~POV Mina~
Assim que dei meu primeiro passo pra dentro da casa com móveis caros de cerejeira, associei o local e a aparência do lugar a personalidade dos pais de Momo. Confesso que aquele era o local perfeito para um sequestro, seguido de uma morte lenta e dolorosa. E eu particularmente já estava ficando neurótica.
Ajudei Tzuyu a tirar as malas do carro enquanto Momo e Nayeon abriam as janelas da casa (muito espaçosa, por sinal). Resolvi iniciar a janta, deixando uma pilha de malas encima do sofá e uma breve trilha de água pelo chão. Pela janela do corredor vislumbrei a chuva, caindo forte lá fora.
Ao chegar na cozinha me deparei apenas com uma geladeira, uma mesinha posta para quatro pessoas e uma pia média, tudo coberto por uma espessa camada de pó e sujeira. A janela ainda estava fechada, mas assim que a abri, os feiches de luz revelaram imensas teias de aranha e uma quantidade incontável de baratas pelo chão, remoendo o que restava dos móveis finos de cerejeira.
Por impulso abri a geladeira, me deparando com restos de carne podre e frutas secas, com alguns bichinhos no meio.
-Eca -suspirei, ao olhar dentro da pia e ver pequenos ovinhos postos sobre um amontoado de pele morta, cobertos por escamas.
Ovos de cobra, deduzi. Coloquei todos em um pequeno pote na pequena mesa coberta de pó e abri a torneira para lavar a pia, mas como imaginei, nada saiu de dentro da mesma, a não ser uma pequena barata que talvez estivesse entalada nos canos. Independente de onde viera, a matei antes que entrasse por meu nariz e colocasse ovinhos em meu cérebro.
Fui então até o banheiro, afastado da casa, onde Momo fazia uma faxina rápida para que o mesmo pudesse ser utilizado antes do dia escurecer por completo.
-Ei, onde fica o registro da água? -perguntei quase casualmente, me escorando no batente da porta e evitando olhar para dentro.
-Registro? -parou de esfregar o chão e me olhou com expressão levemente confusa.
-Sim -tentei de novo- Aquela alavanquinha que a gente usa pra ligar a água.
-Ahh -coçou a cabeça e piscou duas vezes.
-Você sabe onde fica?
-Na verdade, quando minha família e eu vinhamos passar o verão aqui, geralmente eu era obrigada a puxar água do lago, ai minha Omma fervia e usava pra fazer o almoço e lavar a louça. Receio que você tenha que fazer o mesmo..
-Okay, você nos trouxe para um deserto sem água e com a cidade mais próxima a 300 quilômetros de distância, tudo bem -me virei para ir embora, e a ouvi suspirar.
-Sinto muito, mas meus pais sabiam que eu odeio ficar aqui, então era o lugar menos provável para nos encontrar.
Não me virei, apenas assenti e ela pareceu entender o gesto, se virando para terminar o serviço no banheiro. Enquanto a mim, peguei um balde qualquer que encontrei pelo chão e passei reto pela porta de trás, atravessando um pequeno matagal para chegar até o lago.
Assim que me aproximei de sua margem, o familiar cheiro de sangue invadiu meu nariz e tive que parar um pouco para respirar fundo, olhando ao redor para ver de onde o odor vinha. Foi apenas quando me aproximei do lago e comecei a encher o balde com água que me destraí por um instante e vi a pequena mancha de sangue fresco na água, a poucos metros de distância de onde eu estava.
Me levantei com um salto, afastando-me imediatamente da borda do rio e pondo a mão no peito para tentar acalmar as batidas desenfreadas de meu coração. Não funcionou, e levei pouco tempo para perceber que era tudo coisa de minha imaginação. Ao cravar meus olhos na água escura me convenci completamente disso e me aproximei novamente.
Antes mesmo que pudesse alcançar a água, ouvi um grito agudo vindo de detrás da casa, seguido de um barulho ensurdecedor de madeira caindo. Entrei em pânico e sai desenfreadamente para de onde ouvira o grito, deixando o balde na beira do lago.
Assim que meus pés se enroscaram na grama e cai sem equilíbrio no chão duro de barro, senti uma pele fina se enroscar em minha coxa no chão, e, ao inclinar a cabeça um pouco, pude avistar de canto de olho a grande cascavel agitando a língua, nervosa, sobre seu corpo.
Bom, eu acabara de encontrar a dona dos ovinhos e estava definitivamente nas mãos da morte..
CONTINUA.
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Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}
FanfictionEm um mundo em que somos dominadas por nossos próprios pais, poderá esse amor vencer as barreiras do tempo ou seremos apenas mais vítimas do medo? ATENÇÃO : FANFIC PASSANDO POR INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO