirar e a estocar um pouco do sangue da bruxa. Temos que reunir todos os bruxos daqui e dar um basta.
- Entendi, cara estou feliz por isso! Enfim temos um jeito de sair daqui. – Ariane me abraça. – O que houve? Que cara é essa?
Eu estava sério.
- Ari, eu... você deve saber o motivo.
- Vict...
- Isso... eu... eu sei que ele te faz bem e que vocês dois tem uma conexão muito forte, mais forte do que nós dois. – Abaixo a cabeça.
- Hany...
- Ele está tramando algo Ariane, ele está tramando algo! Será que ninguém percebe?
- Calma Hany, o pai dele pode ser aquele monstro, mas ele não é! Eu sinto isto. Eu sinto sua falta, você se distanciou de mim, está dando mais atenção para o Tom do que para mim!

Talvez seja porque você nos trocou pelo Victor novamente.
- Nós sempre dissemos que éramos irmãos... no momento estamos como dois estranhos.
- Tom tenta encher o vazio que aos poucos você está deixando em mim, ao confiar somente naquele... naquele... aai, que ódio!
- Victor não é quem você pensa!
- Eu precinto... tem algo podre nele, o fato dele ser filho de Giovanni era somente a ponta do iceberg, ele fede, fede a traição!
- Chega! Não vou ficar ouvindo você falar assim do Victor.
- Como você pode ser tão ingênua de se deixar a levar pelas palavras venenosas que saem da boca daquele garoto? Ele não gosta de mim e isso só mostra que minha desconfiança está certa!
- Não Hanyel! Victor não é um traidor! Ele não é! – Ariane ergue mais a voz.
- Ele é um traidor sim! Apenas você não enxerga! Só você! Você ficou cega depois que ele apareceu! Nossa amizade mudou! Estava tão bem sem ele.
- Ele é o amor da minha vida! – Ariane diz tremendo de raiva.
- Será que ele te considera você o amor da vida dele? Eu... eu sempre estive ao seu lado! Sempre! – Moo meus dedos nas mãos. – Esta pedra que dissolveu por seu corpo, fez doenças horríveis aparecer em você. Quando você sente dor eu estou ali com você! Quando você estava triste eu te amparo. O que é isso? Você prefere confiar em um filho da puta traidor do que em seu melhor amigo?
- CHEGA! – Ariane grita, produzindo uma enorme rajada vento que vinha em minha direção. – Eu não vou ficar ouvindo isso, você quer ter controle sobre mim!
Não quer ouvir justamente por ser a verdade, você não sabe ouvir a verdade! – Bato meu pé ao chão com força para me firmar, mas acabei fazendo rachaduras na calçada.
- Você... você... chega!!!
Os cabelos dela chicoteavam ao ar, uma lâmina de ar se forma ao seu redor.
- Você é fraca! Sempre foi! 
O chão estremece, guardas vem de todas as direções com as armas engatilhadas, esperando apenas um momento de ataque para atirar em nós.
O vento rugia forte, era difícil de se manter firma, mas estava aguentando, podia ver aos pés de Ariane que o chão tremulava.
- Retire o que disse de Victor agora!
- Nem morto! – Falo serrando os dentes.
Ariane pula em minha direção com aquela lâmina de ar pronta para cortar meu pescoço. Ergo pedras e minha frente, ela as corta ao meio. Bato o pé ao chão, um muro de terra cresce em minha frente, Ariane o levanta com o vento. Faço força e o jogo contra ela. 
Os guardas apenas olhavam, não estavam fazendo nada a não ser olhar, estavam apreciando o espetáculo que achavam que resultaria em morte.
Uma voz soa no vento, era a voz da maldita bruxa negra. Ariane levanta do chão, seus olhos estavam completamente negros.
- Não Ari... – Falo triste. – SOLTE ELA SUA MALDITA! – Grito.
Vou em direção a Ariane correndo, ergo rochas do chão e lança em direção a ele, que as devia com fortes lufadas de vento. Dou um pulo enquanto corro, caio com os dois pés juntos ao chão, redirecionando a energia, o chão começa a ondular, Ariane é abalada e as pedras engolem seu corpo deixando apenas sua cabeça de fora. Em seu rosto começaram a aparecer feridas que sangravam, a bruxa estava com quase total domínio sobre ela.
- Hanyel!! – Adriana grita vindo em minha direção.
Ariane gritava com a voz grossa sendo possuída pelo poder da bruxa. Um redemoinho de vento formava em sua volta, resolvo olhar para o prédio principal, Giovanni espreitava da janela junto a bruxa que parecia sorrir em transe.
- A bruxa. Adriana me ajude a soltar ela! – Falei.
Adriana chega junto com Elemi e a bruxa branca. 
- Desacorde ela! – Disse Elemi.
- Não posso fazer isto, não posso machucá-la. – Falo.
- Esta não é Ariane, sua amiga está presa ali dentro, liberte ela, vamos garoto liberte ela! – Dizia Adriana. – ANDA LOGO!!! – Adriana lança uma bola de energia negra em minha cabeça. 
Em minha mente veio minha mãe morta ao chão, seu sangue em minhas mãos, seu corpo ainda quente, o sangue tomava conta de mim, o sangue subia por meu corpo, o sangue engole meu corpo. Começo a ouvir os gritos de minha mãe pedindo por socorro, uma intensa luz, vejo minha morte novamente.
- NÃO!!! – Solto um grito de raiva e desespero.
Um som magnético vem da terra, pedras flutuam ao meu redor, o chão aos meus pés ondula como água, Ariane gritava em dor. Seus olhos negros estavam fazendo aquele tornado em sua volta.
- Chega! – Falei.

Bato minhas mãos uma na outra, um som de rocha se partindo vai em direção a Ariane. Duas rochas emergem do chão e batem bruscamente contra a cabeça de Ariane.
Ouço um grito, cães latem, a bruxa negra havia sido jogada ao chão do prédio principal. Aquele redemoinho de vento em volta de Ariane se desfaz, retiro ela debaixo da calçada de pedras, os guardas voltam as guaritas, pareciam não se importar com que tinha acontecido. Vou até Ariane, Adriana, Elemi e a bruxa branca também.
- Precisamos fazer um bloqueio mental agora, onde está aquele garoto? – Elemi pergunta.
Olho para o lado, Victor estava olhando, faço sinal para que venha, ele caminha até mim. Coloco minha mão no rosto de Ariane, a bruxa branca a faz acordar.
- Você está bem? – Pergunto.
- Hany... eu...
- Me perdoa... – Abraço ela.
De seus olhos escorrem lágrimas, molham meu ombro. Victor parado ao meu lado, observa nosso abraço, parecia não gostar do afeto que eu dava a Ariane.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora