Cap 29 : Domingo de Manhã

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~POV Mina~

Antes de abrir os olhos e aspirar o cheiro de mofo que impregnava a cama, senti um corpo quente abraçado ao meu. A vontade de levantar da cama era mínima, mas para não acabar dormindo de novo, inclinei a cabeça para frente e respirei fundo o cheiro doce de seus cabelos. A pequena dormia profundamente em meus braços, e não pude evitar de olhar para seu rosto suave e a comparar a um anjo. Se eles existissem, seriam mais ou menos como ela.

Depois de muita resistência de minha parte, consegui me afastar delicadamente de Momo e me encaminhar para o guarda roupa, procurando meu moletom de unicórnio, pois os dias frios se aproximavam. Já preparada para deixar o quarto, cobri a mais nova com um cobertor de plumas suaves e fechei a porta do quarto em minhas costas.

Já tínhamos passado das 10 da manhã mas o sol típico de inverno não contribuia contra o frio, dando ao ambiente um aspecto fantasmagorico e, de certa forma, desagradável. Perambulei pelos corredores até encontrar a cozinha, já organizada e limpa a esta altura. Nayeon não era o tipo de garota que convivia pacificamente com a sujeira, então, depois do acidente com Momo, ela resolveu nos dar folga e passou o dia e a noite passados arrumando tudo para hoje de manhã.

Tzuyu não recebeu permissão para ajuda-la com os afazeres, mas isso não a impediu de permanecer próxima de sua namorada. Vi muitas ocasiões em que as duas discutiam, mas nunca o suficiente para levantar os tons de voz. Tudo referente as duas acabava sempre em beijos e carissias, dando a todos a certeza de que era um relacionamento além do tempo.

Seguindo essa linha de raciocínio, encontrei a geladeira vazia ; exceto por três litros conservados de água. No exato momento em que soltaria alguns palavrões, Tzuyu entrou no cômodo com seu pijama azul de bolinhas e com o cabelo completamente bagunçado. Imediatamente deduzi onde a mesma passara a noite, ou melhor, com quem a passara.

-Bom dia -exclamou, após um longo bocejo.

Eu soltei um grunido, tirando um dos litros de água da geladeira e o deixando encima da mesa. Meu mau humor pré-fome não pareceu abala-la.

-Ontem eu e Nayeon completamos dois anos de namoro -murmurou sonhadora, sentando-se na ponta da mesa.

Continuei em silêncio, mas acabei sentando a seu lado. Meu estômago se retorcia de fome, e eu tinha a leve impressão de ter acordado todas na casa com o barulho.

-Aliás, faz um tempo que ela saiu comprar comida -arqueei a sobrancelha, desmanchando imediatamente a expressão furiosa- Mas enquanto ela não chega, guardei um pãozinho de mel pra você..

Levantou-se, ainda com um sorriso mágico no rosto, e pegou um pequeno pacote no fundo do armário, me estendendo o mesmo e se retirando da cozinha sem esperar meus agradecimentos. Fiquei boquiaberta olhando-a se retirar do cômodo, pois por reflexo pensei ter visto a mesma flutuar..

Balancei a cabeça para afastar tais pensamentos e me virei para o pequeno pacote, ainda quente, em minhas mãos trêmulas.. Imediatamente rasguei a embalagem e confrontei meu café da manhã cara a cara. Senti minha barriga se retorcer de forma torturante, então aproximei o pequeno pão de mão de meu rosto e o cheirei. Pequenas partículas de açúcar inundaram meu nariz, me fazendo ansiar por comê-lo.

Mas ai, quando ia enfiar tudo na boca e engolir de vez, imagens da madrugada invadiram minha mente : eu e Momo vendo o sol nascer pela janela, nossa discussão inútil mais cedo, o beijo de boa noite, nossos corpos unidos na cama.. E nesse momento pensei que a mais nova talvez estivesse com mais fome que eu.

Embrulhei novamente o pequeno pão de mel e tomei um copo de água para enganar meu estômago, pelo menos até que Nayeon chegasse com o café da manhã. Com lembranças de Momo em minha cabeça, subi os degraus de volta ao segundo andar e entrei no quarto coberto pelo breu.

Bocejei ao me aproximar da cama e não pude evitar sorrir vendo minha namorada dormir tranquilamente naquela manhã de domingo. Tomei sua mão na minha, beijei sua testa e deixei o pão de mel ao seu lado na cama.

Após fechar a janela, respirei fundo e abri a porta de novo. Mas, antes de fechar a porta em minhas costas de novo, não pude deixar de notar o sorriso apaixonado em meu rosto. Com isso, não pude deixar de lembrar o motivo pra ele estar ali..

CONTINUA. 

Enquanto as Ondas Quebram {Mimo} Onde histórias criam vida. Descubra agora