~POV Mina~
A janela ao meu lado estava aberta, mas como estávamos no segundo andar, pular não seria a melhor opção. Olhei ao redor discretamente, para as paredes cobertas por fotos, a velha mobília de cerejeira, mas realmente não havia como fugir. A porta mais próxima era a do meu quarto, mas Xiumin erguia-se como uma sombra a sua frente. Se eu corresse, haviam inúmeros riscos de cair da escada no final do corredor. Não acho que bater a cabeça e entrar em coma naquele momento ajudaria..
-O que você quer? -falei, minha voz ecoando por toda a extensão do corredor nebuloso.
-Eu quero você. Sabe disso. Você é minha, querida, pode ter fugido de mim uma vez, mas não dará tanta sorte esta noite.
-Você é um monstro, Xiumin.
-E você uma garotinha ingênua. Tenho pena de você..
Reprimi o impulso de sair correndo, sentindo meu corpo irrigecer e se tornar rocha. Eu suava frio, enquanto sustentava o olhar de Xin no meu. Engoli em seco, o que fez o mesmo sorrir.
-Eu senti sua falta, Myoui. Depois que os paramédicos te levaram, acredite, eu voltei ao apartamento e peguei algumas de suas roupas favoritas -sua voz era suave como algodão- Queria levar seu cheiro comigo para todos os lugares, isso fazia com que eu te sentisse mais perto..
Absolvi aquelas palavras, olhando no fundo dos olhos de meu agressor. O sangue fervia, minhas mãos se fechavam em punhos firmes. Podia ser ingenuidade de minha parte, mas eu acreditava ser capaz de me curar sozinha. Os cortes nunca fecharam : toda vez em que cicatrizavam, eu os abria novamente com uma lâmina de apontador. Yun? Eu a perdera pra sempre.
-O que acha de vir comigo, Mina?
Levantei a cabeça, procurando pela voz que me chamara. Encontrei os olhos de Xiumin sobre mim, a poucos metros de distância. Eu podia sentir seu cheiro, a mesma fragrância adocicada de muitos anos atrás. A mesma fragrância com a qual me afoguei anos atrás...
-Do que você ta falando? -perguntei.
-Venha comigo pros Estados Unidos, vamos voltar para o Texas. Você nunca devia ter saido de lá, meu amor.
-Está querendo me levar de volta pra um lugar no qual você me agrediu, que você passou por cima das minhas vontades.. Está querendo que eu volte para que você possa me matar? Terminar o serviço?
A luz da lua iluminou seu rosto, exibindo de relance um sorriso triste e opaco. Eu podia jurar que, no momento seguinte, seus olhos iriam escurecer e ele partiria para cima de mim. Minha pele arrepiou.
-Tudo bem então -respondeu simplesmente.
-Você não vai me obrigar? -exclamei, incrédula.
-Não, você fez sua escolha. Mas, como disse, tenho que terminar meu serviço. Os pais de Momo ficarão desapontados com sua escolha, mas, bom, estava tudo em suas mãos..
-Como assim os pais de Momo? O que eles tem a ver com seu "serviço"?
A essa altura minhas mãos tremiam, e eu temia que minhas pernas fraquejassem. Xiumin apenas gargalhou alto, murmurando um arsenal de clichês incompreensiveis.
-Você é ingênua, minha cara. Ainda não se deu conta? Sério mesmo Myoui?
-Eu não sei do que você está falando.
-Sua tola, porque acha que eu vim aqui? Pra matar você? É claro que não, sua namorada vai me render bem mais dinheiro.
Uma onda de medo me dominou, enquanto uma avalanche de lembranças distantes despertou novos flashbacks na minha cabeça, eu e Momo em diversos lugares. Juntas. Nosso primeiro beijo, suas mãos em minha nuca, seu corpo despido contra o meu. Fui preenchida por fúria, dando um passo a frente. Comigo ele podia fazer o que quisesse, mas com Momo não.
-Escuta aqui, seu idiota..
-Escuta aqui você -ele interrompeu, sem mover um músculo sequer- Eu não matei Momo lá embaixo, mas posso matar agora se quiser. Você não quis vir comigo, é a sua vida ou a de Hirai. Meus chefes vão pagar bem, de qualquer forma..
*Meus chefes vão pagar bem*
*a sua vida ou a de Hirai*
Desde quando ele sabia tanto sobre Momo para chamá-la pelo primeiro nome? Juliette.. Ela dissera algo sobre assassino de aluguel.. Espera aí..
-Você é meu assassino de aluguel.. -pensei, talvez um pouco alto demais.
-Exato -exclamou, todo cheio de orgulho e atitude. Deu um passo a frente, depois outro.. - Os pais de Momo me contrataram para mata-la, mas resolví fazer diferente. Se você vier comigo, eu não machuco ela.
Eu queria correr, mas não tinha pra onde.
-Por isso você não a matou mais cedo, você queria um acordo..
-Vejo que é muito inteligente, minha cara Mina, mas apenas inteligência não irá lhe salvar de mim agora. Os pais dela querem vocês duas separadas, mas você viva.
-Eu não vou deixar você encostar na minha namorada! Pode ficar com a minha fortuna, se quiser, mas com Momo você não se mete!
Dessa vez fui eu quem dei um passo a frente, o sangue subindo por todo o meu corpo, um misto de sentimentos me dominando. Não pensei duas vezes quando o ataquei, desferindo um soco profundo no estômago.
Ele imediatamente tombou no chão, de joelhos, mas em questão de minutos se recuperou e levantou a mão direita em minha direção, revelando uma navalha fina de prata. Por um momento me arrependí de te-lo atacado primeiro.
Tentei correr, mas assim que me virei o mesmo me pegou pelo braço e me jogou contra o chão. Acabei batendo a cabeça, sentindo imediatamente o sangue escorrer por meu rosto. Irrubecí.
-Você fez sua escolha, Myoui -sussurrou, a poucos centímetros de mim- Já vá dizendo adeus a sua namoradinha, porque não irá vê-la nunca mais. Vou mata-la, mas você vem comigo. Agora sou eu quem faz as regras.
Sentei, para em seguida ser atingida por um forte tapa no rosto. Eu agora rastejava, em direção a escada, tentando me afastar de Xiumin o mais rápido possível. O sangue da minha cabeça se espalhava pelo chão, manchando minha roupa favorita. Minha respiração estava entre cortada, contratando com minha voz já rouca. Eu precisava sair dalí.
Assim que alcancei as escadas, me apoiei na parede, tentando me levantar. Minha cabeça girava, mas consegui sustentar meu corpo em pé novamente. Assim que me encontrei em condições para descer as escadas, fui erguida no ar.
-Me solta -murmurei, suas mãos em meu pescoço, o apertando forte.
-Você vem comigo, querida.
Semtí meu corpo balançar, enquanto era arrastada escada abaixo. Assim que fui solta no chão, comecei a gritar por socorro, mas não havia ninguém na casa.
-Não se preocupe com suas amiguinhas, elas foram ao hospital acompanhar Momo, e deixaram o carro pra você ir depois -disse, se aproximando de mim no chão e acariciando meu rosto- Ou melhor, para nós irmos.. Temos um longo caminho a seguir, meu amor, mas uma coisa posso garantir : ficaremos juntos no final -gargalhou, enquanto meu mundo ruia pouco a pouco.
CONTINUA.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}
FanfictionEm um mundo em que somos dominadas por nossos próprios pais, poderá esse amor vencer as barreiras do tempo ou seremos apenas mais vítimas do medo? ATENÇÃO : FANFIC PASSANDO POR INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO