Capítulo Dois

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De volta a sua casa, alguns dias depois Alissa se sentia cansada, mas feliz por ter saído do hospital, e acreditava que o hospital agradecia, afinal lidar com Carlos, Javier, Vitor, Kane e César não deveria ter sido fácil para a equipe médica. Não que suas irmas tivessem facilitado, elas foram ainda piores, quem diria que Rissa tivesse um soco tão forte. Alissa riu ao lembrar da cunhada socando o segurança que tentou impedi-la de entrar na sala de reuniões do hospital. Ele tinha quase o dobro do tamanho dela, mas havia ido ao chão, claro que depois disso, bastava ela olhar que todos abriam passagem para a pequena Grávida assassina.

Conversar com sua família não havia sido fácil, todos tinham ido da raiva a angústia em segundos. Uma verdadeira montanha-russa de sentimentos. Carlos se culpava, Javier estava em negação, pois, não havia nada que seu irmão gênio pudesse fazer para mudar o que estava acontecendo...

Um bom ponto havia resultado, uma amizade havia nascido entre ela e Eduardo. Seu médico bonitão.

Ela havia começado a ir nas consultas e estavam decidindo por onde começar o tratamento dela. Ele era divertido, inteligente e sexy, e ela podia estar doente, mas não cega.

Ela tomou um banho, e foi até a cozinha ver algo para almoçar, sentia pouca fome, mas já havia perdido bastante peso, e para quem já não tinha, perder mais era um perigo. Optou por uma salada verde com abacaxi, e frango grelhado. Estava separando os ingredientes quando o interfone tocou. Era sábado e não estava esperando ninguém.

Apertando o interfone ela aguardou.

- Alissa.

Eduardo. Ela sentiu um arrepio de prazer envolver seu corpo e apertou o botão que abria os portões. Indo rapidamente em direção a porta, abrindo a mesma bem na hora que ele estacionava o Porshe e descia.

- Oi! Eduardo. O que o traz em pleno sábado aqui? Esqueci algo?

Dando um sorriso brilhante, ele balançou duas sacolas de uma delicatesse famosa, dizendo:

- Me trouxe para almoçar.

Ela riu e ambos entraram...

Eduardo se tornou uma presença constante na vida de Alissa, não apenas como seu médico, mas também como uma companhia íntima. Eles conversavam sobre tudo, sobre a carreira dos dois, os planos, e anseios.

Ele almejava uma carreira na diretoria do Conselho médico do hospital e até mesmo havia comentado sobre isso, sobre o tio dela, pai de Kane, possuir uma cadeira no mesmo Conselho. Ela havia estranhado, pois, foi logo depois da primeira noite deles juntos, como um casal, aliás, segundos depois e com ele ainda dentro dela.

***

Semanas depois, depois alguns altos e baixos em casa e no trabalho, afinal ela teimava em não diminuir sua carga horária, inclusive ela havia tido uma conversa difícil com o pai naquele, ao informar que havia optado por métodos não tão invasivos, Carlos não havia aceitado bem, mas não era nada que ele pudesse mudar ou fazer por ela. Seu amado pai precisava aceitar que a vida seguia seu próprio curso independente da vontade dele. Ele não podia mudar seu destino ou suas decisões e foi no caminho de casa, após essa conversa com o pai que ela atendeu no carro, Eduardo ligou para ela, ele tinha estado viajando pelas últimas semanas, tanto que ela havia sido passada temporariamente para outro médico.

Alissa estranhou a frieza dele, mas ficou feliz com sua volta, sentia terrivelmente a falta dele. Aliás, iria dizer que o amava aquela noite. Chega de ter medo. Era óbvio o amor dele por ela.

Decidida ela tomou um longo banho e se perfumou, já havia deixado o jantar preparando na cozinha e quando seu amante chegasse poderiam desfrutar juntos de ótimos momentos.

Precisamente as 20 horas o interfone tocou. Era Eduardo.

Ela se olhou no espelho e arrumou o cabelo. Aquele não havia sido um bom dia para seus cabelos.

Ela se apressou em abrir a porta. Ele estava parado a ela. E não retribuiu seu sorriso.

- Alissa. - foi tudo e entrou.

- Oi! Eduardo.

Eles seguiram para a sala e diferente das outras vezes em que ele sentava e a puxava para seu colo. Dessa vez ele sentou na poltrona oposta ao sofá.

- Me diga logo o que foi. - Ela pediu ansiosa.

Desviando o olhar, Eduardo se levantou e começou a caminhar pela sala. E falou:

- Alissa, eu gosto muito de você. Te acho divertida. Linda. E muito mais, mas um homem como eu, em ascensão, precisa de uma família, uma mulher que seja capaz de estar a altura. E ambos sabemos que você não pode ser essa mulher. Então vim dizer a você que é melhor pararmos de nos ver e que estarei encaminhando seu caso para outro médico.

Ela se levantou e andou até a porta. A abriu e disse:

- Vá. Apenas saia.

Ele pegou seu casaco e passou por ela. Se virando ao dizer:

- Eu queria que fosse diferente. Que você fosse diferente.

E saiu.

Alissa fechou a porta. Olhou para a mesa posta para dois e jogou seu conteúdo no chão. E fez a única coisa que havia jurado nunca mais fazer. Chorou.

Chorou como não fazia por anos até que decidiu ligar para ele e ao não ser atendida, decidiu olhar seu Facebook, e qual não foi a sua surpresa ao ver inúmeras fotos dele com uma loira, em várias situações Românticas. E em uma das pastagens o anúncio do noivado oficial dele com Deborah Simonete. Simonete, Douglas Simonete, presidente do Conselho de medicina. Eduardo estava noivo de uma de suas filhas.

Só então a ficha caiu, ele havia se envolvido com ela apenas visando apoio de sua família. O safado. Isso a fez chorar ainda mais.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora