Que se inicie

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Hanyel

O céu estava escuro, ainda trovejava, a bruxa negra havia deixado sua magia no ar. Parados em frente a dezenas de guardas pasmos, nós ficamos imóveis, não havia nenhum outro bruxo ali presente.
Guardas começam a carregar suas armas, minhas mãos tremem por um instante.
- Ari... – Seguro as mãos de Ariane.
Ela me olha com os olhos cheios de lágrimas, ainda segurava firme o pingente de Victor nas suas mãos.
- Eu estive errado por um momento... Victor não era tudo aquilo que eu pensava. Ele te salvou... ele sacrificou a própria vida para...
- Hany...
- Não... eu quero que você saiba que...
Ariane me interrompe, me abraça fortemente. Nós dois estávamos machucados, de algum modo, a bruxa me afetara meu corpo tanto quanto o corpo de Ariane.
Vejo vultos negros sobrevoando acima das nuvens carregadas. O som de motores toma conta de todo campo. Helicópteros de guerra, tanques e canhões enormes apareceram sob a planície.
- Eles chegaram! – Adriana falou. – E nosso plano... falhou...
- Não... ainda temos mais uma chance, devemos lutar, lutar por nossa única vida neste mundo, vamos vingar a morte dos nossos antepassados... vamos vingar a morte dos nossos irmãos de magia! – Falo moendo os dedos nas mãos.
- Agora é o sangue deles que escorrerá pela calçada! – Disse Ariane.
Ainda segurava forte a mão de Ariane e de Adriana, aquilo estava me trazendo conforto. Não sabia se meus outros amigos estavam bem... se Anastácia conseguiu curar todos... se.... estavam vivos...
Ariane me olha.
- Obrigado por me ajudar a matá-la...
- Você sabe que eu ajudaria você matar qualquer um só para te ver sorrir...
Os olhos de Ariane se enchem de lágrimas, eu falava aquela frase para ela sempre quando ela estava triste no colégio, dizia a ela, que mataria qualquer um, apenas para vê-la sorrir. Mas agora não era hora de chorar, muito menos de reviver o passado. A morte estava na nossa cara... e a morte tem milhares de toneladas de aço para nos enfrentar.
As luzes nas guaritas nos muros e em todo campo se acendem, nos postes e em todos os prédios as sirenes começaram a tocar, o som delas ecoava pelo campo de inquisição. Aquilo era o sinal de que a nossa última batalha havia realmente começado.
Os grandes portões de ferro se abrem lentamente, o som da marcha dos homens com trajes de ferro negro, brandia no chão. Milhares de homens marchavam em nossa direção. Adriana solta minha mão.
- Venere cemíteros andalen vagaris, endulien merror, venere cemíteros andalen vagaris... – Disse Adriana olhando para os guardas que apontavam suas armas para nós desde a morte da bruxa negra.
Uma névoa negra emergiu das pedras das calçadas, os guardas com medo ficaram paralisados. Seus olhos esbugalhados realçavam seu medo.
- VENERE CEMÍTEROS ANDALEN VAGARIS ME OBDECION!! – Gritou Adriana.
Mãos negras e deformadas surgiram atrás de cada guarda, os puxando para dentro da névoa, os gritos dos mortos tomaram o ambiente junto com os passos dos homens de armadura de ferro. Sugados para debaixo da terra os guardas foram, em gritos e berros, deixaram suas vidas miseráveis e se uniram aos mortos que vagam pela eternidade neste mundo.
As sirenes tocavam, solto a mão de Ariane, nós nos viramos em frente aos batalhões que se aproximavam. Ao lado do barracão onde nós ficávamos presos, uma silhueta surge em meio a neblina.
- Cheguei! – Disse aquela pessoa, que nas palmas das mãos surgiram bolas de fogo brilhantes como o sol.
- Bianca! – Falamos juntos.
Ao lado dela, Blanca aparece de mãos dadas com Tom, Elisabeth, dona Jane, Elemi, Anastácia, Marianna e Gregório segurando uma arma.
- Ignio disse que Gregório nos ajudaria. – Falo.
Meu corpo tremia, a emoção e o medo tomava conta do meu ser, meus olhos brilharam ao ver meus amigos bem e prontos para lutar. Como se não fosse o suficiente, entre todas as ruas e calçadas do campo, começaram a surgir pessoas... homens e mulheres... bruxos, prontos para a guerra que iria determinar o futuro da nossa raça.
O batalhão de soldados para, helicópteros sobrevoam a nossa volta. As sirenes ainda tocavam, o vento gelado dava aquele arrepio que corria por todo corpo. 
Descemos para junto aos outros. Agora éramos um só, nossos objetivos eram os mesmos, nossa causa era a mesma... aquela era a nossa guerra. Em meio ao som das sirenes, nós nos alinhamos, esvaziamos nossa mente, concentramos nossa energia, e em uma única só voz gritamos...
- NUNCA RENUNCIAREMOS A MAGIA!!!
- ATIREM! – Gritaram os generais.
Balas vieram em nossa direção. Blocos de pedra eu erguia, rajadas de fogo as balas derretiam. Nós atacamos, os soldados partiram para o combate. Bolas de fogo tomaram o céu quando Bianca e as Sflavirc atacaram, atingindo os guardas que gritavam ao serem queimados vivos dentro dos trajes de ferro. Dos barracões do meio, surgiu uma horda de homens e mulheres descabeladas, com sorriso doentio, eram os Alto Vallirianos, que pela primeira vez durante anos, sentiam o sabor do vento e lutavam em uma guerra. Com as mãos na cabeça eles concentraram seus ataques psíquicos, fazendo com que dezenas de soldados tivesses suas cabeças estraçalhadas ao ar.

A inquisição de B.A.H.V.Onde histórias criam vida. Descubra agora