friends ⋄ jikook

capítulo 25 ⋄ primeiro término

— Jimin, para. — Jungkook pediu, sem nenhuma firmeza na voz, enquanto suas mãos subiam pelas coxas do namorado, localizadas uma em cada lado de seu corpo, que estava sentado no chão da sala de ensaio. Jimin subia a boca pelo pescoço de Jeon, alternando entre beijos e mordidas, arrancando arfadas pesadas do outro embaixo de si.

Após um mês sem dançarem juntos, Jungkook decidiu dar um tempo em seu projeto de conclusão de curso para relembrar um pouco dos velhos tempos, mas é claro que os ensaios não ocorreram como antes, já que eles não eram como antes. Por isso, dessa vez, compartilharam mais beijos dos que passos de dança.

Quando Jimin impulsionou seu quadril um pouco mais para baixo, friccionando as virilhas dos dois, Jungkook desistiu de resistir, e teria continuado até o fim se o zelador da universidade não tivesse aparecido avisando que já se passava das dez da noite e que teria que trancar a sala de dança.

Recolheram suas bolsas e o som portátil e passaram pelo gramado do campus de mãos dadas, recebendo o olhar pesado de algumas pessoas sobre eles. Àquele ponto, Jungkook já tinha se acostumado com os julgamentos. Nunca foi de se importar com o que os outros pensavam, e isso não ia mudar agora. O que lhe incomodava era saber que Jimin sim se importava. O garoto, além de ter um sério problema de insegurança, também ligava bastante para o que as outras pessoas achavam dele, e vê-lo abaixar sua cabeça um pouco mais em público por causa da leve sensação de vergonha de estar sendo encarado fazia Jeon ficar triste.

Apenas estarem felizes juntos devia ser o suficiente, não é? O que outras pessoas achavam sobre eles não devia importar tanto assim para ele.

Deixou os pensamentos de lado quando chegaram ao dormitório, ainda em silêncio.

— Eu vou tomar banho. — Jimin abriu um sorriso provocante. — Quer vir junto?

— Estou morrendo de fome. — Jeon resmungou, abraçando sua cintura, lamentado-se por realmente estar com fome. — Não pode ser depois da janta? — sugeriu.

O mais velho revirou os olhos, sem tentar insistir.

— Tudo bem, mas eu vou tomar banho mesmo assim, estou nojento. — fez uma careta. — O que quer que vá fazer, faça pra mim também.

— Pode deixar. — deu-lhe um selinho, e o loiro dirigiu-se até o quarto, enquanto o outro foi para a cozinha.

Depois de se despir, Jimin deixou a água morna do chuveiro descer por seu corpo de uma vez, sentindo-se a cada minuto mais renovado fisicamente.

Vestiu-se apenas com uma calça de moletom, sem achar importante colocar uma camisa, e meias, indo até a cozinha logo em seguida. Jungkook estava concentrado na frente de uma das gavetas, e o loiro aproveitou para abraçá-lo por trás, dando um beijinho em um de seus ombros, mas o moreno virou-se de supetão, com uma expressão confusa e um papel na mão.

Oh, porra.

A droga da carta de aceitação.

— Jimin, o que é isso? Você recebeu uma proposta? — perguntou.

Park apenas cruzou uma mão com a outra, um pouco nervoso.

— Sim. — confirmou. — Recebi.

Um sorriso de orelha a orelha nasceu no rosto de Jungkook, e o garoto abraçou o namorado com força.

— Isso é ótimo! — separou-se do abraço e o encarou, já ficando sério de novo. — Mas por que não me contou?

Jimin suspirou fundo, encostando-se no balcão e ficando de frente para o namorado.

— Porque eu vou recusar a proposta.

Jungkook arregalou os olhos, sendo tomado por uma expressão mais confusa ainda.

O que diabos Jimin estava dizendo?

— Recusar? Por quê? — questionou.

— Eu não me sinto bem ficando aqui em Busan, JK. — explicou, sem olhá-lo nos olhos. — Não enquanto as outras pessoas vão pra longe. Eu posso fazer outros testes em Seoul.

— Com outras pessoas você quer dizer eu? — cruzou os braços. — Você não pode jogar uma oportunidade no lixo, Jimin, e ainda colocando o peso da decisão em mim...

— Não fale como se o nosso namoro fosse qualquer coisa. — o fitou irritado, talvez porque JK falava da relação dos dois como se não fosse muita coisa. — E não é só você, Taehyung também vai pra lá.

— Você sempre soube que ele ia embora, desde o colegial, e nunca fez questão de ir pra Seoul! — aumentou a voz. — Eu não vou deixar você me colocar a frente do seu futuro, Jimin.

— Isso não é uma decisão sua. — cruzou os braços, em tom desafiador. — E pensei que você confiasse nas minhas habilidades, pensei que acreditasse que eu fosse capaz de conseguir entrar em outras academias. — apelou para a chantagem.

— E eu acredito, Jimin. Mas você não pode simplesmente trocar algo concreto por algo incerto! Será que você não vê o que está fazendo a si mesmo?

— Jeon, eu já me decidi. — determinou, dando de ombros. — Não há nada que você me diga que vá me fazer mudar de ideia.

Jungkook colocou a carta em cima do balcão, descruzou os braços e suspirou fundo.

Havia sim algo que faria Jimin mudar de ideia.

— Eu quero terminar. —soltou.

Jimin o olhou incrédulo.

— O quê? Mas que porra...

— Eu não vou ser o cara que tirou a sua chance de subir na vida, Jimin.

— E você não é, quem está decidindo sou eu. — colocou as duas mãos sobre os braços do namorado, tentando fazer com que o encarasse.

— E vai demorar quanto tempo até as coisas darem errado e você me culpar, Jimin? — tirou as mãos pequenas do outro de seus braços e se afastou. — Quanto tempo vai levar até, por alguma ironia do destino, você não conseguir se estabelecer e começar a me olhar não como namorado, mas como a principal razão de você não estar vivendo seu sonho? Poxa, desde que nos conhecemos você fala sobre ensinar dança. E agora você quer abrir mão disso unicamentepor causa de mim?

Jimin permaneceu em silêncio, engolindo em seco, sentindo uma bola de saliva se formando dentro da garganta, ciente de que a qualquer minuto começaria a chorar.

— Eu amo você. — Jungkook o olhou, e o loiro sentiu seus olhos arderem. Eu também amo você, porra, pensou consigo. — E como nunca amei ninguém, mas você realmente precisa estabelecer suas prioridades. Eu me recuso a ser um obstáculo na sua vida, Jimin.

— JK, por favor... — pediu, baixinho, com a voz trêmula, praticamente implorando. Ele não importava se tivesse que se humilhar, àquele ponto já estava desesperado

Jungkook quase deu para trás. Ouvir o tom choroso de Jimin tão perto de si e saber que ele era o motivo era apenas doloroso demais para ele. Teve que reunir todo o restante de força de vontade que existia no seu corpo para não puxá-lo em um abraço e esquecer aquilo de vez.

— Acabou, Jimin. — disse apenas, enquanto o loiro permanecia de cabeça baixa, e saiu da cozinha, deixando o outro só.

Jimin virou-se de costas e cobriu o rosto com as duas mãos, sentindo-se livre para deixar as lágrimas que segurava há algum tempo rolarem de vez, e soluçou baixinho.

— Eu vou dormir no dormitório do Yoongi. — ouviu a voz de Jungkook atrás de si, mas não virou-se para encará-lo. Não naquela situação humilhante em que se encontrava. — Eu... vejo você amanhã.

E como se não estivesse humilhado o suficiente, em meio aos seus soluços procurou por seu celular dentro da bolsa e discou um contato já familiar.

— Tae? — chamou, quase em um sussurro. — Você pode vir até aqui, por favor? Eu preciso de você.