Alissa teria alta em alguns dias, a febre cedera totalmente, e seus exames estavam melhores.
Kyle estava feliz e temeroso, ela não havia mais tocado no assunto, mas ele sabia que a ida para casa era quase uma certeza.
Alissa ,sentia o coração aliviado por ir embora, não via a hora de poder voltar para a fazenda e respirar o ar limpo dali, tomar banho na cachoeira, e dormir abraçada com Kyle. E é claro tirar ele de perto das enfermeiras assanhadas.
Nesse momento o olhar de ambos se cruzou, ele sentado à beira da janela, e ela em uma poltrona próxima. Ele se aproximou e se baixou ficando mais perto dela.
— Feliz que cai poder ir em breve para casa?
Ela sorriu antes de dizer.
— Ansiosa. Estou morrendo de vontade de dormir naquela cama.
Ele ficou sério, enquanto ela continuava.
— Você me leva para tomar banho na cachoeira de novo? Só nós dois?
Kyle então percebeu que a cama, a casa a que ela se referia era a dele.
Alissa notou a mudança nele e perguntou:
— O que houve?
Ele deu de ombros.
— Pensei que você estava falando da sua casa, lá…
Ela não o deixou continuar.
— Eu não sei quando ou se volto lá, pelo menos para ficar, sei que em algum momento, pelo tratamento vou ter que ir. Mas esperava, sei lá, deixa…
Ele a fez levantar o rosto:
— Esperava…
— Que você fosse comigo.
Ambos ficaram um bom tempo se olhando, até que trocaram um beijo. E ficaram assim, entre beijos, risos e carinhos até que alguém os interrompeu.
Se virando Alissa viu a última pessoa que esperava ver. Madeleine. Sua mãe.
— O que você quer aqui? — Ela perguntou sombria.
Madeleine entrou e deu uma volta pelo quarto. Em silêncio.
Kyle sentia vontade de pegar a mulher pelo braço e arrastá-la dali.
Madeleine andou, bebeu um copo com água, até chegar perto da filha e sentando em uma cadeira próxima, dizer em tom enfadado:
— Vim agradecer por finalmente você me ser útil, e dizer que infelizmente para você, não somos compatíveis. O que para mim, é ótimo, eu detestaria me submeter à algo invasivo, ainda mais por você.
Se levantando, e indo até à porta, ela se virou e olhando uma última vez para os dois disse:
— Desejaria a você Alissa, uma vida longa e feliz, mas não penso que ela vá ser longa o bastante para isso. Então, porque gastar falsos desejos, não é. Adeus e por favor, avise ao seu pai, que não precisa me chamar para o enterro. Não haverá lágrimas entre nós.
E saiu.
Kyle ficou horrorizado com a atitude da Mulher. E se virando para Alissa a viu derramar lágrimas silenciosas. Ignorando tudo, ele a pegou no colo e a abraçou, sentado na poltrona com ela.
Alissa chorou baixinho, não pelo fato de Madeleine não ser compatível, e sim, por ela odiá-la a ponto de ficar feliz com a sua dor. Lembrou-se da mãe dizendo uma vez que ela havia sido um peso que ela não havia pedido. E que pagaria por tudo que fizeram a ela.
Ela não entendia como, mas o ódio era algo poderoso.
— Juro que não entendo como você pode ser filha dela — Kyle disse
— Nem eu. — Carlo disse parado a porta. Já sabia da visita de Madeleine a filha. E se perguntava onde havia ido parar a mulher amorosa que havia conhecido e lhe encantado.
— Nem sei. Por sorte não me pareço com ela, ela sempre se ressentimento por isso. Por eu ser parecida com sua irmã. Adeleine. Elas eram gêmeas.
Carlo franziu o cenho.
— Irmã?
Alissa sorriu.
— Sim, tia Adeleine era amorosa, calorosa, e me tratava bem, não lembro muito dela, afinal eu tinha uns cinco anos quando ela sumiu, mas ela cantava para mim. Você nunca a conheceu papai? Eu a chamava de mamãe, ela sempre sorria quando eu dizia isso.
Carlo fez que não. Confusão passando por sua cabeça.
— E Madeleine?
Alissa balançou a cabeça confusa:
— Eu não lembro tanto dela, é como uma névoa, mas depois que mamã Aleine se foi ela fazia questão de que eu fosse perfeita. Demonstrações de carinho, afeto, medo, não eram aceitas.
Carlo deu um beijo na filha e saiu do quarto. Ligando para Kane pediu um favor ao sobrinho:
— Kane eu preciso saber tudo sobre a mãe de Alissa e sobre uma irmã dela, Adeleine.
Um pensamento surgiu em sua mente e ele o afastou. Seria loucura demais, ela não ousaria. Ousaria?
Enquanto isso, longe dali. Roberta tentava sem sucesso um carro para levá-la para casa, já que Odete havia quebrado e pelo visto de vez. Andando na beira da rua, fez sinal para um táxi que passou direto. Até que um carro branco parou ao seu lado. E antes que ela pudesse entender o que acontecia, foi colocada dentro dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar
RomanceLivro em atual revisão, em breve os capítulos serão alterados. E a saga da Família Sandoval, continua, agora com Alissa, considerada a razão e consciência, entre os irmãos, agora chega para nos contar a sua própria história... "Estar partindo é uma...