Capítulo Treze - Confissões

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Virando Alissa de frente, ele respirou fundo e disse:

— Precisamos conversar.

Ela parou de sorrir e o acompanhou até a cama.

— O que há Kyle?

Ele se acomodou em frente a ela e fez um sinal para que fizesse o mesmo.

— Peço que você me escute até o fim, sem julgamento ou algo assim, há algumas semanas, fui ao hospital em que Eduardo trabalha falar com ele, e por coincidência encontrei Vitor na entrada, eu chegava, ele partia. Conversamos por algum tempo, e ele me contou apenas que alguém da família de sua duende estava doente ali.

Alissa sentiu um arrepio, e sentiu que algo ruim viria a seguir.

— Algum tempo depois, antes de vocês chegarem, ele me pediu um favor, com base não no meu conhecimento médico, mas com base em pesquisas médicas, de outros. Ele me pediu que eu auxiliasse a cunhada dele durante a estadia dela aqui, não como médico, mas como uma pessoa de fora, que lida com os benefícios dos animais em tratamentos médicos. Eu não fazia ideia de quem era, sabia apenas que segundo Vitor, você havia passado por péssimos momentos e estava doente.

Ao ouvir, ela se afastou dele, não muito, mas o bastante.

— Vitor pediu que você fosse minha babá?

— Não, ele me pediu que eu planejasse atividades que fossem beneficiar você. E foi com esse pensamento que fui até lá naquele primeiro dia. E todos os meus planos ruíram, quando eu vi você, linda, inteligente, sarcástica e perdida. O homem em mim, não pensou em ajuda, sequer lembrei do som da voz do Vitor, eu só consegui pensar em você.

Alissa sentia o peito apertado, uma grande dor. Ele não era real, nada havia sido?

— Me levar para nadar foi parte do tratamento? Sou o seu novo projeto?

— Não era tratamento, não houve nada disso, o que houve fui eu, desejando estar perto de você ruiva, desse nariz petulante que você tem, desse sorriso aberto. O que houve fui eu sendo egoísta. Moon foi dado a você não porque ele faria bem, aliás, como faz a você, mas, porque ele tem o seu espírito e a prova disso foi ele a defender de mim inclusive.

Alissa reconheceu a verdade nele, ao ouvir sobre Moon, o cãozinho era especial. Kyle, no entanto…

— É uma vergonha admitir que eu me apaixonei? Que quis e ainda quero matar meu irmão por ele ter feito o que fez, pior, por ele saber como você é nua? Em algum momento eu insisti? Digo, forcei ou algo assim, que você se cuide? Que assuma um tratamento?

Ela deu um pequeno sorriso.

— Eu te trouxe aqui ontem, porque de todas as pessoas, você é a única com a qual eu quis dividir coisas, lugares, momentos que são importantes de verdade, na minha vida. Porque eu quis mostrar a mulher maravilhosa que você é, e sim, fiquei em festa quando você disse que vai se tratar, mas não pelo motivo que você deve pensar, fiquei satisfeito mesmo, mas não como médico, ou amigo da sua família, fiquei feliz por mim, porque quero mais tempo com você, todo o tempo, para que possamos nos conhecer, e viver tudo o que sei que é possível. Eu um cara introvertido, rude até, admito que você se tornou tão importante para mim, quanto esse rancho, e entenda que é um elogio, esse lugar sempre foi o meu lar, a única coisa que realmente amei a vida inteira. Até você surgir e começar a ser especial também, caramba! que confusão.

Alissa não aguentou a tristeza na voz dele e se jogou nos braços dele.

– Eu não vou dizer que estou feliz por saber que vocês conversaram sobre mim, que fizeram planos as minhas custas, mas eu não posso te culpar por querer ajudar. Mas Vitor vai pagar, ele precisa parar de ser intrometido.

Ele a abraçou e sentiu como se um peso houvesse sido tirado de seus ombros.

– Você me desculpa? Por tudo isso?

– Eu consigo entender, e você nunca foi insistente sobre me tratar.

— Você mudou de ideia quanto a isso?

Ela olhou afiada antes de dizer:

– Preciso garantir que você não fique sem mim e nem sem o rancho, já que ambos somos a sua vida.

Ele beijou o ombro dela, e riu:

– Presunçosa.

Ela gargalhou e as últimas sombras foram embora.

— Realista. Eu sei que você me ama.

Num tom sério, sem riso algum, ele a segurou pelo rosto e disse:

– Mais do que seria comum.

Ela sorriu de volta.

– Que bom, detesto coisas comuns.

Ele a beijou, até que o estômago dela roncou alto.

Se levantando, ele a puxou dizendo:

– Venha, vamos alimentar você.

E foi o que fizeram: Ovos, Bacon, pão e café. Sozinhos, já que Crystal havia deixado um bilhete avisando que tinha ido a cidade, e Moon dormia após comer de novo.

E mesmo depois que ela passou mal, eles ainda ficaram ali, imersos em seus próprios pensamentos.

Olhando Kyle se exercitar, ela pensava em toda a conversa deles. E chegou a conclusão que escolheria suas batalhas e que brigar com alguém que só fazia bem, não era uma batalha a ser escolhida. Mesmo que lá no fundo, uma parte insistisse que era pena o que ele sentia. Lidaria com uma coisa por vez, o próximo passo seria fazer taxidermia com seu cunhado.

'Bom dia meninas, acho que chega um momento em que passamos a escolher pelo que brigar ou com quem brigar, Alissa chegou nesse momento da vida dela, né, e decidiu que não valia a pena ficar zangada com o Kyle, agora com a intromissão do Vitor é outra coisa rsrsrs'

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora