Capítulo Três

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Os dias passavam lentamente, ela ia ao trabalho, passava algum tempo com a família, ia às consultas com a nova médica, mas Alissa não conseguia se animar, ainda mais após aquela manhã em que havia decidido usar uma de suas roupas favoritas, uma calça skinner e ela havia literalmente caído de seu corpo. Ela tentava se alimentar, mas o pouco que conseguia comer não ajudava a ganhar algum peso, e isso estava ficando óbvio a qualquer um.

— Alissa?

Ela se virou, sendo tirada de seus devaneios e viu o irmão parado a porta, Javier a olhava num misto de preocupação e carinho. Ele era sempre uma constante nos seus dias.

— Oi! irmão, entra.

Ele entrou e sentou na cadeira a sua frente, não sem antes beijar os cabelos dela.

— Como você está hoje?

Alissa pensou em mentir, mas sabia que ele não se deixaria enganar. Javier era astuto demais para isso.

— Cansada. Perdi mais um quilo.

Ela o viu franzir a testa e avaliar sua roupa, a blusa folgada em vez dos terninhos de grife que ela tanto gostava.

— Eu gostaria de poder mudar isso maninha.

Ela sorriu de modo protetor e segurando as mãos dele por cima da mesa disse:

— Sei. E isso me é bastante. Mas me diga, o que te preocupa além de tudo isso?

Javier crispou as mãos e disse num tom sério:

— Madeline está na cidade, ela veio ontem até a casa do pai ontem. Então não sei quanto tempo vai levar até ela chegar até você.

Alissa não ouviu mais nada depois da palavra Madeline. Sua mãe estava de volta. E era a última pessoa no mundo a quem ela queria ver. Madeline era requintada em crueldade. E ela a detestava.

— Vou ficar bem Jav. Não creio que ela tenha algum interesse em me ver. Ainda mais se souber que a filha perfeita está longe da perfeição.

Madeline presava as aparências primeiro, e buscava a perfeição acima até da filha. Motivo pelo qual Alissa tinha um rígido autocontrole.

— Me chame se precisar.

O irmão se despediu e saiu, a deixando em pensamentos sombrios. Havia perdido a conta de quantas vezes havia ensaiado balé até os pés sangrarem, pois sua mãe queria que ela fosse a melhor.

Ela saiu tarde e foi para casa. Nem um sinal de Madeline.

Nem de Eduardo.

A semana foi corrida e Alissa deu graças pela chegada da sexta-feira no dia seguinte. Ela tiraria o dia de folga, pois no dia seguinte teria uma sessão no hospital e precisava arrumar algumas coisas. Cara iria com ela.

Ela terminava de arrumar uma pequena bolsa quando o interfone tocou. Surpresa ela foi atender e ouviu uma voz que mesmo agora lhe causava arrepios. Madeline.

— Alissa, seja uma boa menina e me deixe entrar.

Sem outra alternativa ela abriu o portão e foi esperar a chegada do carro na porta. Madeline desceu imponente e ela quase não a reconheceu. Novas plásticas haviam sido feitas. E o cabelo antes coral, agora estava platinado. Só o que não havia mudado era o gelo ao redor da mãe.

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora