~POV Mina~
Percebi tarde demais que o caminhão havia parado, mas sofri um sobressalto ao ouvir a porta da gabine bater e uma voz rude e falha soar aos meus pés, fazendo Momo me apertar mais forte. A nossa frente se erguia um senhor de idade, com roupas esfarrapadas forradas por pelo e um chapéu desgastado pelo tempo. Trazia nas bochechas rosadas um conjunto horripilante de verrugas, o que me fez estremecer.
-Posso saber o que as senhoritas pensam que estão fazendo ai? -perguntou o velhote, com um semblante sério e frio.
-Desculpa, nós.. -começou Momo, afastando-se de mim momentaneamente para falar.
-Desçam agora do meu caminhão, vamos, saiam logo. Desse jeito irão danificar toda minha mercadoria.. Oh, por causa de vocês chegarei atrasado em Los Angeles, vou perder a hora de novo..
Ele parecia nervoso, andando de um lado para o outro enquanto Momo e eu juntavamos nossas coisas e desciamos do caminhão. Assim que meus pés tocaram o chão, fui tomada pela fraqueza e despenquei, em direção ao chão para uma queda livre.
Momo então agarrou meu braço direito e apoiou meu corpo no seu para que eu pudesse andar. Ficamos ali, observando o ancião praguejar aos deuses toda a sua frustração em uma língua incompreensivel (árabe, acredito). Como última tentativa de contato, apertei firme a mão de Momo e me aproximei do senhor, receosa.
-Ãh.. Licença.. -comecei baixinho.
-O que você quer, branquela? Não está satisfeita atrasando minha viajem, quer estragar ainda mais meu dia? -respondeu rudemente.
-Na verdade quero pedir desculpas por termos subido em seu caminhão sem sua permissão, é que minha namorada e eu estamos fugindo da cidade já que nossos pais não aceitam nosso relacionamento, e precisávamos mesmo sair de lá.. Por favor, deixe me explicar..
-Suas imundas, querem que eu acredite nessa história? O que me garante que não sejam criminosas fugitivas.. Espera -ele então puxou de um dos bolsos uma página amassada de jornal e estudou-o, com a sobrancelha arqueada.
O vi então ler com atenção e em seguida sorrir, em um gesto quase ameaçador. Momo apertou firme minha mão, sentindo sua pele arrepiar quando o velho voltou-se novamente pra nós, completamente diferente.
-Oh, vocês, pensando melhor.. Posso ajudá-las, precisam de carona para a cidade, certo? Deviam ter falado antes, eu posso ajudar, por favor, entrem no caminhão e as levarei a cidade. Por favor.
-Então o senhor.. Acredita em mim?
-Claro minha jovem, venham, entrem no caminhão que em questão de segundos chegaremos a cidade, não se preocupem..
Com certo receio, puxei Momo em direção ao mesmo e entramos em seu caminhão, mudando do ar frio da noite para o vapor quente de ar condicionado. Fechei a porta, sentando-me no assento ao lado do motorista e deixando Momo na janela. O banco era forrado por pelos, que imediatamente trataram de aquecer meu corpo, e apesar da gabine ser pequena, produzia um ambiente assustadoramente aconchegante.
Ouvi a porta do motorista se fechar, me virando para agradecer o bom velhinho por nos acolher : duas branquelas americanas em pleno deserto.
-Não sei nem como lhe agradecer, senhor, é muito importante pra nós chegar na cidade -sorri.
-Oh, o prazer é todo meu por aproximar um casal perfeito como vocês.. Mas me diga querida, estão com fome? Há um posto de gasolina em frente, e ficaria honrado em comprar algo pra satisfaze-las.. Se precisarem de casacos há um no fundo daquela gaveta -indicou a mesma- As madrugadas no Texas costumam ser muito frias..
-Espera, você falou Texas?
-Sim, minha querida, as temperaturas aqui andam uma confusão ultimamente..
-Você viu Momo!? Estou em casa aqui..
A cutuquei, pois a mesma não falava nada a horas e parecia com as ideias perdidas em meio as paisagens passando na janela. Parecia ter algo errado, Momo nunca fora quieta, parecia assustada mas eu sabia que não era comigo.. Estava tudo bem agora.
-Então você é natural do Texas, hein? -chamou o velho, imediatamente fazendo-me esquecer de Momo e me distraindo pelo restante da viajem.
Havia algo naquele senhor que me cheirava bem, talvez bem demais. Eu não entendia o porque, mas a cada vez que o mesmo abria sua boca pra falar, um cheiro inebriante me dominava e me sentia fora de foco.. Como se controlada por ele.
Como se.. Hipnotizada.
CONTINUA
VOCÊ ESTÁ LENDO
Enquanto as Ondas Quebram {Mimo}
FanfictionEm um mundo em que somos dominadas por nossos próprios pais, poderá esse amor vencer as barreiras do tempo ou seremos apenas mais vítimas do medo? ATENÇÃO : FANFIC PASSANDO POR INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO