Capítulo Vinte e Três - Acordada

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Alissa sentia o corpo formigar, e não sabia ao certo porquê. Ela tentava se mexer e não conseguia. Algo estava realmente muito mal.

Ela lembrava vagamente de passar mal, de estar no hospital e dos motivos. De repente ela recordou tudo e ouviu o barulho de bips descontrolados no quarto. E o peito apertar, seguido de dor.

Ela abriu os olhos e a claridade a fez gemer em dor, embora não fosse tão forte, nesse instante, enfermeiras e médicos entraram no quarto e ela foi lentamente acalmada.

Ela olhava constantemente para a porta, esperando que Kyle entrasse. O médico havia dito que visitas não seriam liberadas ao menos nas próximas 8 horas e ela queria gritar. Mas estava cansada o bastante e acabou pegando no sono.

Kyle havia sido chamado na fazenda, e acabou por pegar no sono lá, quando acordou teve uma ideia, queria fazer algo para Alissa, e assim o fez, então horas mais tarde saiu da loja satisfeito, havia sido difícil achar o que queria, mas finalmente ficado satisfeito. Antes de ir para o carro, passou em uma floricultura e encomendou algumas e saiu. Ao entrar no carro notou que havia deixado o celular no banco. A luz de notificação o fez segurar o aparelho. E o que leu na tela assim que o desbloqueou o fez ligar o motor e sair.

“Cadê você? Ela acordou! Belo príncipe encantado” — Cara.

Assim que chegou ao hospital Kyle quis correr, mas uma mão segurando seu braço o impediu. Se virando ele viu sua mãe, ela parecia zangada.

— Até quando você vai continuar castigando seu irmão? Eu não acredito que você tenha tanta inveja dele Kyle.

Ele ia argumentar, mas viu que ela não mudaria. O que era uma pena, mas ele não poderia se importar menos.

Soltando o braço com a maior delicadeza que poderia ele disse apenas:

— Eu nunca tive inveja de ninguém mamãe, eu quis sim por um longo tempo que você fosse uma boa mãe, uma mais presente, mais afetiva, mas me dei conta há tempos que o erro não está em mim ou em Crystal e sim em você. Quanto a Eduardo, ele terá que responder por seus atos, aliás, atos estes que estão vindo a luz todo momento. E não há nada que possa ser feito e mesmo que houvesse, não faria, ele procurou por isso, e se algum além dele é culpado, este alguém é você, por ter permitido que seus caprichos não tivessem limites.

E se virando saiu, um peso removido dos ombros. E um sorriso se formando nos lábios, Alissa havia acordado e nada, além disso tinha importância naquele momento.

Alissa ainda olhava para o nada quando a porta se abriu. Virando o rosto com cuidado, ela viu Carlo parado ali. Os olhos cheios de lágrimas, esticando a mão, ela sentiu os próprios olhos arderem, ao ver o pai caminhar apressado em sua direção.

— Minha menina, minha doce menina, eu senti tanto a sua falta. Tanto medo…

Ela devolveu o abraço e sentiu como se estivesse novamente na infância, o pai ainda tinha o cheiro de canela. E ela jamais cansaria daquele abraço, era o melhor de todos. Carlo poderia não ter sido o melhor pai antes, mas certamente o era agora.

— Eu te amo papai. Desde sempre e sempre será.

Sorrindo sem se importar que ela o visse chorando Carlo fez um carinho em seu rosto dizendo:

— Eu também te amo princesa ervilha. Assim como as estrelas são lá no céu.

Ela gargalhou ante a menção de dois de seus desenhos favoritos. Seu pai era realmente o melhor.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora