Cap 39 : Essência

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~POV Momo~

Dei uma última olhada pros olhos enegrecidos de jagi antes de me virar para Xiumin. O barulho ensurdecedor do alarme de incêndio preenchia meus ouvidos, enquanto os policias ficavam a cada passo mais próximos da sala de cirurgias. Xiumin era um psicopata assassino em série, eu e Mina duas foragidas clandestinas. Não havia tempo a perder.

-Jagi, escuta bem -puxei a mais velha pra perto- Eu vou distrair o Xiumin, e você da um jeito de abrir aquela janela ali, ta vendo? -apontei para a mesma no canto da sala- Quando os policias chegarem e pegarem o Xiumin, a gente pula.

-Mas..

-Nós vamos ser presas Mina, somos foragidas, se formos pegas e meus pais puserem as mãos em você.. Vamos morrer nós duas Jagi.

Ela pareceu repensar o assunto, observando por canto do olho a janela enferrujada. Quando se virou novamente pra me encarar, esbocei um meio sorriso e a mesma acentiu. E foi nesse momento que ouvimos os disparos..

-Ei vocês, o que estão fazendo ai? -um homem de meia idade com trajes da polícia local surgiu, impondo uma arma em mãos e rendendo-nos- Passem-me seus documentos de identificação.

-Vai -empurrei Mina, me virando para Xiumin- Desculpe-me senhor, mas meus documentos estão com ele..

-Os documentos, por favor.

-Já os mostro, senhor -Xiumin começou então a revirar os bolsos da calça.

Com uma simples olhada em minha direção, o mesmo entendeu o que seria necessário fazer. Eu e Mina precisávamos ir, pois ele particularmente saberia se virar sozinho. Se ele queria vingança, se queria a mais velha, autoridades não deviam ser envolvidas.

-Momo -Jagi chamou, se pendurando no parapeito da janela- Está vindo um caminhão logo na esquina, se pularmos agora conseguiremos carona pra fugir, vem logo!

Dei uma última olhada para o garoto de cabelos escuras atrás de mim e corri, em direção a janela.

-Esperem, vocês duas -ouvi o policial bradar, impondo a arma em mãos- Mais um movimento e eu atiro!

-Bom, acho que não vai não -Xiumin retrucou, atacando o oficial.

Já estava prestes a me virar e fazer alguma coisa, mas fui impedida por Mina me puxando pelo braço. Sentei a seu lado na janela, respirando fundo o ar frio da noite e apertando sua mão firme na minha. A altura a qual nos encontravamos era nauseante, então hesitei quando a grande carreta se aproximou da janela.

-Segura minha mão e aperta se sentir medo -Mina sussurrou pra mim, me puxando para o imenso vazio da noite. Mordi os lábios para não gritar.

As luzes da cidade pareciam-me vagalumes, enquanto o disparo de armas no quarto de cirurgia era a cada instante mais insurdecedor. Senti o caminhão embaixo de mim, despertando de pensamentos distantes. Mina suspirou aliviada a meu lado, mas não pude ver seu semblante sob o ambiente sem luz. Por fim, a abracei forte, tentando aquece-la no duro frio da noite.

-Você está bem? -perguntou após um tempo, sua voz formando vapores brancos no ar.

-Estou. Você está? Foi um dia longo pra você, espero que Xiumin não tenha te feito... Nada ruim..

-Calma, eu to bem, vou ficar bem. Estamos indo embora daqui, e, bom, a gente ta juntas agora -riu- Você quase morreu.. E agora estamos encima de um caminhão indo pra Deus sabe onde, é, estou bem, ótima, você está aqui agora, então está tudo bem. Eu..

-Ei, pare um pouco de falar -me soltei de seus braços calorosos e puxei seu rosto para perto do meu- Independente de pra onde formos, eu prometo que vai ficar tudo bem.

-Você acha mesmo, Momo? -senti seu hálito de hortelã atingir meu rosto.

-Hum -envolvi nossos lábios- Farei dar certo, de um jeito ou de outro -a beijei de forma terna e quente.

Em um piscar de olhos suas mãos estavam em meus cabelos, meu corpo esmagando o seu, mas ainda assim essa proximidade ainda não era suficiente. Passei, então, a distribuir pequenos beijos por seu pescoço, descendo até o decote da blusa. Voltei-me novamente para sua boca, mas antes que pudesse beija-la a mesma me puxou para perto e invertemos as posições, com a mesma jogando seu corpo contra o meu.

Soltei um gemido alto quando o caminhão parou na sinaleira, dando um solavanco que desiquilibrou Mina, fazendo-a ser arremessada contra o teto do veículo. Imediatamente me sentei, tateando o chão em sua procura. Quando minhas mãos encontraram seu rosto, a mesma estava chorando.

-Ei, vem cá -a puxei para meu colo, Jagi abafando os soluços contra meu peito- Vai ficar tudo bem Mina, eu promprometo pra você, não vou deixar que mais nada te machuque assim..

Ela não respondeu, apenas me abraçou mais forte e envolvi-a em meus braços de forma protetora. Sua testa sangrava, devido a pancada que levara ao se chocar com o chão, por isso arrancara um pedaço de minha blusa e dei para a mesma estancar o sangramento. O caminhão já voltara a andar, e eu abraçava forte a mais velha a cada curva inesperada. Com o tempo, a mesma dormira, segura em meus braços. Com o tempo, acho que dormi também, intoxicada no calor de sua doce inocência.. 

CONTINUA..

Enquanto as Ondas Quebram {Mimo} Onde histórias criam vida. Descubra agora