Capítulo 34 - Lua Minguante: Pacto entre professores

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Dominar um elemento seria mais trabalhoso do que eu imaginava, já tinha passado duas horas e eu não estava progredindo em nada. "Cici, use espada para auxiliar no uso do seu elemento, assim fica muito mais fácil", ele disse, mas para um ser de sei lá quantos anos de vida o que seria difícil? E de onde ele tirou esse Cici? Isso me dava uma estranha sensação de familiaridade.

Já estava ficando tarde, eu já tinha até perdido a hora do jantar, mas eu também não estava com fome. Nick havia sumido pelo resto do dia todo, eu não estava preocupada, mas era melhor eu ir ver como ele estava, vai saber qual era o nível de punição que o Albert aplicava. Eu precisava relaxar pelo resto da noite, sem estudar, sem investigar, só eu e vários nadas.

Fui para a casa do Nick para ver se ele já havia voltado, já estava questionando se eu devia ter vindo mesmo, e se ele só quer relaxar que nem eu? Bati na porta até escutar a voz dele mandando eu entrar.

- Oi? - digo.

- Ah, oi. - ele suspira.

Ele estava sentado no sofá, ele tinha um roxo enorme no olho, vários avermelhados em volta da das bochechas, arranhões, mais marcas roxas e vermelhas se estavam espalhados pelos seus braços, peito e costas.

- Tá doendo muito? - perguntei me aproximando.

- Depois que eu passei a pomada, melhorou um pouco. - ele suspirou.

- Eu sinto muito. - digo.

- Pelo que? Não foi você que me fez de saco de pancadas. - ele responde de maneira ríspida.

- Conseguiu tirar algum proveito disso? - sentei-me ao seu lado.

- Alguma lição de morar do tipo "Não trapacear"? Não, no mundo sobrevive os mais fortes e espertos. Mas tirando isso, eu consigo fazer fogo, foi como a Lucy disse, raiva é um bom combustível, e no momento é o que eu estou mais tendo.

- Não precisa pensar dessa maneira, ninguém disse que ia ser fácil para a gente, mas logo as coisas vão melhorar.

- Melhorar quando? Quando já não tiver espaço para machucados no meu corpo? - ele riu, uma risada amargurada.

- Quem te bateu desse jeito?

- Os seguranças de Albert, sem parar. Eu sei que vou enfrentar coisa pior, mas não tinha necessidade de eu receber esse tratamento, não sou um criminoso.

- Pense que isso é um treinamento que vai te deixar mais forte, eu tenho certeza que Albert não fez por maldade.

- Sabe o problema desse lugar? Que tudo parece muito injusto, você acha que se fosse o Jack nessa situação ele ia estar passando por isso? Claro que não.

- Você não acha que isso é sua implicância com o Jack falando? - perguntei.

- Então vou dar outro exemplo, você acha que se você e a Lucy fossem pegas por fazerem a mesma coisa de errado o tratamento de vocês seria igual?

- Seria.

- Claro que não, Lucy sofreria mais... Você tem talento Cecília, é queridinha de todo mundo, ninguém aqui tá ligando para esforço, só para talento, mas você acha que eu vou deixar as coisas assim? Eu vou ter meu reconhecimento, custe o que custar. - seu olhar ficou sombrio.

- Não é ir longe de mais? Não é para tanto também.

- Você não faz ideia do que é esse sentimento de exclusão, de não ser bom, de tentar e não conseguir. Pergunte a sua prima Lucy como ela se sentiu esses anos todos enquanto esteve na sua sombra.

- Lucy nunca esteve, ela que sempre pensou isso, eu sei que a mãe dela era difícil, mas não eram bem assim. - expliquei.

- Era assim, e você nunca percebeu, você nunca percebe os sentimentos dos outros e nem os seus, você fica fingindo que está tudo bem. Por mais que eu queira contar a língua da Lucy fora, a gente tem muita coisa em comum.

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