Cap 42 : Sua Estrada

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~POV Mina~

*AVISO : Capítulo Tenso*

Olhei estática pela janela, sentindo uma animação fora do comum me tomar. Minha pele vibrava, meu coração acelerava, e por um momento senti como se minha alma saisse do corpo. Fui acordada de meus devaneios pelo bom velhinho estacionando o caminhão diante do posto de gasolina, me avisando que desceria para comprar alguma coisa pra gente comer. Foi ai que meus nervos vireram a flor da pele e me virei para minha namorada afim de conversar um pouquinho. Ou talvez namorar um pouco.

-Enfim sós -sussurrei, rouca, sentindo minha cabeça latejar.

Ela, que até agora se encontrava quieta olhando pra paisagem lá fora, se voltou pra mim séria e pareceu não entrar no meu jogo.

-Deseja alguma coisa? -perguntou, fria.

-Ãhhhmm... Que tal a gente aproveitar esse momento aqui?

Ela continuou me olhando sem entender, mas sem me dar espaço pra continuar se virou pra janela novamente.

-Eu tava pensando se podíamos aproveitar esse momento sozinhas pra namorar um pouco... Sei que você não ta feliz, já que toda vez que "tentamos" tem alguém perto..

-Espera ai -ela virou-se novamente pra mim, levemente irritada- O que quer dizer com isso?

-Ãh? Nada, é só que toda vez que tentamos.. Nos divertir um pouco.. Tem alguém perto, e eu entendo você estar braba comigo, de verdade..

-Ta querendo insinuar que eu to brabinha por falta de sexo? Foi isso mesmo que eu ouvi? -gritou incrédula, cruzando os braços.

-Não é? -perguntei confusa de volta.

-Que tipo de pessoa você acha que eu sou, hein Mina? Acha que namoro você por causa do corpo? Ou do dinheiro? Porque fica me comparando com meu irmão?

-Não foi isso que... Eu quis dizer -murmurei sem entender o que estava acontecendo.

Momo então ficou lá, me encarando com olhar fulminante, e resolvi por um fim na discussão de maneira casual. Engoli em seco e me aproximei da mais nova, mas quando estava prestes a unir nossos lábios fui empurrada violentamente pra trás.

-Porque você fez isso?! -praguejei alto, esfregando minha cabeça, a qual bati no painel no momento da queda.

-O que você acha que ta fazendo? Que história foi essa de me beijar? Ta ficando maluca? -a mesma respondeu, abrindo a porta do caminhão e saltando graciosamente pra fora- Eu não reconheço você Mina, é sério.

Com isso fechou a porta na minha cara, e o minimo que consegui fazer foi correr para a porta, abrir o vidro e perguntar onde ela ia.

-Vou no banheiro jogar uma água no rosto, e peço que não venha atrás de mim. Não quero ficar perto de você -respondeu sem se virar.

Eu teria protestado, não fosse o barulho da porta do motorista ser aberta e o bom velhinho entrar.

-Ah, está aqui.. A Momo foi no banheiro, eu.. Espera, você não ia comprar algo pra comer? -perguntei confusa, encarando-o.

O mesmo me ignorou, trancando a porta do caminhão e girando a chave na ignição. Fora até a lanchonete, mas voltara de mãos vazias, o que fez os pelos de meu corpo arrepiarem. Havia algo muito errado ali.

-Hey -chamei o senhor, sem receber resposta- HEY!!

O mesmo simplesmente me ignorou, dando ré no caminhão sem sequer olhar pra mim. A essa altura eu já estava totalmente em panico, tentando abrir a porta e fugir sem sucesso.

-ME DEIXA SAIR DAQUI POR FAVOR SOCORRO -gritei junto a janela, para em seguida ser puxada brutalmente para longe da mesma.

-Cale a boca, sua vadiazinha, você está chamando atenção. Trate de sentar ai e calar a boca, se não quiser que eu dê um jeitinho nem um pouco amigável em você -senti a dureza das palavras do ancião paralizarem meu corpo, enquanto o desespero me dominava. E comecei a chorar.

Eu precisava fugir antes que aquele velho fizesse alguma coisa comigo. Já estávamos deixando o posto de gasolina pra trás quando a avistei pelo espelho retrovisor. A mais nova corria desesperadamente em direção ao caminhão, mas não teria chances de nos alcançar.

-Momo me ajudaaaa -gritei, me pendurando na janela aos prantos.

-Mina, aguenta firme -gritou de volta, mas eu podia ver claramente a mesma ser deixada pra trás.

-EU FALEI PRA CALAR A BOCA E SENTAR, QUE PARTE DISSO VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU SUA VAGABUNDA? -o velho berrou pra mim, me puxando pra longe da janela, e antes que eu pudesse fazer alguma coisa, vi algo anormal nos olhos do mesmo.

Era um brilho verde cintilante, nada comum para pessoas normais, e assim que meus olhos entraram em contato com os seus meu corpo parou de lutar e sentei-me no banco do carona. Um grito se abafava em minha garganta, enquanto o velho se voltava para a estrada e acelerava o caminhão. Algo em seus olhos me alertou a ficar quieta, e senti um poder sobrenatural emanar do mesmo e tomar meu corpo. Como se pudesse me controlar.

Eu quis correr, mas me sentia como se enfeitiçada, presa dentro de meu próprio corpo. O brilho no olhar do idoso era anormal, algo que, só de lembrar, me fazia chorar ainda mais. As lágrimas desciam silenciosas por meu rosto, e minha vontade de gritar era a cada minuto mais sufocada.

Meu fim estava próximo, e o de Momo também.

CONTINUA

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