Capítulo quatorze.

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Jota foi pro Complexo e Thiago veio junto com nós, fomos andando como sempre, ainda era cedo, então não tinha muita gente a não ser os tiozinhos trabalhadores.

Chegamos na boca e meu pai junto com Kauã entraram pra sala e eu e Thiago ficamos sentados na frente da salinha.

Kauã: Bora fazer cobrança.- Chegou junto com meu pai.

Analu: Aonde? - Perguntei me levantando.

Kauã: Na boca do Sul.- Assenti.

Meu pai me deu a glock dele e eu dei um beijo na bochecha dele, subi na moto junto com Kauã e ele saiu na velocidade permitida no morro mas depois que passou da barreira aumentou a velocidade.

Ele parou depois de uns minutos na boca e eu desci da moto com o cabelo todo bagunçando, ele me olhou e riu, como sempre.

Kauã: Tá um pouco bagunçando.- Bagunçou mais.

Analu: Demônio.- Dei um tapa na mão dele.

Ajeitei meu cabelo e ele pegou minha mão me puxando pra dentro da boca, quando chegamos lá geral baixou a cabeça em forma de respeito, sorri de lado, eu amo isso.

Fomos direto pra salinha dali e entramos sem bater, o Pp, que cuidava dali tava sentando com os pés encima da mesa injetando heroína, assim que nos viu se assustou.

Analu: Cadê o dinheiro?  - Me sentei tirando a pistola da cintura.

Pp: A boca foi assaltada, um dia desses.- Respondeu rápido.

Analu: E por que nós não ficou sabendo?

Ele baixou a cabeça, revirei os olhos e puxei o gatilho acertando em cheio sua cabeça, escutei o choro de uma criança e me levantei olhando pro Kauã.

Sai da sala indo em direção ao lugar onde os usuários ficam, eles me olharam mas logo desviaram o olhar.

Analu: Cadê?

-Qual foi patroa? - Perguntou um deles.

Analu: Cadê essa criança? - O mesmo apontou pra um beco por trás daqui.

Tirei uma nota de 50 dando pro menino que disse e sai dali correndo indo pro beco, Kauã logo se juntou a mim, quando chegamos na entrada do beco e choro cessou.

Cheguei mais perto vendo um cara estuprando a menina que estava apenas com os olhos abertos sem reação alguma, ele se assustou e saiu de cima dela.

Fui pra cima dele enchendo ele de socos e chutes, ele já tava sem forças pra se defender e foi ficando mole, Kauã percebeu e me segurou.

Analu: Leva pra salinha.- Ele assentiu e saiu pegando o raidinho.

Fui até a menina que estava do mesmo, ela não respirava mais, comecei a chorar descontroladamente, fico toda chorosa quando vejo uma coisa dessas.

Tenho ódio de quem é capaz de fazer isso, uma criança tão inocente gente, não aguento!

Escutei passos e alguém me abraçar, senti que era o perfume de Victor, ele me levantou me abraçando e eu chorei mais em seu peito.

Ele me deu um beijo na bochecha e ficou me fazendo cafuné.

Neguinho: Bora vazar.

Não falei nada, ele me puxou pro carro e pela primeira vez eu não fiz questão de ir de moto, deitei no banco fechando os olhos, depois de um tempo senti a mão dele na minha coxa e abri os olhos vendo a nossa pracinha.

A gente diz que é nossa porque ela é abandonada, quando eu era mais nova ele sempre me trazia aqui, era o nosso lugar!

Sorri de lado e levei minha mão até a dele entrelaçando elas, ele deu aquele sorriso maravilhoso, esse garoto é todo maravilhoso.

Ele me puxou pra fora do carro e nós fomos pro banco que tinha ali, deitei em seu colo e ele fez cafuné em mim enquanto sua outra mão estava entrelaçada com a minha.

Ele fez isso até eu me acalmar e como sempre deu certo.

Neguinho: Tá melhor? - Assenti e ele me deu um selinho.- Quero falar serião contigo.

Analu: Eu aceito casar contigo.- Dei os ombros e ele sorriu.

Neguinho: É quase isso pô.- Me levantei rapidamente sentando do lado dele.- Tipo, tu sabe que sou amarradão em ti e pá, eu queria fechar sério contigo, só nós dois mesmo.

Analu: Na pureza, tipo fiel?

Neguinho: Pode pá, e aí aceita ser minha dama ?

Ele sorriu esperando minha resposta e eu olhei pra nossas mãos entrelaçadas respondendo logo em seguida...

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