Capítulo Vinte e Dois - Borboleta

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Boa noite, olha eu aqui de volta,  antes de começarem a ler o capítulo peço que vejam o vídeo na mídia, tem muito a ver com o capítulo, muito a ver com o livro daqui por diante, porque sim, estamos em reta final. Não tão final assim, mas passamos e muito da metade...

O que deveria ser uma curta espera, acabou sendo longa, dolorosa… Alissa havia contraído algumas infecções, o que apenas dificultava a sua situação. Todos tentavam manter a fé, mas estava difícil, não quando ela havia sofrido tantos baques.

As visitas continuavam sendo proibidas. Mas a médica tencionava liberar algumas, a partir daquele dia. E para Todos significava apenas uma coisa: Ela estava realmente indo embora.

Nem mesmo Cara, sempre tão alegre, tão confiante, dizia algo mais. Era como se as palavras de ânimo houvessem partido.

Adeleine havia pedido para ir ver Alissa primeiro, Carlo concordou. Afinal ela tinha esse direito, por ter estado ali e ser a mãe dela.

Ele e Kyle a acompanharam até a porta do quarto.

Adeleine entrou e fechou os olhos, ali naquela cama estava a sua menina. A mesma menina que saltitante pela casa, havia chamado por ela varias vezes. Sua Alissa, sua princesinha.

– Olá menina,  eu não sei bem ao certo o que estou fazendo aqui, se deveria estar aqui. Eles me chamam de sua mãe sabe, mas eu não sei se devo me chamar assim. Já faz tanto tempo que eu saí da sua vida, que tiraram você de mim, que eu não sei como voltar agora. Mas amei tanto você menina. Amei além de tudo, além da dança, além dos sonhos. Você se tornou a minha dança favorita, o melhor sonho, lembra de quando eu colocava minhas roupas de balé e lá vinha você com meu tutu na cabeça? Dizendo que era uma flor? Você era tão doce, tão risonha. Sabe, eu sofri um acidente, muito grave, pelo que me disseram, e esqueci de muita coisa, mas não de você, lá, no fundo eu sabia que havia você. Uma menininha linda que me chamava de maman. E agora eu te acho de novo, eu me acho, e de repente tudo mudou, eu já não tenho mais o amor do seu pai, e nem o seu. Posso perder você de novo, será castigo? Viver em um inferno de loucura e ser acordada somente para ser jogada nele de novo? Eu te amo minha Alissa, e peço a Deus que não te leve, que não te castigue pelos erros de outros. — Ela se levantou da cadeira que havia sido colocada ali, bem devagar, de repente tudo doía, era mais uma dor emocional, e dando um beijo na testa quente da filha disse em seu idioma natural — Mommy t'estima, la meva petita flor.

E saiu.

Carlo foi o próximo, enquanto isso Kyle olhava as mensagens trocadas entre ele e Alissa no Imo. Ele era avesso as redes sociais, nem Facebook tinha, ela já tinha todas. Juntos decidiram usar o Imo, aplicativo pouco conhecido, mas excelente.

Ele sorriu das carinhas engraçadas enviadas por ela. E de sua total falta de habilidade em mandar algumas legais também. Lendo-as, ele pode reviver alguns dos momentos entre eles, tão curtos e ainda assim completamente memoráveis. Alissa havia sido uma estrela brilhante em plena noite escura. Com seu bom humor, sua acidez natural e inteligência elevada. E ele não queria abrir mão disso. De um futuro ao lado dela.

Subindo as conversas, viu o link de um vídeo, que ela dizia que parecia muito com ele na vida dela. Ele não havia conseguido abrir no dia e ficou envergonhado de dizer para ela. Então calou. Agora ele tentaria escutar. E mexendo, finalmente conseguiu abrir. E sentou.


Ele nunca havia sido um homem de emoções, de se deixar emocionar com filmes, músicas, ou coisas do tipo. Mas ali sentado, sozinho, enquanto ela seguia, ele colocou as mãos na cabeça e chorou. Silenciosamente, afinal a dor não era apenas sua, e não tinha porque tornar a dos outros ainda maior. Ali chorou por tudo que havia desejado, por tudo que desejaria e por tudo que talvez ela não realizaria.

Ficou assim, até que sentiu algum tocar seu ombro e logo sentiu um abraço envolvendo-o. Adeleine.

— Chore meu filho. Não diminua a sua dor, ela é tão verdadeira quanto a de todos. E minha filha merece isso, que você a ame tanto quanto tenho certeza que ela o ama.

Era a primeira vez em anos que uma mãe o abraçava. E de repente ele se sentiu com 6 anos de novo, febril, pedindo desculpas a mãe por ter vomitado em seu melhor sapato. E levado um tapa por isso. Abraçado a Adeleine mais uma vez ele se permitiu ser humano. Chorar sem medo de repreensões e castigos.

Todos a viram e havia chegado a sua vez. Adeleine lhe deu um beijo na testa e ele seguiu pelo corredor e entrou no quarto. Ela parecia dormir. Um sono tranquilo, daqueles sem sonhos. Chegando perto dela, ele pegou o celular, que a enfermeira não visse nem ouvisse, visto que eram proibidos e clicou no link de um vídeo. A música começou a tocar enquanto ele ficava velando seu sono.

Ele segurou a sua mão, estava quente e inerte, e apenas tentou passar a ela tudo o que precisava.

— Eu amo você Alissa — Ele sussurrou conforme a música acabava.

A enfermeira bateu a porta e avisou que era hora da paciente descansar.

Ele lhe deu um beijo e sussurrou em seu ouvido.

— Não voe borboleta.

E saiu.

Todos sentiam o mesmo peso, o mesmo silêncio, e só lhes restava esperar, orar, pedir por sorte, por tempo, por vida. Por ela.

Precisando respirar, ele saiu do hospital e foi tomar ar. Mas a verdade era que precisava fazer algo fora. Fazer algo por ela. Por eles.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora