~POV Momo~
Acordei com um solavanco, como se estivesse em meu quarto e alguém, por alguma razão, tivesse esbarrado na cama. Quando abri meus olhoa, o teto acima de mim era branco, o que me fez levantar bruscamente na mesma hora em que o vi.
Eu estava, de fato, deitada em uma cama.As paredes ao meu redor era de tons pasteis, a cama na qual estava deitada era rústica e um tanto desconfortável. A minha frente se erguia uma cortina desgastada. Me virei de lado, sentindo meu corpo todo amortecido. Independente do que tivesse me levado a aquele lugar, eu tinha que sair dalí. Reunindo todas as forças que restavam, sentei-me na cama, fazendo a mesma ranger sob meu peso.
Como o quarto em sí se encontrava em silêncio e em total escuridão, me apoiei na cabeceira da cama para conseguir levantar, minhas pernas doloridas pareciam recém saidas de uma sessão de agachamentos. Com um pouco de dificuldade, consegui me manter em pé, mas assim que tentei dar um passo adiante uma tontura nauseante me deminou. Esperei.
Em silêncio, contei até 100, torcendo avidamente para que a náusea passasse logo. Aos poucos minha visão clareou e eu dei um passo a frente, ainda apoiada na cama, puxando a cortina desgastada que me separava dos outros leitos. Haviam centenas de camas próximas as minhas, mas apesar de todas estarem ocupadas, evitei contato com elas. Evitei contato visual com as pessoas ali presentes. O silêncio estava se tornando cada vez mais pesado, mas aí ouvi o barulho das maquinas trabalhando.
O ar era abafado, os corredores eram gélidos, e eu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo enquanto me retirava silenciosamente do quarto. Minha cabeça girava, enquanto a camisola desgastada do hospital se arrastava pelo chão conforme eu caminhava. Minha boca estava seca, mas quando dei por mim já estava na recepção. Uma moça magrela encontrava-se recostada na mesa, em sono profundo, mas não pareceu notar minha aproximação pois não moveu-se um centímetro sequer. Suspirei.
-Moça -sussurrei, para que a mesma não acordasse sobressaltada, mas ela não pareceu ouvir.
Me aproximei da mesa, cutucando a mesma no ombro direito, acordando-a. A jovem quase caiu da cadeira a meu toque, derrubando seu celular e alguns documentos no chão. Permaneci em silêncio para que pudesse se acalmar. Ela levou a mão ao peito, respirando profundamente. Virou-se, pegou os papeis e o telefone no chão e voltou a se sentar, de costas pra mim.
-Moça -murmurei novamente, mas ela não parecia me ouvir- Moça....
Eu estava começando a entrar em desespero, mas antes que pudesse toca-la novamente, um alarme soou em todo o hospital, e quando dei por mim o corredor foi imediatamente tomado por um número inestimado de médicos e enfermeiros. A moça da recepção virou-se para o computador, e quando olhou pra frente pareceu não me notar.
Balancei as mãos a sua frente, tentando chamar a atenção, mas foi aí que os ví.
Atravessando o corredor com uma pressa inexplicável, vinham dois médicos e uma enfermeira, encaminhando uma maca em alta velocidade para a sala de cirurgias. Não sei dizer o porque, mas assim que avistei o corpo passar na minha frente (quase encima dos meus pés), fui atrás para ver quem era.
Comecei a correr em disparada, passando por pessoas chorando e por enfermeiras com as roupas cobertas por sangue. Eu corria em dispara, seguindo o frágil carrinho por uma duzia de corredores e deixando diversas portas abertas no caminho.
Depois de um bom tempo, os paramédicos enfim pararam, diante da porta da sala do centro cirúrgico. Aos poucos a freqüência de meus passos diminuiu, mas meu coração ainda batia forte enquanto eu chegava mais perto. As máquinas ligadas ao frágil corpo apitavam insistentemente, alertando uma parada cardíaca. Me aproximei, cobrindo a boca ao me deparar com o semblante inconsciente da jovem.
Deixei um grito de pavor escapar, enquanto as maquinas apitavam cada vez mais ferozes.
Aquela, deitada na maca enferrujada do hospital, com a vida por um fio e um semblante assustado, era eu.
CONTINUA.
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Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}
FanfictionEm um mundo em que somos dominadas por nossos próprios pais, poderá esse amor vencer as barreiras do tempo ou seremos apenas mais vítimas do medo? ATENÇÃO : FANFIC PASSANDO POR INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO