Capítulo 18

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     - Aí meu Deus.

     - O que? Me desculpe, eu não quis forçar nada!

     - Não, não é isso.

     - O que foi então? Estou com bafo, fedendo?

     - Não! É que acabei de me lembrar.

     - Posso perguntar o que?

     - Você não se lembra?

     - Não?!

     - Foi você que me deu aquela gorgeta enorme aquele dia na convivência do posto de gasolina. Paguei minha conta com ela - ele tomou um susto.

     - Agora me lembrei! Você é a garota que parecia ter dez anos.

     - Que exagero.

     - Olha me desculpe mais uma vez por aquilo que aconteceu, eu...

     - Nem termine de se desculpar. Você já fez isso e eu já disse que não é culpa sua.

     - Mesmo assim...

     - Nada disso, se alguém tinha que pedir desculpas era ela e não você.

     - Tudo bem, não tocamos mais no assunto então.

     - Eu não acredito que te reencontrei. Qual era probabilidade disso acontecer?

      - Muito pouca. Eu acho que foi o destino - ele falou colocando meu cabelo atrás da orelha - não acha?

     - Eu... Eu... - perdi a capacidade de fala.

     E quando percebi a boca dele já estava colada a minha e a língua pedindo passagem.

      Enquanto me agarrava com ele me dei conta de que ele beijava muito bem, o melhor beijo que eu já dei, ele sim sabia o que estava fazendo.

      Estava tão envolvida no beijo que não me dei conta que estava deitada na espreguiçadeira com ele em cima de mim e que o laço do meu roupão tinha se afrouxado e tinha muita coisa exposta. Só percebi quando ele se afastou.

     - É melhor eu parar agora enquanto ainda consigo - ele disse enquanto puxava a camiseta pra baixo, mas eu consegui ver o volume.

     - Você está certo - falei arrumando meu roupão freneticamente - já está tarde, é melhor eu ir.

     - Acho que você devia ficar. A chuva está muito forte, não é seguro sair agora. Você pode dormir aqui, é super seguro, garanto que não vou te atacar enquanto dorme - sorri.

     - Tudo bem então, mas preciso ligar pros meus pais e avisar.

     - Fique a vontade pra usar o telefone, vou arrumar as coisas pra você passar a noite.

     Fiquei vinte minutos tentando falar com meus pais, mas não consegui, e a única coisa que consigo imaginar que aconteceu é que a energia caiu por causa da chuva, porque paranoico como meu irmão e meu pai são eles nunca deixaria de atender. Liguei para a Giulia e estava certa, a energia realmente tinha acabado, metade da cidade estava sem luz.

     - Está tudo pronto - o Matthew apareceu na sala - queira me desculpar mas terá que ficar com meu quarto, os quartos de hóspedes não estão todos prontos, não recebo muita visita.

     - Não é necessário, eu durmo no sofá, não tem problema pra mim.

     - Mas pra mim tem. Tem o quarto que a Luma estava nele, mas a Yuna colocou algumas coisas lá, eu vou tirar e dormir lá - ele falou enquanto me levava por um corredor.

     - Não precisa fazer isso - ele parou em frente uma porta a abriu e me fez entrar.

     - Boa noite - ele falou e fechou a porta.

     O colchão do Matthew era tão macio e confortável, combinado ao barulho de chuva, me fizeram ter uma noite de sono incrível, tão boa que acho que perdi a hora.

     Levantei num pulo, assustada e meio desorientada. Quando finalmente me dei conta de onde estava me lembrei do que aconteceu. Vi que minha roupa estava passada e dobrada no pé da cama, me vesti rapidamente e saí sem nem pentear o cabelo, mas na hora que pisei no corredor que as coisas começaram a ficar estranhas e um pouco tensas pra mim.

      - Amanda?! - a Luma exclamou boquiaberta.

      - Luma - falei já vermelha, por ela me pegar no flagra saindo na ponta do pé do quarto do Matthew. Eu tinha me esquecido completamente dela, será que ela tinha alguma coisa com ele? De repente comecei a me sentir mal por estar ali e por ter beijado ele.

      - Eu não acredito - ela começou a rir a rir - eu sabia que vocês iam se pegar! Mas não imaginava que ia ser tão cedo.

      - Como assim sabia? Nem eu sabia - eu perguntei confusa.

      - É que, desde o dia que você veio aqui deu pra perceber a química que rolou entre vocês. Desde aquele dia eu soube que vocês iam trocar saliva e pelo que eu estou presenciando, já estão trocando fluidos corporais também.

      - EIII! Não é isso que está pensando! Eu não dormi com ele!

      - Não é isso que os fatos aponta, mas tudo bem, eu acredito em você.

      - Não está com raiva? Me odiando? - perguntei meio receosa.

      - Não! Eu deveria?

      - Não! Claro que não!

      - E por que você achou isso?

      - Pensei que você gostasse dele - ela teve uma crise de riso quando eu falei isso.

      - Eu não acredito que pensou isso. Mas vou aliviar sua consciência. Nunca nem passou pela minha mente a possibilidade de sentir algo a mais por ele além da amizade.

      - Fico aliviada em saber disso.

      - Menina vem, o seu banho está pronto - a Yuna gritou de dentro do banheiro do quarto.

      - Eu tenho que ir tomar banho e descansar, mas esse assunto não está encerrado! Quero detalhe de tudo.

      - Tá bom, até outro dia - eu falou e desci o mais rápido que consegui.

     Não encontrei o Matthew no caminho e nem o procurei pra me despedir, meu único objetivo era passar pela porta, chegar no meu emprego e não ser demitida. E graças a Deus eu consegui. Quando cheguei ao trabalho meu chefe não estava lá pra minha sorte.

Aguardando a FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora