Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}

Cap 27 : Feridas do Passado.

~POV Nayeon~

Senti meus pés atravessarem o chão de barro e soltei um suspiro profundo, ciente de meu azar evidente. Mal havia me afastado do grande casarão quando ouvi os passos urgentes de Tzuyu ás minhas costas, mas a ignorei, me virando para encara-la após a mesma chamar meu nome baixinho. Abraçou meu corpo rígido e me obriguei a clarear meus pensamentos.

-Ei, Nayeon -murmurou, sua boca contra meu cabelo e meu corto firme contra o seu- Fica calma, não tem problema se você não achar a Mina, depois que eu cuidar da Momo eu ajudo você, vamos fazer isso juntas, e ela não é responsabilidade apenas sua..

-Você sabe que é sim -havia muita coisa oculta em nosso bate papo, então encerrei a discussão de uma forma típica : tomei seu rosto em minhas mãos e a beijei, afastando seu corpo do meu em seguida.

Dei as costas para minha namorada, e a mesma resmungou baixinho ao me puxar de volta para si, me imprensando firmemente em seus braços magricelas.

-Não está esquecendo de cuidar da Momo? -me mechi desconfortável em seus braços, um tanto incomodada pela proximidade tensa.

-E você não ta esquecendo de cuidar de mim? Eu sou sua namorada, a muito tempo não temos um momento só seu e meu..

-Olha -dei-lhe um beijo profundo, depois segurei sua mão firme ao falar- Hoje a noite teremos tempo, prometo.. Mas agora temos assuntos importantes a resolver, você não acha?

A mais velha se aproximou novamente, passando os braços por meu pescoço e me observando de forma preocupada, um toque de manha estampando seu rosto angelical .

-Promete que vai arranjar um tempinho pra mim? -fez biquinho.

-Te prometo, hoje a noite seremos apenas você e eu.. -a puxei para mim novamente, dando continuidade a nossos joguinhos de sedução.

Dessa vez ela não reclamou quando me afastei, e eu realmente pretendia ter uma noite especial com Tzy longe de toda a confusão com Mina e Momo. Sempre que chegavamos na melhor parte do jogo, eu era interrompida pelo rosto de Mina se escupindo em minha mente, percebendo então que a mais velha ainda tinha o dom de travar meus pensamentos.

Pensando assim, dei as costas novamente para Tzuyu e nos pusemos a andar em sincronia, as duas para direção contrárias, e foi nessa distância sufocante que pensei ao avistar as margens do pequeno lago.

Como que por impulso, sentei no chão humido. Suas águas pacíficas absorveram minhas energias lentamente, enquanto molhava meus pés tranquilamente na água, sendo dominada pelas lembranças trancafiadas em meu peito. O primeiro beijo, os longos anos de namoro tempestuoso, e finalmente o término. Aí eu conheci Tzuyu e mudara completamente meu estado de ser, me tornando a garota meiga e gentil que todos conhecem hoje.

Foi uma grande estrada percorrida até ali, me dando conta imediatamente que algo estava errado. Avistei o balde que Mina usara pra buscar água flutuando próximo de mim, fazendo-me levantar com um sobressalto. Vi um feixe estreito de cor âmbar na água, franzindo o cenho para a mesma.

Me virei para a grande casa e imediatamente notei um matagal ao lado, onde a grama se agitava, com movimentos um tanto anormais. Resolvi conferir, com certo receio, mas não fiquei surpresa ao ver Mina envolta em grama e uma grande cascavel se levantando, furiosa, sobre ela.

Ninguém havia me notado, então corri os olhos ao redor buscando apoio, me abaixando timidamente e pegando um grande pedaço de madeira no chão, o qual minutos depois estaria cravado na grande cabeça do animal. Mina levantou-se do chão em pânico, sem saber se me abraçava ou saia logo de perto de mim.

-Você ta bem? -perguntei, de forma tola.

-Ah, estou. Eu fiquei assustada com o estrondo atrás da casa, e estava indo conferir mas tive.. Alguns contratempos no caminho.. -sussurou de forma clara, olhando um tanto assombrada para a cobra morta no chão.

-Entendi, também me assustei com o barulho lá atrás, mas fica tranquila porque já tiramos Momo de lá, Tzuyu já está cuidando dela.

-Como assim cuidando dela? O que aconteceu com a Momo? -Mina exclamou, já prestes a entrar em pânico ali mesmo.

-O banheiro desabou, e ela machucou a perna, Tzy está cuidando dela, acho que não foi nada grave.. -lancei lhe um olhar solidario.

Ela acentiu, procurando se acalmar, mas o terror parecia evidente em seu olhar. Resolvi não perder tempo e voltamos para a casa em silêncio, eu calada sentindo o calor emanar de seu corpo. Com um suspiro suave entrei na cama e a vi se jogar nos braços de Momo. Me machucou, mas agora eu via o quanto havia errado no passado.

Não devíamos ter terminado assim.

CONTINUA.