Epílogo #01

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Semanas mais tarde, no casamento de Carlo e Roberta, Alissa observava os convidados, todos ali eram de certa forma íntimos e faziam parte de seu ciclo. Seus irmãos e respectivos cônjuges haviam feito seus brindes e apenas ela faltava, havia pedido para ser a última a subir no palco. E o fez devagar. Não apenas porque estava se recuperando de um resfriado, mas por querer observar tudo a sua volta.

Ela vestia um vestido florido e um lenço na cabeça, os cabelos ainds curtos. Ainda exibia um corpo bastante magro, mas estava radiante ali.

— Quero fazer um brinde. A Roberta por aceitar entrar nessa loucura. Obrigada por vir e completar a nossa família. Agora vamos a você Sr. Sandoval. Senhor dos gritos e trovoadas, um brinde a um homem que não tem medo de admitir seus erros, que aprendeu com eles e veio a se tornar o melhor amigo, o melhor pai e o melhor homem que alguém poderia ser. Desculpa Kyle, mas você divide o lugar de homem da minha vida com ele. Pai eu te desejo o melhor, cada felicidade possível e impossível para você e primeiro quero agradecer por não desistir de nós, de mim. Por lutar por mim mesmo quando eu não queria mais. Eu te amo.

Carlo sorriu e ela retribuiu o sorriso antes de sair do palco.

Descendo do palco, ela caminhou até a mesa onde Kyle a aguardava e sorriu quando o mesmo beijou sua mão e a sentou em seu colo. A cadeira antes ocupada por ela, esquecida.

— Foi um belo brinde ruivinha. — Ele disse enquanto beijava seu pescoço.

Ela apenas sorriu feliz. E juntos observaram o casal dançar sua primeira valsa como um casal de fato. Até que o improvável aconteceu. Roberta entrou em trabalho de parto.

Horas mais tarde, após conhecer seus irmãos e felicitar o pai, Alissa desfrutava de um banho relaxante na banheira, sozinha. Enquanto Kyle fazia não se sabe o quê, ele havia estado mais silencioso que nunca, e misterioso também.

De repente a porta do banheiro foi aberta e ele entrou. Vestia apenas a calça de mais cedo e nada mais.

— Não pensa que já está bom? — Ele perguntou enquanto a erguia sem esforço da banheira. Alissa apenas ria deliciada com o cuidado dele.

A colocando no chão, Kyle pegou a toalha e começou a seca-lá. Alissa sentiu o coração bater mais forte. Ela ainda não se sentia confortável em estar nua na frente dele, não após ter emagrecido tanto, mas em momentos como aquele, em que ele a tocava com tamanho cuidado e Amor ela percebia que de fato ele não se incomodava. Kyle era único.

— Um chocolate por seus pensamentos — Ele disse ao começar a secar os cabelos dela, admirando o tom vermelho que os mesmos possuíam.

Fechando os olhos Alissa disse:

— Estou apenas agradecendo de modo silencioso por ter você na minha vida. Por você ser esse ser humano maravilhoso Kyle, que vê além da minha doença, dos meus medos, dos meus desejos. Então meu amor, estou apenas dando graças por você ser você. E por poder estar aqui agora, nua, magra, de cabelos curtos, não estando atraente para a maioria, mas sabendo que se me virar e te olhar, olhar no fundo dos seus olhos, vou poder me ver como você me vê, e embora possa parecer convencimento, eu vou me ver bonita. Pois, é assim que você me vê.

Kyle engoliu em seco ante as palavras dela e segurando com cuidado em ambos os lados do rosto, disse:

— Você é bonita meu amor, de tantas formas, de tantos modos, e sou sortudo Alissa, sortudo por poder estar aqui, ao lado de uma mulher forte, que não tem medo de mostrar que também tem seus receios, suas inseguranças, uma mulher linda, com um coração lindo. E eu não vejo realmente a sua doença, vejo a sua força em se curar dela, eu não vejo o seu corpo magro, vejo um corpo que resistiu as provas de algo que não pôde controlar, e se os seus lábios vermelhos, esses olhos azuis, essa voz doce e rouca que me enlouquece ao dizer meu nome ou um simples bom dia, já não fossem motivos o bastante pra te amar, te querer, a sua força seria. Eu não vou dizer que eu deveria ser o grato, pois, você discordaria, então minha Ruiva linda, sejamos gratos juntos, pois, tivemos a sorte de os encontrar em meio às tempestades e um ser o abrigo que o outro precisa.

Antes que ela pudesse se recuperar das palavras dele, ele a vestiu com um robe de seda azul e segurando as suas mãos abriram a porta que dava para o quarto.

Alissa se viu diante de uma cena de filme, daqueles clichês. O quarto estava cheio de velas, pétalas de rosas pelo chão, uma mesa posta para dois a um canto e na enorme cama, bem ao centro, uma única rosa azul fazia companhia a uma caixinha.

Se virando para o homem ao seu lado, ela buscava palavras, quando ouviu dele:

— Você quer casar comigo?

MEU TORMENTO 04 - confiar e perdoar Onde histórias criam vida. Descubra agora