O inferno de Betty Cooper

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*Betty on*

Chorava. Era a única coisa que eu conseguia fazer. Estou no inferno, disso eu tenho certeza.
Cheguei no hospício a três dias, mas mesmo sendo pouco tempo, minha vida perdeu toda a cor. Ninguém falava comigo, ninguém me respondia. Quando falava, me dão ordens. Não aguentava mais.
"Eu fiz o que tinha que ser feito"- repetia a cada segundo. Se eu não tivesse me entregado, Jug estaria morto, e isso sim seria a pior coisa do mundo: saber que eu fui a causa da morte dele. Eu o amo tanto... E se eu nunca mais sair daqui? E se eu nunca mais sentir seu cheiro, seu toque...? E se ele seguir sua vida, se esquecendo de tudo que passamos? Eram tantos "e se?" que já nem sabia o que era ou não verdade. Minha vida estava triste. Sem ninguém. Absolutamente ninguém.
As pessoas loucas vão para o hospício, mas acho que no hospício são criadas as pessoas loucas. Estava me sentindo assim: algo insignificante, que ninguém entende.
Fecho meus olhos, mas não consigo dormir, pois as lembranças felizes de minha vida começam a aparecer em minha mente. Lembro da nossa viagem, Jughead me mostrando seu lugar especial, ele me pedindo em namoro... Ele é minha felicidade, agora foi tirado de mim. Por quê? O que eu fiz para merecer isso?
Uma mulher entra em meu quarto, sorri sombriamente para mim e fala:
- Está na hora do seu momento de diversão, senhorita Cooper.
Sinto meu corpo se esvaziar. Meu momento de diversão era uma tortura. A pior coisa de minha vida. Mas o quê eu podia fazer para evitar? Se eu não realizasse, eles me matariam e matariam Jug. Pela primeira vez eu precisava salvá-lo. Precisava de força.
Eu levanto da cama, com o rosto ainda inchado devido ao choro. Sigo a mulher e vou até um porão. Essa parte era nova pra mim, mas algo bom não seria. O local era todo escuro e silencioso, fazendo eu sentir calafrios. A mulher acende a luz e vejo inúmeras tábuas de madeira no chão.
- Você deverá carregá-las daqui para aquela outra mesa. - A mulher fala com calma e apontando para o lugar.
      Eu pego a primeira de umas vinte tábuas. Elas eram cheia de farpas e muito pesadas. Eu seguro ela cuidadosamente e sinto minha mão toda arder. Eu vou até o local com muita dificuldade e continuo fazendo o que ela pedia. Parecia que aquilo nunca teria fim. No final, não consigo me controlar e começo a chorar. Meu braço latejava e minhas mãos estavam com sangue.
Vendo meu sofrimento a mulher fala:
     - Prometa que nunca entrará em algum lugar sem ser chamada. Nunca se envolverá com os serpentes como sua mãe.
      - Prometo.
       - Não escutei.
      - Prometo.
      Eu volto para meu quarto destruída. Olho para minhas mãos e vejo inúmeras farpas espetadas nela. Tento retirá-las, mas doía mais.   Se aquela seria minha vida daqui para frente, eu estava no inferno. Um inferno frio e sombrio.
      Eu começo  a pensar em como a minha mãe sofreu quando estava aqui... Espera! Minha mãe já esteve aqui... E o Jug! Minhas esperanças começam a se renovar,  mesmo sabendo que até eles me encontrarem, eu talvez nem seja mais eu mesma.  O pessoal do hospício estão mexendo com minha cabeça, e por mais medo que eu tenha de nunca sair dali, o meu maior medo era de nunca mais voltar a ser que eu era antes.
     Eu precisava dar uma pista à Jug sobre onde eu estava. Eu não sei como. Estava isolada de todos, nenhuma janela, aparelho eletrônico, nada. Aos poucos toda a minha pequena alegria começa a se dispersar de novo. Não havia como eu sair de lá. Era impossível.

       Algumas horas se passaram e eu fui chamada novamente. Agora seguia uma mulher para uma sala também desconhecida. Meu coração não estava acelerado. Por que deveria se tudo aqui é ruim?
      Eu entro na sala e percebo que há uma janela. Uma janela onde eu podia ver toda a paisagem. Precisava achar um jeito de sair daqui!  Infelizmente a mulher que me acompanhava me algemou. Droga! Como eu vou conseguir alguma coisa assim?
     Eu olho para a rua que estava mais próxima, mas ao invés de me dar uma sensação de paz, estava ficando cada vez mais destruída. Saber que o "mundo real" estava tão perto e eu não podia fazer nada, quebrava meu coração.
     Estava observando a rua a uns sete minutos, quando começo a escutar um barulho de moto. Esse som não era estranho... Era a moto de Jughead! Ele estava ali! Eu começo a berrar, com a esperança que ele pudesse me escutar, mas somente o vejo na moto com seus cabelos negros voando ao vento. Ele não me escutou. Eu começo a chorar desesperadamente... Ele estava tão próximo de mim! Por quê? Por quê? Por quê? Dou um murro na parede tão forte que sinto que desloquei um osso. A dor não me incomodava, pois era tão pequena comparada com que eu estou sentindo...
       Volto para o quarto e deito na minha cama. Depois de muito tempo, consigo dormir. Sonho com Jughead, nós dois nos beijando no cinema. Tudo era perfeito antes, mas eu não tinha noção disso. Às vezes precisamos enfrentar nosso pior pesadelo para percebemos tudo de bom que tínhamos. Eu estava vivendo meu pesadelo. Disso eu não tinha dúvidas.

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   Obrigada pelas 2.5k de leituras! Vocês não tem noção da minha felicidade quando vejo que vocês estão comentando, votando e gostando da minha fic!

Love you, Duda🌈

𝙏𝙧𝙪𝙚 𝙇𝙤𝙫𝙚  | 𝘳𝘪𝘷𝘦𝘳𝘥𝘢𝘭𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora