Dezenove - Partir

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Alissa estranhou quando todos precisaram voltar a cidade cinco dias antes, a desculpa foi bastante vaga, mas ela deixaria passar por hora. Naquele momento precisava se recuperar e voltar para casa o mais rapidamente possível. Pensar no rancho como sua cada era algo comum naqueles dias. Assim como pensar nela e em Kyle como um casal.

O homem poderia ter qualquer mulher, além de muito bonito, era gentil, carinhoso, um verdadeiro companheiro. E ela era grata por todo o tempo que pudessem passar juntos.

Seu coração desejava que fosse muito tempo, mas sua cabeça insistia que o tempo seria breve. Ainda mais com a piora em seu quadro naquela manhã,  e à pneumonia em seus pulmões. E os fluidos.

Absorta em pensamentos, ela se assustou com a porta sendo aberta e mais ainda com a pessoa parada a porta.

A mãe de Kyle.

Marie em pessoa.

— Em que posso ajudar? Creio que Kyle vá demorar.

A mulher entrou sem dizer uma palavra. Parou a beira da cama dela e a olhou por um longo momento. Um olhar frio e curioso.

— Então você é a mulher que conquistou meu filho.

Alissa sorriu na menção de Kyle.

— Kyle é um homem incrível.

A mulher riu sem humor.

— Estou falando de Eduardo. Pouco me importa o outro.

Alissa parou e ficou olhando para ela, um arrepio no modo frio como ela havia falado do filho.

— A mim pouco importa Eduardo. Ele é um mentiroso de primeira linha. Quanto a Kyle, ele sim é íntegro, confiável, digno.

Marie riu das Palavras dela.

— Vejo que você o ama. O que eu lamento profundamente, ficaria melhor com meu Eduardo. Isso se você sobreviver lógico.

Marie se virou e começou a sair do quarto. Sendo parada pelas palavras de Alissa:

— Lamento que você não possa ver o quão incrível são seus dois filhos e que tenha tanta paixão por Eduardo a ponto de tê-lo transformado no fraco que é.

A mulher saiu e fechou a porta.

Kyle chegou tarde ao hospital, havia tido alguns problemas no rancho e havia demorado mais do que o esperado. Quando adentrou no quarto, Alissa dormia. Ele parou ao lado da cama a olhando, a pele translúcida, o nariz arrebitado, a boca desenhada. Mas não pode deixar de notar as olheiras, ou como o cabelo estava perdendo o brilho. Ainda assim ela era linda, e sempre o seria aos seus olhos.

Havia nela algo que o fazia querer estar sempre a seu lado. Uma força que a tornava única, igual às flores-do-campo, selvagens e resistentes a tudo. Mas cuja aparência frágil enganava a quem as visse. Alissa era assim, um misto de fragilidade e força.

Ela se mexeu na cama e murmurou algo. Ele se sentou na cadeira próxima e continuou a olhá-la. Ela estava ficando agitada em seu sono. E de repente abriu os olhos. Imediatamente Kyle se levantou quando notou a sua confusão. Segurando suas mãos ele as sentiu quentes. Ao ponto de causar incomodo.

Alissa tentou falar algo, mas as palavras não saiam, ela segurou o peito e olhou assombrada para ele. Até que os aparelhos ainda ligados à ela começaram a soar alto e se instalou o caos no quarto. Enfermeiras e médicos.

Ele foi levado para fora.

Os minutos passaram e nada de ninguém sair. Até que do nada a porta se abriu e Alissa foi levada desacordada. Ele quis ir atrás, mas foi parado pela médica dela.

— O que está acontecendo? — Ele se sentia a ponto de gritar.

— Ela vai para a cirurgia. Os fluidos no pulmão dela devido à pneumonia aumentaram. E a pressão está muito alterada.

Pneumonia?

— Fluídos?

Lizzie parou e olhou para ele:

— Você não sabia?

Kyle fez que não.

— Alissa está com pneumonia, ela foi informada há alguns dias, por isso ainda não teve melhora considerável para poder voltar para casa.

Ele assentiu e ela foi para a sala de cirurgia.

Kyle foi conduzido para a sala de espera e ligou para Carlo. Nada, o mesmo com os outros membros da família. Estranho.

Horas depois Alissa se sentia flutuar. O peito já não doía mais. Era mais uma sensação boa. Suave. Tão boa que ela se deixou levar.

Kyle já não aguentava mais esperar sem notícias. Alissa estava naquela sala há mais de uma hora e nada.

Ele se levantou e ia até a entrada do centro cirúrgico quando Lizzie e um outro médico saiu.

— Como ela está?

Lizzie e o médico se olharam, um olhar nada bom.

— Kyle, eu preciso que você me escute com atenção. A situação acabou sendo mais difícil do que esperávamos. Os fluidos no pulmão dela causaram um derrame em um deles e a pressão alta, foi o indício de uma parada cardíaca. Por hora achamos melhor, devido aos riscos que Alissa seja mantida em coma.

Kyle sentiu o foco sumir, tanto que precisou se apoiar na parede.

— Ela vai sobreviver?

O médico respondeu:

— Ainda não sabemos a extensão de tudo. Mas as probabilidades são meio a meio caso a pressão dela não abaixe. O melhor nesse momento é permitir que o corpo descanse o maior tempo possível.

Ele assentiu antes de perguntar.

— E quando ela sair do coma induzido? Vai ficar bem?

Foi a vez de Lizzie dizer:

— Vai depender dela acordar ou não. Ela está muito debilitada Kyle. É preciso encarar a possibilidade dela não reagir.

Ele se sentou na cadeira e colocou as mãos na cabeça. Ela estava começando a partir.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora