Mágoas

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Victor


Muitas vezes me sentia como se estivesse na escuridão, preso em um espaço frio e profundo. Sinto um vazio absoluto. Sentimentos indescritíveis tomavam conta do meu ser. Ariane não confiava mais em mim, não podia força-la a confiar novamente. Em toda minha vida todas as pessoas que se aproximavam de mim saiam machucados de alguma forma. Com o tempo aprendi que o melhor a se fazer era ficar sozinho. Mas não conseguia ficar sem ela. Ela me completava. 
- Seus olhos...
- O que tem eles? - Pergunto.
Ela olhava no fundo dos meus olhos, ela sempre foi capaz de enxergar além da minha alma.
- Sei lá. Tem frieza eles.
Desviei meu olhar, e não disse nada enquanto me sentava em um pedaço de escada.
- Victor? O que há de errado com você?
- Nada Ari. Nada.
Me perguntei a mim mesmo se havia me tornado um garoto que Ariane sentia pena. Podia sentir pela nossa conexão um certo sentimento de pena vindo dela.
- Não sinta pena. - Falo Ariane se senta ao meu lado.
- Não tenho como negar. 
- Temos uma forte ligação. Posso sentir tudo o que você sente. Você me ama, mas ao mesmo tempo sente pena por eu ser filho de Giovanni.
Ela não diz nada. 
- Não escolhi ser filho dele. - Sinto meus olhos queimando de raiva. - Ele matou minha mãe, na minha frente quando era apenas uma criança. Eu amava muito. Era a única pessoa que tinha. - Lágrimas caem.
- Victor...
- Só me ouça Ari... - Falava não olhando para ela, olhava para o chão. - Com o passar dos anos, acho que ele se sentiu culpado pelo que me fez, mandou pessoas de sua confiança para cuidarem de mim. Comprava as melhores roupas e sapatos..., mas isso não fez que o amasse. Sempre o odiei. - Digo. - Então quando cresci, todas as pessoas que se aproximavam de mim, saiam feridas. Eu as machucava com palavras. Não queria me aproximar de ninguém. Foi aí que nasceu essa frieza que existe dentro de mim.
Olho para Ariane. Ela estava me olhando, sua expressão era de surpresa. 
- Então quer dizer que... 
- Assim como você não confio em ninguém.
Ariane se levanta. A seguro pelo pulso.
Seus olhos estavam negros.
- Desculpe-me não quis dizer que não confio em você. E sim nas pessoas a sua volta e na minha.
- Victor eu sei que você sabe que não confio mais em você. Mas você me deu motivos para isso.
- Eu sei.
A esse ponto já estava chorando. Tinha acabando de falar a ela coisas que nunca havia falado a ninguém. Notei que os outros nos olhavam de longe.
- Nunca amei ninguém como te amo Ari. 
Ela se afasta um pouco de mim e me olha com firmeza.
- Ele pode nós separar para sempre. O que sentimos um pelo outro não nos salvará das garras do seu pai.
Em pé agora frente a frente com ela, me perguntava se cometerá um erro. Tinha sido egoísta de minha parte ter se aproximado dela quando nos conhecemos.
Respiro fundo antes de falar.
- Perdoe-me. Se eu não tivesse ido estudar na mesma escola que você. Talvez nada disso teria acontecido.
Não esperava que Ariane fizesse o que fez ela acaricia meu rosto.
- Pare de se culpar tanto assim. - Ela me abraça.
Senti as batidas de seu coração em meu peito. A verdade era que só um de nós estava em perigo, ela estava em perigo por ser uma bruxa. Eu era o filho do Chefe ele não me mataria. Poderia até me torturar sem parar, mas com cuidado para não me matar.
A abraço forte.
- Nós vamos derrota-los. - Ariane fala confiante.
De fato, ela com Hanyel e Bianca poderiam derrotar, acabar com a Nova Ordem. Eles eram muito fortes juntos e mais ainda com os outros bruxos. Mas não seria tão fácil assim. 
Giovanni poderia mata-los antes mesmo deles imaginassem. Ela poderia ser morta a qualquer momento. As ondas de mortes já haviam começado. Poderia perde-la para sempre. Não suportaria ficar sem ela ao meu lado. Mas eu não era um bruxo como ela e seus amigos. Não morreria da mesma maneira. 
- Nós não temos o mesmo destino. - Ela fala ao sentir o que eu estava sentindo.
Não digo nada, não sei o que dizer. Nós não tínhamos o mesmo destino. Isso me deixava mais aterrorizado. Seu destino era cruel, o meu não. Quer merecia sem morto no lugar dela era eu. Eu havia me aproximado dela, me apaixonado, feito ela se apaixonar por mim. Tinha a machucado uma vez.
Ela não merecia tudo isso. Eu era o único culpado de tudo isso. Mesmo ela dizendo que eu não era. Sentia que a culpa era exclusivamente minha. Eles os acharam através do meu contato com ela. Meu pai sempre deve conhecimento dos meus passos. Ele sempre estava por perto. Sem mesmo eu notar sua presença.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora