Capítulo 2

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      Dois meses depois

      Levantei cedo. As seis da manhã já estava de pé, minha tia me fazia madrugar pra limpar a casa fazer o café da manhã e o almoço, e ai de mim se desse minha hora de ir pro trabalho e não tivesse tudo pronto. Da última vez não deu tempo de fazer a salada e quando cheguei em casa a noite ela estava me esperando com uma vara na mão.

      Terminei meus afazeres e fui correndo tomar um banho. Tinha que aproveitar que ela estava dormindo, porque tinha dia que ela não me deixava tomar banho não. Em cinco minutos já tinha tomado banho e estava vestindo meu uniforme pra ir pro trabalho. Estava terminando de pentear os cabelos quando ouvi alguém bater no portão, fui abrir correndo antes que minha tia acordasse e depois colocar a culpa em mim e me batesse de novo.

      - O que você está fazendo aqui? - eu nem consegui responder, na verdade acho que não estava nem respirando.

      - AXL - Gritei quando sai do transe.

      - O que está fazendo aqui? - ele perguntou de novo quando eu o abracei.

      - Vim pra cá pra trabalhar - falei ainda abraçada a ele - e por falar nisso estou muito atrasada. Chego em casa às nove, me espere - falei e me soltando do abraço e lhe dando um beijo na bochecha.

     - Mas você quer trabalhar pra quê? - ele perguntou meio confuso.

      - Quando eu chegar a gente conversa - falei e corri, talvez eu ainda consiga pegar o ônibus de meio dia.

....

      Desci do ônibus e a chuva caia forte, eu não tinha um guarda chuva e nem disposição pra correr e não me molhar muito, estava muito cansada.

      Estava escuro e a chuva só piorava a situação. Me abracei e comecei a andar no meio da rua por questão de segurança (não mesmo que eu ia andar na calçada escura - alguns postes estavam sem luz por conta da chuva forte). Estava quase no meio do caminho, quando vi o que parecia um homem andando na minha direção, não dava pra ver o rosto, mas estava todo de preto, eu poderia continuar meu caminho, mas preferi não arriscar, me virei e andei de volta o caminho que já tinha feito, perto do ponto de ônibus tinha uma lanchonete que ficava aberta a noite toda, eu podia ficar lá até ter certeza de que não tinha ninguém me seguindo.

      Comecei a andar rápido e percebi que a pessoa também, então no desespero comecei a correr, mas a pessoa começou a correr também e ela era bem mais rápida que eu. Comecei a ficar muito desesperada, muito mesmo, de longe vi a lanchonete, lá do outro lado da avenida, então olhei pra trás pra ver se quem me seguia tinha desistido, mas ai tropecei e fui com tudo pro chão, ia bater a cara no meio fio, mas a pessoa que estava me seguindo me segurou a tempo.

      - Por que você está fugindo de mim? - meu irmão perguntou.

      - Você? - perguntei assustada.

      - Eu estou te gritando desde que te vi! Não me ouviu?

      - Estava tão desesperada que a única coisa que eu ouvia era meu coração que estava quase saindo pra fora.

      - Vim te buscar, imaginei que não teria um guarda chuva.

      - Muito obrigado.

      - De nada - ela falou pegando minha bolsa e colocando seu casaco no meu ombro.

...

      - Como está as coisas lá em casa? - Alx perguntou quando já estávamos na casa da minha tia e eu já tinha trocado de roupa.

      - Agora nós temos uma irmã, ela tem dois anos e recentemente teve que passar por um processo cirúrgico.

      - Por que?

      - Ela precisava de transplante de medula.

      - É agora? Como ela está? 

      - Melhor. Eu fui a doadora dela.

      - E a mamãe?

      - Não vou mentir pra você! Ela está muito doente.

      - O que ela tem?

      - Não descobriu até hoje, a única coisa que sabemos é que ela está piorando.

      - Dá pra vocês calarem a boca? - minha tia chegou xingando - o que você está fazendo aqui Axl?

      - Vim trazer o dinheiro do mês pra minha mãe.

      - Dinheiro do mês pra minha mãe? - perguntei sem entender.

      - É! O dinheiro que eu mando pra vocês, pra ajudar na casa.

      - Nunca chegou dinheiro nenhum lá em casa.

      - Como assim nunca chegou? - ele perguntou se virando pra minha tia.

      - Não me pergunte! Seu pai deve ter gastado tudo com pinga.

      - Ele não bebe - gritei com ela. Além de roubar o dinheiro que meu irmão suava pra ganhar e mandar pra nós, ainda chamou meu pai de bêbado ladrão.

      - Não grita comigo - ela falou e eu já senti um tapa que não deu tempo de esquivar e acertou minha cabeça.

      - NÃO ENCOSTA NELA SUA VAGABUNDA - meu irmão gritou jogando ela na parede.

      - Axl não faz isso - entrei na sua frente. Os olhos dele estavam até vermelhos de raiva.

      - Pega suas coisas, você vai embora daqui agora.

O nome do irmão da Amanda se escreve AXL mas se lê AXEL.

Aguardando a FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora