Capítulo 23 - Matthew

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Dois meses depois

     Mas ela não voltou! Passaram-se dias, semanas, meses e eu nunca mais tive notícias dela.

     - O que aconteceu tia? - perguntei a tia Selena enquanto íamos até o refeitório - a senhora não consegue parar de sorrir.

     - A Luma voltou.

     - Sério?!

     - Sim. Ela chegou a pouco tempo.

     -  Que bom que ela voltou, eu já estava sentindo falta dela! Qualquer dia eu vou visitar... - fui cortado pela infermeira que veio apressada pelo corredor.

     - O senhor está sendo requisitado na ala de pediatria dois.

     - Já estou indo. Tia conversamos depois.

Amanda

     Depois de dois meses aproveitando da generosidade do meu chefe, eu decidi que estava mais do que na hora de voltar.

     Quem eu estava tentando enganar?! Quem dera fosse esse o motivo. Na verdade eu estava voltando por que a uma semana descobri que estava grávida.

     E só descobri porque passei mal e minha mãe me arrastou contra minha vontade pra um hospital. Muita gente costuma dizer que depois do susto, vem a emoção, a alegria de saber que vai ter um filho. Bom essa fase ainda não chegou pra mim, isso porque eu não consigo parar de pensar no ataque cardíaco que meu pai vai ter quando ficar sabendo e do surto do meu irmão que com certeza vai ir atrás do Matthew. Então antes que ele fosse abordado pelo meu irmão resolvi que precisava contar a ele.

...

     Cheguei ao hospital era umas sete horas da manhã, eu poderia ter vindo mais tarde, mas estava tão ansiosa que não dormi direito. Pedi informação a recepcionista e ela me disse que eu teria que esperar pois o Matthew estava atendendo uma emergência.

      Já estava estava a quarenta minutos esperando quando comecei a sentir o famoso enjoo matinal, corri pro banheiro e coloquei tudo pra fora.

     - Moça está tudo bem? - escutei alguém me perguntar.

     - Já estou melhor - falei me levantando e dando descarga. Na pressa não fechei a porta da cabine e ela estava escorada nela.

     - Vem - ela falou me segurando - sente-se um pouco. Está grávida não está?! - ela falou me conduzindo até uma poltrona no canto do banheiro.

     - Como soube? - perguntei e finalmente olhei diretamente nos olhos dela.

     É tomei um susto! Era a mesma mulher que estava com o Matthew na loja de conveniência que eu trabalhava, a mesma mulher que foi muito mal educada e me deixou constrangida.

     - Sou médica, e reconheço os sintomas de uma gravidez de longe - ela me reconheceu também, dava pra perceber pela expressão no rosto dela - você está acompanhada, quer que eu chame alguém?

     - Não, obrigada.

     - Está esperando pra consultar? Eu posso dar um jeito de você ser atendida logo.

     - Não. Eu só vim falar com o doutor Matthew - por que ela estava sendo tão gentil comigo?

     - O que quer com o meu noivo? - eu tenho certeza que quase sofri um aborto quando ouvi isso.

     - Noivo? - sussurrei.

     - Sim, noivamos a uma semana - ela falou e estendeu a mão me mostrando um anel com um brilhante tão grande e extravagante que até cego enxergava.

     - É... é... - eu não sabia nem o que pensar.

     - Você está grávida dele não é - eu tinha uma leve impressão que essa mulher não gostava de mim, então é lógico que eu não ia colar meu bebê que nem tinha nascido ainda na linha de fogo dessa mulher.

     - Não, não é... - ela me cortou.

     - Eu sei que vocês tiveram um caso antes de reatarmos - ferrou - e está tudo bem! Eu e o Matthew criaremos essa criança com o maior prazer.

     - O quê?!

     - Eu sei que você não tem condições de cuidar dele, mas não se preocupe, eu tenho muito dinheiro e o Matthew também, nós ficaremos muito feliz em cuidar do seu bebê. Calma - ela falou quando viu minha cara de espanto - não vamos sumir com seu filho, você pode ir visitar ele na nossa casa a cada quinzena.

     Eu não disse mais nada, só levantei e saí correndo. Aquela mulher nunca encostaria um dedo no meu bebê. Nunca. Nem que pra isso o Matthew ficasse sem saber da existência dele.

     Cheguei em casa ofegante e a tempo de ver meu irmão algemado e sendo conduzido até um carro da polícia. Meu dia não podia piorar.

     - O que aconteceu? - perguntei quase chorando.

     - Calma Manda.

     - Que calma. Por que eles estão te levando? - minha mãe que já estava se acabando de chorar estava sendo amparada por um policial.

     - Ele se envolveu em uma briga - o policial que estava segurando ele falou - o outro rapaz está internado com uma fratura no crânio.

     - Axl - falei perplexa - por... - ele me cortou.

     - Foi o Elliw - entendi tudo.

     - Vamos - o policial começou a puxar ele.

     - Espera - fui até ele e o abracei.

     - Vai ficar tudo bem Manda - ele me deu um beijo na testa.

     - Dizer isso não vai me fazer parar de chorar.

     - Mas você precisa, tem que ser forte, pela nossa mãe. Eu vou voltar um dia, não estou indo pra forca.

     - Já deu - o policial enfiou ele dentro do carro que em instantes já estava em movimento, enquanto eu fiquei parada acenando vendo ele se afastar.

Aguardando a FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora