(POV Momo)
Já são 9:00 da manhã quando termino de me vestir e desço ao segundo andar pra tomar café da manhã, ignorando completamente meus princípios de garota pontual e já ciente de ter perdido o primeiro período de aulas.
A verdade é que, com o braço enfaixado e o corpo dolorido, me vestir pra ir pra escola se torna algo bastante complicado, mas meus pais não parecem ligar muito quando apareço coberta por hematomas na mesa de jantar.
Puxo uma cadeira, completamente exposta ao campo de guerra que meus pais erguem ao meu redor, e sirvo uma xícara de café puro sem nenhuma cerimônia.
Mamãe meche em silêncio em seu celular e papai assiste um noticiário na recém ligada televisão, ambos criando muralhas de gelo fingindo não se importar.
—Atrasada de novo? —mamãe resmunga por fim, sem me olhar, bastante concentrada em seja lá o que estiver acontecendo em seu celular.
—Eu apenas não to afim de assistir as aulas de química e biologia hoje —respondo, pegando um pão de queijo no prato a minha frente e enfiando-o na boca de uma vez só.
—Esse é o seu problema, Momo, você nunca está afim de fazer as coisas —dessa vez é meu pai quem alfineta.
—Pelo menos lá dentro eu tenho liberdade, estou em um ambiente no qual ninguém me conhece e sei bem me virar sozinha.
—Sabe se virar sozinha? —mamãe deixa seu celular de lado sobre a mesa e me fita com uma expressão divertida— Então como foi que você arranjou todos esses hematomas no corpo e o que você fez nesse braço enfaixado?
—Não interessa, você não sabe o que eu tiv...
—Não me interessa o que você teve que enfrentar ontem, o que me interessa é o que você planeja enfrentar HOJE.
Sem entender sua ameaça e notando a ausência de Mina e Jimmy na sala de jantar, permaneço em silêncio a incitando a continuar.
—Eu demorei pra entender seu motivo pra sentir tanto prazer em estar fora de casa, mas acho que agora eu entendi a sua... Lá fora você não precisa seguir regras, não é? E quando falo em regras, você sabe que me refiro a uma em especial : você está proibida de ficar perto da Mina —mamãe fala, o veneno escorrendo conforme as palavras deixam sua boca— Mas antes que você possa tentar uma aproximação longe daqui, saiba que mesmo lá fora, vocês não vão poder ficar juntas.
—Não importa o que faça, a familia dela já aceitou o casamento arranjado e será apenas uma questão de tempo até ela ser convencida a aceitar também, mas caso contrário, ela não tem escolha —papai ri.
—Então vocês sugerem que eu faça o que, fique na minha servindo de tapete vermelho pra vocês passarem por cima?
—Se Jimmy não se casar com Mina até o fim desse verão, você será a responsável. Todos sabemos que você tem uma espécie de pacto, uma amizade especial com ela, então cabe a você convence-la de que aceitar o casamento será o melhor pra ela. E, afinal, não tente nenhuma gracinha, como pretende salvar Mina se você mesma não consegue salvar? —mamãe pergunta, a sinceridade de suas palavras cravando um buraco profundo em meu peito.
—Afinal, se você não calar a boca da Mina por vontade própria, nós mesmos a calamos por você —papai sibila, desligando a televisão e se retirando do cômodo com uma tranquilidade surreal.
Fico parada por um tempo, o bolo de queijo ameaçando voltar, mas por fim opto por sair dali e pego minha mochila muito atrasada para ir pra escola. Assim que abro a porta, dou de cara com Mina me esperando, sentada na calçada, preocupada com minha aparência enjoada e levemente irritada com o meu atraso.
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Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}
FanfictionEm um mundo em que somos dominadas por nossos próprios pais, poderá esse amor vencer as barreiras do tempo ou seremos apenas mais vítimas do medo? ATENÇÃO : FANFIC PASSANDO POR INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO