Ela sabe

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HEEEEEY ESTRELINHAS nossa que saudade passar duas semanas longe aqui é TORTURA porém eu literalmente acabei esse capítulo hoje pra vcs terem noção das coisas ai ai.

Eu espero que vocês gostem.

Amo vocês.

PS: tudo em espanhol foi o google então perdoem se escrevi errado.

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A voz da minha mãe estava alta enquanto ela gritava palavras e frases em espanhol e, mesmo sendo minha língua nativa, eu não conseguia entender. Eu não conseguia entender absolutamente nada. Tudo que sentia era meu coração acelerado, minhas mãos tremendo e suando, minha cabeça doendo, todo meu corpo tenso e assustado. Nem mesmo conseguia puxar o ar corretamente para meus pulmões, ou tomar alguma atitude. Não sabia o que fazer.

Eu tinha essa fantasia na minha cabeça, onde estaria em Miami com minha família. Estaríamos na mesa de jantar, conversando e rindo sobre qualquer coisa enquanto aproveitávamos a comida excelente que minha mãe fazia. Durante a sobremesa eu iria tomar coragem e enfim dizer a eles que sou lésbica. Na minha cabeça minha mãe iria abaixar a colher e me encarar confusa e surpresa enquanto meu pai iria se levantar e me abraçar dizendo estar orgulhoso da minha coragem de dizer a eles, afirmando que nada iria mudar. Sofia ia ser a melhor irmã do mundo e simplesmente dizer algo como 'tá bom, posso comer seu sorvete?'. Depois de alguns segundos de agonia minha mãe iria sorrir carinhosamente, se levantar e me abraçar também, prometendo que ainda me amava e que estava feliz por mim saber quem eu sou.

Mas é claro, era apenas uma fantasia idiota que eu continuava a alimentar e criar diálogos há três anos desde que me descobri. No fundo da minha mente eu sempre soube que aquilo nunca iria acontecer. Ainda assim eu não esperava que minha mãe invadisse o apartamento alugado de minha namorada e me encontrasse terminando de vestir minha calça, usando uma camiseta que não era minha, ainda descalça. Essa situação deixava tudo pior.

— ¿Que estabas pensando, Karla?  Dios mío, debería saberlo! ¿en qué fallé contigo? — foquei novamente no que minha mãe dizia e franzi o cenho enquanto a observava olhar ao redor — No fui como te crié! Que piensas...

— Sra Cabello...

— No hables conmigo hija de...

— Mama! — interrompi, sentindo meu coração acelerar ao ver minha mãe se virando para minha namorada que parecia incerta sobre o que fazer.

Vi minha mãe respirar fundo, voltando a atenção para mim. Acho que o desprezo e o nojo em seu olhar doeram mais do que qualquer palavra que ela poderia dizer.

— Vamos embora, Karla. Agora. — ordenou, me dando as costas e praticamente marchando para fora do apartamento — Eu disse agora Karla! — insistiu mais alto quando não me viu a acompanhar.

Pisquei algumas vezes tentando me lembrar como fazer meu corpo funcionar e, quase que roboticamente, peguei meus tênis e os coloquei com pressa enquanto ainda sentia a ansiedade fazendo meu estômago doer como se houvesse ácido corrosivo por dentro de mim. 

— Camila — ouvi o tom preocupado de Hailee e me virei em sua direção, notando seus olhos confusos e em dúvida. Senti meu coração se apertar por ela ter presenciado aquela cena justo no dia de hoje.

— Eu vou ficar bem — garanti, mesmo que as palavras não fizessem sentido algum em minha mente.

— Karla Camila, não me faça voltar aí! — ouvi minha mãe gritar da porta e suspirei começando a andar em direção a saída.

Eu não havia dado três passos antes de simplesmente voltar para perto da cama e simplesmente beijar minha namorada. Eu precisava daquele beijo. Precisava sentir seus lábios nos meus. Seu corpo tão próximo que me fazia sentir perdida. Precisava lembrar que ela valia a pena. E que eu valia a pena.

She Keeps Me Warm (Cailee)Onde histórias criam vida. Descubra agora