Encontro

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Ariane


Me esforcei a ficar de olhos fechados durante a madrugada. Não queria que Victor soubesse que eu não estava conseguindo dormir. Ele tinha se levantado e andava em círculos. Aquele beijo foi um erro, mas ao mesmo tempo havia desejado beija-lo.
Ele chuta a grade de ferro.
- Nunca me perdoará. - Victor estava de costa virada para mim, sua cabeça encostada nas barras de ferro da sela.
Me sento tomando todo cuidado possível para não acordar Elisabeth que dormia profundamente ao meu lado. Olho para os irmãos também continuavam dormindo.
- Você vai acorda-los Victor. - Falo.
Ele se vira para poder me olhar, percebo que seus olhos estão com lágrimas e inchados.
- Desculpe-me se a acordei.- Se vira novamente de costa. Seus olhos fixos na escuridão.
- Não me acordou. Já estava acordada. 
Ficamos calados por um momento.
- Bianca e Hanyel não estavam com você quando a pegaram? - Pergunta Victor quebrando o gelo entre nós.
- Não, formos separados por uma tempestade. - Parecia que se passara uma vida inteira desde a última vez em que os vira, mas só passara alguns dias. A ausência da voz dos meus amigos e do carinho doía muito. Esperava que todos estivessem vivos e conseguido escapar das mãos desses monstros. Mas aquela mochila de Bianca com sangue não deixava minha mente em paz. - Cada um foi arrastado para um lado. Acredito. - Falo tentando não olhar para ele enquanto falava.
- Sinto muito. - Fala.
- Não sinta. - Devolvo.
Ele suspira. Suas mãos se apertavam nas barras com raiva.
- Desculpe se fui grossa. - Digo sentindo que fui grossa com ele peço desculpas, com medo que ele venha a se machucar.
Ele não diz nada apenas se vira e me encara, aqueles olhos azuis me chamavam. Lembro-me dos momentos bons que passamos juntos, quando minha família desapareceu ele não saiu do meu lado. Me sentia segura nos seus braços. Me levantei do chão e fui até o outro canto da sela a alguns centímetros de Victor. Ele se aproxima.
- Eu não traí vocês. Nunca trairia. Nunca. - Fala.
Victor me olha com uma expressão triste no rosto, como se estivesse perdido algo precioso demais. Ele estava tão perto de mim, que sentia as batidas de seu coração. Seu olhar era encantador. Baixo minhas pálpebras e aperto meus lábios contra os dele.
O toque dos seus lábios era suave e leve, era tudo o que nos conectava. Seus braços envolveram minha cintura, me puxando para mais perto. Victor me pressionou na parede até que não conseguisse mais me mexer. Entrelaçou meu cabelo nos dedos, me beijava com intensidade. Uma sensação magnífica jorrava de seu coração.
Ele se afasta e me encara.
- Me perdoe...
- Não. Fui eu quem te beijou primeiro. - Falo. - Eu não consigo te evitar. Eu te amo Victor.
- Isso é um sonho. Você falando que me ama, só pode ser um sonho.
- Não é um sonho. É realidade.
Me aproximo dele e o beijo levemente na boca.
- Você sempre soube disso. - Falo sorrindo.
- Sim, mas nunca imaginei que ouviria você dizer isso. - Ele ri.
Seus olhos brilhavam. Sua expressão não era mais de tristeza e sim de felicidade.
Me sento, ele faz o mesmo. Ambos, lado a lado. Encosto minha cabeça no ombro dele, ele me abraça.
- Está com sono?
- Um pouco. Vou tentar dormir. - Respondo. 
Estava com sono, podia sentir que precisa dormir, ao amanhecer não seria nada agradável. 
...
Formos acordados por guardas gritando.
- Acordem seus Malditos. - Grita um homem gordo.
Elisabeth pisca várias vezes até seus olhos se ajustarem a claridade. Tom e Blanca tomam um susto. Victor se levanta.
- O que querem? - Pergunta.
- Chefinho desagradável. - Ri. - o Sr. Giovanni tem um presentinho para a bruxinha ali. - Aponta para mim.
Todos me olham. 
- Vamos leva-los para um lugar maravilhoso. - Diz rindo ainda mais.
- Babaca. - Digo.
Ele me olha furioso. 
- Vamos ver se gostará do que vera sua ... sua... 
Tom começa a rir, e fala.
- Engasgou... tadinho.
- Vão para o....
- Inferno? Já estamos, querido. - Falo me levantando.
- Guardas peguem eles e os levem para o barracão agora!! - Grita irritado.
Soldados entram na sela, um louro com dentes podres pega Elisabeth com um puxão e a arrasta.
- Seu filho de uma puta.
Tom é arrastado por um cara grandão musculoso. Blanca pelo mesmo. Victor por um moreno medindo cerca de 2 metros de altura musculoso. Um cara de cabelo curto, entroncado com roupas militares me pega estava parado ao lado da cena, seus olhos estavam lacrimejando.
- Gregório!! - Tom fala com surpresa na voz. - O que...
- Fui recrutado para ser um dos guardas.
Olhando para ele senti que ele não era um traidor, ele nos ajudaria.
Um guarda ruivo me puxa com violência.
- Levem eles daqui já!!!
Somos arrastados por corredores até chegar em uma ala do tal barracão. Uma placa dizia "Bloco A. Risco 8 de 10". Somos todos deixados ali.
- Bem-vindos Bruxos nojentos. - Um guarda que estava ali parado diz.
Noto a presença de alguém, era Hanyel. Estava com uma aparência horrível. Seu nariz estava com sangue seco, sua garganta tinha marcas. Seus pés acorrentados.
- Hanyel!! - Corro até ele. Seus olhos se abrem com tal dificuldade.
- Ari, você... você está viva. - Uma lágrima caí.
- Sim. Não faça esforço.
- Que bonitinho!! - O guarda de dentes podres fala rindo.
Eles nos deixam ali e somem de vista.  Elisabeth, Tom e Blanca se aproximam de Hanyel. Exceto Victor.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora