Capítulo 7 - Lua Nova: A Escolhida

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Desde que aquele velório aconteceu eu sentia que meu pai escondia alguma coisa de nós, tentei perguntar diversas vezes, mas ele não contava nada, dava desculpas esfarrapadas ou simplesmente mudava de assunto, então eu resolvi deixar quieto, mas teve um momento que isso não dava mais certo.

- Cí, onde você comprou esse colar? - Katherine perguntou assim que acabou a aula.

- Minha vó que me deu. - digo sorrindo.

Eu sei que não devia dizer nada para ninguém, mas Kath era de confiança e saberia se eu mentisse. 

- É realmente muito lindo, nunca vi um igual a esse. - ela disse recolhendo suas coisas.

- Nem eu, vamos? - peguei minha mochila e já fui saindo da sala.

- Sim. - ela pegou sua mochila e me seguiu.

- Tem provas amanhã, né? - perguntei enquanto desviava das pessoas que estavam passando pelo corredor.

- Sim, eu não estudei nada. - ela resmunga.

- Eu não estou muito preocupa. - dei de ombros.

- Você nem precisa estudar para as provas, você tem um talento nato, devia me passar um pouco desse conhecimento. - ela ri.

- Não exagera, Kath. Eu dou uma lida ou outra, às vezes eu estudo muito, mas isso não é ser um Einstein na vida.

- Você que pensa assim, se eu conseguisse a metade que você consegue eu não ganharia tantas broncas dos meus pais. - ela revira os olhos.

- Quem sabe que você namorasse menos e estudasse mais isso não aconteceria. - digo para provocá-la.

- Sabe do que você precisa, Cecília?

- Não, do que? - interrompi meus passos assim que saímos do colégio.

- De um namorado, você é muito fechada, não faz nada, não sai com ninguém, nem namorado quer mais ter. - ela fica na minha frente.

- Kath, nem tente... Já sabemos onde vai acabar essa história. - suspiro.

- Eu sei que seu ex é um babaca por completo, mas não entendo porque isso te impede de conhecer outras pessoas. - ela coloca as mãos nos meus ombros.

- Por respeito ao meu coração que já cansou de sofrer pelas minhas escolhas erradas. - encaro seus olhos castanhos escuros.

- Você é tão complicada, mas esse é o meu conselho. - ela sorri.

- Falado em namorado, sua obra de arte do Picasso está bem aí. - olho para o carro preto estacionado.

- Tá mais para obra de arte do Botero ultimamente. - ela olha para o namorado e acena.

- Malvada. - rio.

- Já vou indo, pensa no que eu disse, tá?

- Se você parar de encher o saco eu penso, manda um oi pro Brayan.

- Tchau, Cí! - ela se despede e corre pro carro.

- TCHAU! - aceno para ela e vejo o carro indo embora.

Fui para casa a pé, era uma das horas preferidas do meu dia, era só eu e meus pensamentos, não deixei de pensar no que a Kath me disse, desde que eu e Simón terminamos ano passado eu me fechei, pessoas só machucam e eu não queria ser machucada de novo.

Segurei o pingente do meu colar e fechei os olhos. Por que você não está aqui, vó?  Perguntava mentalmente todos os dias. Quando abri os olhos meu colar estava brilhando, eu fiquei assustada e eu soltei ele, foi quando ele parou de brilhar e fiquei apavorada.

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