Capítulo Vinte e Nove - Voltando a Vida

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Bom dia meninas, hoje eu creio que chegamos ao "fim" mas será realmente o final? Quando comecei a escrever Meu Tormento, jamais imaginei que chegaríamos tão longe. E eu sou grata a cada uma de vocês, quem veio e se foi, quem veio e ficou, e quem ainda não chegou. Amor e gratidão a cada pessoa sempre.

Alissa…

A primeira coisa que Alissa notou era que estava claro, seus olhos não conseguiram se manter abertos, não com aquela luz brilhante quase cegando-os. A próxima coisa que se deu conta era que estava viva. E aquilo era maravilhoso, de uma forma que ela não poderia jamais explicar.

Virando a cabeça, ela se viu em um quarto que não era o seu no hospital, aparelhos conectados a si.

— É muito bom ver você acordada mocinha — Uma voz se fez ouvir.

Ela olhou na direção da porta e viu uma das enfermeiras que eram de sua ala.

— É bom estar acordada Betta, muito mesmo. Mas me fale, quanto tempo estive dormindo? Não foram semanas né?

Betta sorriu ao dizer:

— Não, dessa vez foram pouco mais de 24 horas apenas. E devo dizer que lá fora estão todos ansiosos por ver você, mas você sabe que agora virá a parte mais difícil não é, pois, agora o seu organismo estará muito frágil.

Alissa assentiu. Já sabia daquilo, mas estava tão feliz por tudo que não iria se importar com mais nada naquele momento. Ela estava viva e com sorte continuaria assim.

— E minha mãe? Como ela está?

— Ansiosa para ver você.

O médico logo chegou e após examiná-la, e lhe explicar algumas coisas, lhe informou que ainda passaria mais algum tempo naquele quarto. E só então poderia voltar para o seu antigo. Mas que as visitas, desde que rápidas e devidamente protegidas, seriam liberadas no final daquele dia.

Ela só poderia esperar.

E a espera valeu a pena com toda certeza, um a um, toda a sua família pode entrar. Primeiro Nina, que não conseguiu evitar as lágrimas, e lhe fez prometer que iriam à casa de praia logo que possível. Depois Cara, que já entrou chorando e a ameaçou de morte caso fizesse algo parecido novamente. Céus ela amava as irmãs mais-que-tudo. Elas eram seu complemento perfeito. Os cunhados também entraram e ela pôde ver que algo no olhar de César havia mudado. Se para o bem, só saberia mais tarde. Mas haviam mudanças ali. Vitor por sua vez lhe ameaçou com uma maratona de Lost, o que a fez gargalhar e ele dizer:

— Eu não saberia ficar sem esse som. Eu te amo pirralha.

Ela apenas sorriu.

Rissa não pode entrar, pois havia adquirido um resfriado, mas lhe mandou vários beijos. Que ela faria questão de ganhar ao vivo depois. Amava a irmã.

Roberta também entrou, e ela pode ver mais uma vez porque a morena havia conquistado seu pai.

E assim um a um foram entrando, a mãe não pode, pois havia passado mal, o que a deixou imensamente preocupada, mas antes que pudesse pensar em algo, a porta abriu e Javier entrou.

De máscara, vestido com as roupas do hospital, e o olhar aflito.

— Oi Jav, parece que não foi dessa vez que você se livrou de mim.

O irmão nada disse, apenas a abraçou forte, e ela sentiu as lágrimas silenciosas dele em seu pescoço, enquanto o abraçava forte e sentia seu corpo tremer.

Eles ficaram um bom tempo assim, em silêncio, até que antes de sair, já que as visitas eram rápidas, ele se levantou e disse:

— Eu teria ido atrás de você. E te trazido pelos cabelos.

E saiu.

Algum tempo se passou até que a porta foi aberta mais uma vez e lá estava ele. Kyle.

— Oi! amor, como você está?

Kyle sorriu dizendo:

— Eu deveria estar dizendo isso e não você.

Ela deu uma risadinha.

— E quem disse que seguimos padrões?

Ele assentiu.

— Alissa, decididamente você é a ponta do meu fio vermelho, e a mulher que faz com que eu queira tudo. Tudo o que não quis antes.

Ela sorriu tímida.

— Você leu minha carta então…

Ele riu.

— Eu li, e também li God Killer, e devo admitir que é uma história muito boa mesmo, gostei do Deus da morte, ele me lembra alguém pela manhã. E também olhei outras histórias na tal plataforma. Penso que temos uma tradição amor, ler juntos.

— Tenho muitas indicações para você então quero todas as tradições possíveis com você Kyle, por toda uma vida.

Ele então se levantou e lhe deu um beijo na testa por sobre a máscara.

— É só você não voar borboleta.

Ela se sentia cansada, mas tão feliz, tão agradecida por estar ali com eles, que não conseguia explicar em palavras. Segundas chances realmente aconteciam. E por mais que soubesse que havia uma longa caminhada adiante, ela sabia que não estava sozinha, aliás, nunca estivera, só havia sido tola o bastante para achar isso. Sua família era incrível, e ela os amava.

O médico havia lhe explicado passo a passo como seria o tratamento, a recuperação e ela tinha fé que venceria afinal.

— Pequena?

Ela pensava que tudo estava bem, que era forte, até ouvir a voz do pai. Olhando para o homem que tinha seu coração, Alissa não aguentou e explodiu em lágrimas. Lágrimas de medo, alegria, saudade e esperança.

Carlo se aproximou rapidamente e a abraçou, sentir o cheiro da filha trouxe paz ao seu coração que havia passado por tanto medo nos últimos tempos. Ele a acalentou e cantou tal qual fazia quando estavam juntos. Alissa sorriu e tentou acompanhá-lo. Eles ficaram em silêncio, apenas calados. Alissa não poderia estar mais feliz.

Os dias seguintes foram mais calmos, ela estava a cada dia melhor, no terceiro dia já pode voltar para sei quarto e passou a receber visitas mais demoradas. Devagar tudo ia se ajeitando. Ia voltando a ser como antes e mesmo assim, jamais iria ser novamente.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora