Capítulo Nove - Dúvidas

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Kyle estacionou o carro e desceu para abrir a porta para Alissa descer, a noite estava ligeiramente mais fria e ele estava preocupado com ela.

— Você está bem?

Ela apenas deu um sorriso cansado e desceu, sendo ajudada por ele.

— Obrigada Kyle, foi um dia incrível…

Ela se virou para ir embora, mas não foi muito longe, Kyle logo a alcançou e a fez virar-se para ele:

— O que há? Você ficou seria de repente.

Alissa não disse nada, apenas se ergueu na ponta dos pés e o beijou. Kyle a abraçou apertado e mesmo após o beijo, ficaram ali, parados, ambos sentindo as batidas do coração um do outro.

— Você janta comigo amanhã? — Ele perguntou baixinho:

Ela assentiu e se desvencilhando dele, dando um passo para trás.


— Você tem certeza? Afinal sua família chega e vocês podem querer passar algum tempo juntos.

— Alissa, eu preferiria um milhão de vezes que fôssemos apenas nós, mas quem sabe na sua frente eu não acabe batendo no meu irmão por ser um babaca, pomposo e completo idiota. Então seja uma boa namorada e me impeça de acabar sendo preso no final da noite.

Alissa não ouviu mais nada, a atenção presa na palavra 'namorada'

— Namorada? Pensei que fôssemos amigos…

Ele olhou bem sério para ela ao dizer:

— Eu não beijo minhas amigas e não as levo para conhecer meu lugar favorito. Aliás, se eu fosse mais sincero admitiria que não tenho amigas assim. Então eu não sei que nome você quer dar, mas decididamente não somos apenas amigos. Não comigo, querendo te beijar o tempo todo, bater no peito e imitar o tarzan.

Alissa riu na menção de tarzan, mas logo ficou séria.

— Eu gosto de saber que você não é de beijar por aí e que eu não vou ficar cruzando com o seu fã clube pelos arredores. Mas meu último namorado foi um babaca completo, e eu não quero me magoar de novo, ainda mais em um momento tão difícil como este.

Kyle a abraçou de novo e afastou o cabelo que caía no rosto dela antes de dizer:

— Sem fã clube, sem beijos que não sejam em você e quanto ao seu ex namorado, ele é um moleque, um babaca, aliás, você tem certeza que não é o meu irmão?

Ela riu da seriedade dele antes de dizer:

— Deuses não, vocês são muito diferentes…

Kyle sorriu. 

— Sorte a dele então azar para o meu advogado, que não vai ter que me tirar da cadeia por cometer um homicídio. E quanto a não ser um momento fácil, Alissa, nada que vale realmente a pena na nossa vida, vem de maneira fácil, sim sei que este dito já é batido, mas você precisa saber que ao lidar comigo, ao escolher estar comigo, vai estar com um homem, no amplo sentido da palavra, eu não fujo quando algo fica complicado, eu não abandono quem eu gosto e sou o que você vê, sem jogos, sem máscaras. Sei que você está em um momento difícil, frágil e a escolha é sua. Se me deixar ficar, vai ser para ficar.

Ela o olhou e fez que sim.

— Entendo Kyle, me dê algum tempo, eu não quero acabar te magoando e me magoando no processo. Nosso dia foi lindo, eu me diverti como há muito não fazia.

Ele lhe deu um último beijo e esperou que ela abrisse a porta. Assim que ela entrou ele se virou para voltar ao carro e deu de cara com os homens da casa. Javier, Vitor, Carlo, Kane e César estavam parados a frente do carro. As mais diferentes expressões no rosto.

— Boa noite. 

— Você está sorrindo como o gato que bebeu todo o leite da casa.

Kyle parou de sorrir e encarou Kane.

— Sim, tive um ótimo dia na companhia de Alissa, ela riu, brincou, se alimentou e isso torna o dia que tivemos muito especial. Então independente da vontade de vocês, pretendo passar muito tempo ao redor dela. E quanto ao leite, prefiro café.

Javier se adiantou e disse a ele.

— Eu gosto muito de você Kyle, mas Alissa está em um momento ruim, isso somado ao que o Eduardo fez…

Kyle o calou com um gesto.

— Sei que ela está em um momento difícil e não estou aqui para dificultar nada, mas ela é adulta e se me quiser por perto, seja como for, ficarei… Agradeço a vossa preocupação mas não sou um imbecil.

Dito isso ele se despediu e entrou no carro. O nome dito por Javier ecoando na sua cabeça… Eduardo… Seria possível? Não, nem mesmo ele seria tão baixo, tão imbecil, não com uma mulher como Alissa. Que os céus o protegessem, pois, se por um acaso o Eduardo responsável por minar sua confiança fosse seu irmão, ele ficaria órfão de irmão. E de família.

Alissa entrou na casa e pela janela viu que Kyle estava passando pelo que ela e as irmãs chamavam de 'intervenção testosterona'

— Eles apenas se preocupam com você. — Cara disse chegando ao seu lado, logo atrás, Nina e as outras a olhavam sorrindo.

— Sei e agradeço. E sim, tive um ótimo dia. Agora gostaria de subir e descansar.

Depois de tomar um banho e se trocar, ela deitou e ficou pensando na conversa que eles haviam tido. Tudo ao seu redor estava no modo suspenso, mas ela sentia algo por ele porque não explorar isso. Se desse errado, pelo menos as chances dela sofrer muito tempo, eram poucas, visto que sua expectativa de vida estava baixa.

Pegando o celular, discou o número dele, que atendeu ao terceiro toque.

— Alissa, aconteceu algo?

Sempre preocupado, ela pensou sorrindo.

— Sim aconteceu. Eu não quero você beijando outras garotas, então melhor ser sua namorada. Tenha uma boa noite Kyle.

E desligou.

Sentado na cadeira próxima a janela Kyle sorriu e colocou o celular próximo a cama.

A conversa que havia tido com a irmã pouco antes ainda o preocupando. Eduardo…

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora