Capítulo 11

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No começo da noite já estava chegando em casa. Passei a viagem de carro toda escutando músicas animadas para ver se me acalmava. Principalmente depois de receber uma mensagem de que Clint tinha se ferido. Nat disse que agora ele estava bem, mas ainda assim me preocupava. Ele era meu amigo e se colocava o tempo todo em risco, se não se cuidasse ia acabar morto. Com Nat eu não me preocupava, aquela mulher era invencível.
Quando cheguei a ponte, que logo a atravessando já era praticamente tudo meu terreno, não queria passar. Não queria ir para casa, não agora. Parei o carro, peguei meu celular e desci do carro. Disquei o número de Sienna que eu sabia que atenderia de primeira e foi assim mesmo, antes do segundo toque ela já tinha atendido.

-Hey maluca, se divertindo?

-Não, nem um pouco. Sie, eu estou na ponte, em casa. Pode vir aqui? Você e a Mi.

-O que aconteceu?-seu era preocupado. Ouvi conversas ao fundo.

-Nada, eu só não quero ver ninguém além de vocês agora.

-Estamos indo, só não se jogue da ponte.

-Então venham rápido.-peço. Ouço ela chamar por Miranda e então a chamada se encerra.

Caminho até a beirada e me inclino, olhando para baixo. Eu não era nenhuma suicida, mas adorava ficar cara a cara com o perigo e vencê-lo, moldá-lo ao meu jeito.

E esse era o principal motivo de todos os meus problemas, de todas as confusões em que eu me metia. Eu me arriscava, dia após dia, desafiando tudo e todos, até mesmo a mim, apenas porque me fazia me sentir mais viva, mais forte. Eu nunca me arrependia de nada, mas as vezes a correnteza que segurava meu egoísmo enorme arrebentava e eu ficava frágil, mais frágil do que eu gostaria de admitir e só o que me ajudava eram minhas melhores amigas, quase irmãs.

Puxo meu colar para fora da blusa, eu nunca o tirava. Era uma parte quebrada de um coração, Sie e Mi tinham as outras duas. Era tão adequado. Compramos quando tínhamos 12 anos, no dia em que fizemos a promessa de ficarmos juntas para sempre. Coitadas, elas pagavam por essa promessa me aguentando por todos esses anos.

Foram poucos minutos de espera na ponte, me remoendo, até que vi as luzes da moto de Mi vindo ao longe. Ela parou a moto perto do meu carro e as duas desceram. Chegando perto me estenderam os braços e me puxaram para um abraço.

-Eu não vou chorar.-aviso.

-Nós sabemos, você nunca chora.-Sie diz.-Mas isso não te faz bem. Devia chorar um pouco.

-O que o traste do seu pai fez pra te deixar assim?-Miranda pergunta. Ela me aperta e solta. Mas pega minha mão e fica ali me olhando com um olhar de pena. Eu odiava aquele olhar.

-Nada, apenas me disse verdades e eu não suportei ouvir.

-Que verdades?

-As verdades mais óbvias. Que eu sempre estrago tudo.

-Não é verdade.-Mi fala brava. Era incrível como ela resolvia me proteger quando se tratava de meu pai. Nas outras ela mesma me acusava. Ela tinha uma implicância descomunal com ele. Era até difícil de entender já que eles tinham trocado poucas palavras a vida toda.

-É sim, Miranda.

-Sie!

-Miranda, não adianta passar a mão na cabeça dela. Ela mesma sabe que é verdade, se não, não estaria assim.-Sienna, a voz da razão ataca. E é mesmo verdade.

-Me desculpem, por ser um desastre completo de ser humano.

-Alex, você não é um desastre de ser humano, não completamente. Você é nossa melhor amiga, nossa irmã e nossa força. Você sempre fez tudo por nós e para nós. Sei que você se sente uma egoísta mas você não é assim, não com a gente.-Sie fala e aperta minha mão. Me sinto culpada toda vez que ela fala algo bom de mim e não era para menos. Eu sou horrível e uma covarde por não contar o que aconteceu anos atrás para ela. Mas eu não podia, eu não queria arriscar perder ela.

Lies, Secrets And Mischiefs • Loki •Onde histórias criam vida. Descubra agora