3. Idas e Vindas num Ano Escolar

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(POV Mina)  *6:00*

Antes que o sol raiasse e sem querer acordar minha cunhada, que dorme profundamente a meu lado na cama, abro cautelosamente a porta do quarto e saio.

Jimmy me espera do lado de fora, e deixo-me guiar na escuridão fria do corredor.

(POV Momo)  *8:00*

Quando o despertador toca para minha segunda-feira de volta as aulas, levanto da cama com um salto e corro pra debaixo do calor de meu chuveiro.

Entro no banheiro, tiro o pijama, ligo a água quente e fico lá parada até sentir-me 100℅ disperta, desligo tudo e corro de volta pro quarto envolta na minha toalha branca.

Com pressa, escancaro as portas do guarda roupa e tiro meu uniforme amassado de lá, vestindo-me sem cerimônia e com a certeza de já estar atrasada.

Pego a mochila, escovo meus cabelos e quando olho pro chão Mina não está lá.

Seu colchão de solteiro está vazio.

Depois de sair de casa apressada e andar cerca de dois quarteirões, chego a escola após alguns minutos, correndo desesperadamente para o andar B procurando não trocar olhares com os colegas já conhecidos no corredor.

-Bom dia -minha melhor amiga está a minha espera na porta da sala de aula, a auto estima plena e inabalável como sempre- Pensei que não te veria aqui até o final do verão...

A cumprimento com um abraço apertado.

-Sabe como é, seria chato demais ficar em casa e só voltar em Março, principalmente com meu irmão e essa história de casamento.

-Jimmy Hirai inventa cada coisa -ela sacode a cabeça, pensativa.

-Pois é, mas prefiro ficar de fora das invenções malucas dele... Afinal, você não aguentaria até o final do verão sem me ter por perto.

-Convencida, minha cara Srta. Hirai, mas você tem toda a razão -ela sorri.

Lado a lado, Susie e eu adentramos a sala de aula repleta de alunos e nos sentamos na última dupla de classes, as mesma mesas que usamos desde o 2° ano do fundamental .

-Já que você não veio semana passada -começa Su- Saiba que Jennie Queen e sua tribo de compactuantes voltaram com a bola toda esse ano.

Olho pra frente, vendo o grupo citado adentrar a sala e ocupar seu lugar na primeira fileira de classes.

-Pois eu não estou disposta a aguentar desaforos este ano, ela vai se ver comigo se disser alguma coisa pra você... -digo, com raiva.

Eu conheço Jennie Queen desde meus 15 anos e não é novidade pra ninguém o fato de nós duas termos uma relação. Mas, depois de exatos 3 anos estando com ela a base de ameaças e espancamento, é meu último ano na escola e não pretendo aguentar desaforos.

-Como o bebê está? -pergunto, mudando de assunto- Jennie Queen bateu de novo em você?

Su alisa sua barriga com carinho e dá um longo suspiro, acentindo devagar com a cabeça. Ela tem medo que sua agressora possa ouvir sua confissão, todos tem medo.

-Meu bebê está bem, eu tratei de proteger a barriga quando ela...

-Eu sei. Ela não vai mais fazer isso com você. Eu não vou permitir.

Para muitos era novidade a bela ruiva de 17 anos na classe a meu lado estar gravida de três meses, mas para mim e sua irmã mais velha (que é quem cria Susie) é uma grande tarefa seguir protegendo-a do mundo.

Na escola, enquanto sou rodeada por garotas valentonas querendo arrancar minha alma do corpo, minha única preocupação é Susie e o bebê que carrega em seu ventre.

Já perdi a conta de vezes em que apanhei no lugar dela.

-Okay alunos -a professora de inglês adentra a sala no exato momento em que o sinal lá fora toca- Chega de conversa, vamos retomar a lição da aula passada...

Enquanto tiro meus cadernos muito bem encapados da mochila e dou um sorriso doce pra minha melhor amiga sentada na classe ao lado, um bilhete amassado e sujo cai sobre minha mesa.

A mensagem escrita em suas linhas é simples : Jennie Queen, a valentona que quase fez Susie perder seu bebê a base de pancadas, quer me ver depois da aula.

"Uau Jennie", penso, irônica, "Mal posso esperar pra você tocar em mim..."

*12:56*

Mal deixo Susie seguir seu caminho ao lado de sua irmã e sou interceptada por Jennie Queen, que me espera ansiosa do outro lado da rua.

-Já deixou a arrombada da Susana na segurança dos bracinhos fracos de sua protetora... Agora você é minha -ela me beija com violência, agarrando meus cabelos brutalmente.

-Ei ei ei -a empurro, irritada, não retribuindo seu beijo- Em primeiro lugar, Susie não é arrombada, e em segundo, NÃO TOQUE EM MIM!

Sua expressão divertida torna-se sombria.

-Quem você pensa que é pra me dizer o que eu posso ou não fazer? -pergunta.

-Eu mando aqui, foda-se a sua opinião.

Me viro para ir embora, mas sinto a mesma segurar meu braço com violência e puxar-me de volta pra si.

-Escuta aqui, quão mais rebelde você for comigo, pior será pra você -ameaça, apertando firme meu braço.

Eu posso sentir meus ossos se romperem por baixo da pele, a dor sentida é insuportável.

Mas Jennie Queen não parece nada preocupada se machucou meu braço ou não, tanto que joga-me no chão como se eu não significasse nada além de um mero saco de lixo.

-Espero que você tenha entendido o recado, Hirai Momo, ou terei que chamar sua amiga Susie para melhor explicar -cospe, dando as costas pra mim e indo embora.

Da próxima vez ela promete deixar marcas maiores em meu corpo do que simples arranhões e um pulso quebrado.

Tomada de dor e sentindo que meus atos heróicos estragaram tudo, não encontro nenhuma alma viva ao atravessar o corredor de minha casa, podendo correr para a segurança do meu quarto e chorar.

Ao bater a porta atrás de mim e jogar-me na maciez de minha cama, ouço Mina sair do banheiro e correr em meu auxílio.

-Você está bem? -ela pergunta diversas vezes.

Mas só o que consigo fazer é chorar.

Ela entende o recado, ajoelhando-se ao lado da cama para me abraçar, e mais tarde é ela quem cuida das minhas feridas.

Eu não consigo abrir a boca e explicar o que me assusta.

O medo me impede de bancar a durona.

Enquanto as Ondas Quebram {Mimo} Onde histórias criam vida. Descubra agora