Cap 34 : Flashback pt 2

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~POV Mina~

Me virei para encara-lo, ciente da dor insuportável em minha coxa direita e do sangue agoniante que escorria por minha pele. Levantei com dificuldade do chão, ficando frente a frente com meu amado. O mesmo tinha em mãos uma lâmina de barbear, a balançando manhosa de um lado pro outro.

-Não se iluda pensando que vai conseguir escapar com vida daqui, Baby Girl -sua voz áspera roçou meus ouvidos, causando arrepios profundos.

O medo deixava meu corpo cada vez mais pesado, mas o sustentei em pé até ser pega pelo pescoço e erguida no ar novamente. As mãos ásperas de Xiumin apertavam cada vez mais minha garganta, mas abafei os gritos de horror até me sentir sonolenta, quase sem ar. Ele olhava no fundo de meus olhos, ciente de minha dificuldade para permanece com vida.

Meus olhos começaram a lacrimejar, se fechando pouco a pouco. Sentia o cansaço atingir cada ponto de meu corpo, me deixando indefesa nas mãos de meu pior pesadelo. Eu estava com sono, enquanto minha visão escurecia e ficava mais turva. No exato instante em que desmaiei, fui solta no chão, batendo a cabeça e acordando momentaneamente.

Sentei-me desesperada, com o coração acelerado, enquanto tomava longas golfadas de ar. Xin se erguia acima de mim, com olhar curioso examinando meu rosto preocupado. Fiquei calada, na esperança de que acordasse daquele pesadelo e que ele parasse logo com aquilo tudo.

-Você é muito tola, Baby Girl..

Juntei todas as forças que me restavam para responder, certa de que minha voz sairia rouca e gaguejada.

-Por-porque diz isso, Oppa?

Ele gargalhou, se sentando no chão ao meu lado como se eu tivesse lhe contado uma piada. Não me movi, ciente da lâmina de barbear a centímetros de minha garganta.

-Vem aqui -sorriu, fazendo um sinal para que eu deitasse minha cabeça em seu colo- Não vou fazer nada com você por enquanto, apenas esclarecer suas dúvidas, okay?

Hesitei, meus olhos cravados na lâmina reluzente, mas acabei por ceder e me aproximei de mansinho. Vendo a desconfiança e o medo estampados em meu semblante, Xiumin me puxou para sí e me envolveu em seu braços, deitando minha cabeça em seu colo e acariciando a mesma. Suspirei.

-Porque você ta fazendo isso Xiumin?

Sua mão de repente se tornou rígida, segurando-me firme pela nuca.

-Xiumin não -murmurou- Você sabe que deve se limitar a me chamar de Oppa.

-Me des-desculpe.. Oppa..

Ele soltou meus cabelos, afastando suas mãos de mim momentaneamente.

-Assim está melhor. Você sabe que eu gosto de coisas bem organizadas, e sou eu quem dita as regras agora.

Pensei em acentir com a cabeça, foi aí que avistei a lâmina a centímetros de distância do meu rosto. Um arrepio atingiu meu corpo, me fazendo irrigecer. Permaneci em silêncio, ouvindo apenas o som urgente das batidas de meu coração. E então, a gargalhada, alta e estridente, preenchendo o quarto todo.

-Você, Kimberly, Niara.. São todas iguais -debochou- São apenas um bando de vadias, mas quando são colocadas frente a frente a um homem de verdade, são todas ratazanas indefesas..

-Homem de verdade? -arquejei, com o coração acelerado. Me sentia prestes a entrar em pânico.

-Mulheres precisam ser educadas, VOCÊ precisa ser educada, e como meu papel de namorado, devo fazer isso -acariciou minha bochecha que queimava fervorosamente- Nem que para isso eu precise usar outros métodos..

Eu estava prestes a questionar, quando aproximou a lâmina de barbear de minha bochecha fria. Quando viu que me calei imediatamente, afastou novamente a lâmina, mas continuou acariciando meu rosto. Prendi a respiração com o choque.

-Se eu fosse você continuaria assim : de boca fechada. Apenas responda a alguma pergunta que eu fizer, mas permaneça quietinha aí para que ninguém se machuque.. Por enquanto não vou machucar você.

-Certo, Oppa.

Ví por canto de olho o mesmo passar as mãos no cabelo, seus olhos demonstrando uma frieza não natural do mesmo. Em que momento eu me tornei tão manipulavel assim? Era manhã de 14 de setembro, estávamos completando 4 anos de namoro, era pedir demais um dia feliz ao lado do garoto que eu amo?

-Eu planejava algo diferente para nós dois, acredita? Eu tinha planos, cara, fazer minha faculdade de geologia, arrumar emprego em alguma empresa de grande porte -demorei a perceber que a voz firme que agora falava era minha- E eu não tinha planos só pra mim. Sabe sua faculdade de engenharia? Quando você terminasse.. Poderíamos nos casar..

A essa altura eu já estava chorando, a tristeza falando mais alto que o medo que sentia. Minha respiração era ofegante, enquanto desafiava meu carcerário e colocava uma lufada de coisas pra fora.

-Mas não, você estragou tudo Xiumin.

-Eu já disse para me chamar de Oppa -me pegou pelos braços e me sacudiu, gritando enfurecido.

-Não to nem aí pra ameaças, seu babaca.

Me desvencilei de seus braços e me pus em pé, tomada pela raiva e pela preocupação. Com o impulso na hora de levantar do chão, acabei derrubando Xiumin encima de uma poça de sangue. O MEU sangue.

-Sua estupida -ele levantou, me pegando pelos ombros e me dando uma bofetada no rosto. Com o impacto eu deveria ter caído no chão, mas quando abri os olhos ainda estava frente a frente com Xiumin.

-Me solta -bradei.

-Nunca -gritou.

Ele começou então a me chacoalhar, quase me derrubando na cama, mas ao passo que me mantinha presa pelos ombros, minhas mãos alcançaram seus braços nus e minhas unhas cravaram em sua pele. Fui arremeçada no chão. Xiumin gritava enfurecido, enquanto me puxava pelos cabelos em direção ao banheiro. Tentei lutar, lembrando da lâmina afiada em suas mãos, mas a única coisa que consegui foi machucar ainda mais meu corpo.

Gritei, quando Xiumin me jogou dentro da banheira de cerâmica branca e ligou as torneiras. A água era fria e dificultava minha luta para sobreviver. Eu já estava fraca e a ponto de desistir, quando Xiumin pegou um de meus braços e rasgou as mangas, deixando meus pulsos intactos a mostra. Sentí a lâmina tocar minha pele, e gritei.

-Me solta -choraminguei, enquanto sangue jorrava, tingindo a água de vermelho. Meus pulsos ardiam.

-Devia ter pensado duas vezes antes de se envolver com um psicopata -sorriu, afundando a lâmina de barbear ainda mais fundo em minha pele- Devia ter pensado duas vezes antes de se apaixonar por um..

Eu estava em estado de choque, enquanto meu namorado puxava meu outro braço para cortá-lo também. Eu gritei, sabendo que ninguém poderia ouvir, sentindo a vida se esvair de meu corpo e com minha camisa branca favorita grudada na pele. Minha saia florida estava aos farrapos, cortada em retalhos e tingida de vermelho.

Em pouco tempo parei de gritar, vendo com a visão turva Xiumin se afastar de mim com a lâmina coberta por sangue e um sorriso maroto no rosto. Meus olhos agora estavam pesados, meu corpo implorando para que eu o deixasse descansar.

Oppa se aproximou novamente, acariciando meus cabelos imundos com carinho e pousando um beijo rápido em meus lábios frios.

-Durma bem, Baby Girl -sussurrou em meu ouvido baixinho, para em seguida o ambiente ser tomado por um barulho ensurdecedor de sirenes. Xin riu baixinho, se afastando devagar- A brincadeira apenas começou, minha querida.. 

Enquanto as Ondas Quebram {Mimo} Onde histórias criam vida. Descubra agora