Quando contei a Camila que tinha feito a minha inscrição para fazer o teste na agência de modelos, ela chamou a atenção praticamente do colégio inteiro com os seus pulos e berros.
Mila parecia estar mais ansiosa do que eu. Ou pelo menos ela expressava a sua felicidade mais do que eu. Diferente de mim, que ficava na minha, quieta, ela gritava para os quatro cantos do mundo ouvir o que estava sentindo.
Eu achava isso legal nela. A forma de viver, sem se importar com o que vão pensar ou dizer. Ela transmitia liberdade, e eu amava isso nela.
Desejei um dia ser como ela, segura e com autoconfiança, algo que me faltava muito.
[...]
Fui surpreendida quando o diretor me pediu para ir até a sua sala. Eu estranhei, pois não tinha feito nada. Então quando entrei na diretoria e sentei na cadeira em frente a ele, desatei a falar.
— Diretor, eu juro que não fiz nada. Eu mal ando pela escola. Só saio da sala para comer, descanso e depois volto. Faço o possível para tirar boas notas, e...
— Joyce! — ele exclamou.
— O que? — perguntei ofegante.
— É claro que você não fez nada, é uma ótima aluna. — sorriu.
Ergui as sobrancelhas, surpresa.
— Ah. Então... por que me chamou?
— O seu pai ligou.
— O meu pai? E disse o que?
Senti um mau pressentimento naquela hora.
— Que a sua mãe passou mal no trabalho, e ele a levou para o hospital. Ele pediu para você ir buscar os seus irmãos na escola. Disse que deixou a chave na casa da vizinha Vera.
— A minha mãe passou mal? — perguntei aflita — Posso ir embora?
— Desculpa, mas não tenho permissão para te liberar antes das aulas terminarem. O seu pai disse para você ficar tranquila. A sua mãe está bem.
— Tá bom. Obrigada por me informar.
— Disponha. Pode voltar para a sala.
[...]
Eu não consegui prestar atenção em nenhuma aula depois daquela notícia. Que eu me lembre, a minha mãe nunca tinha passado mal no trabalho. Eu só conseguia pensar no pior. Queria ver ela o mais rápido possível, para me certificar de que a mesma estava mesmo bem.
Na saída, eu andava no automático, pois a minha mente estava em outro lugar.
— Joy! Joy, estou falando com você!
Pisquei os olhos e olhei para o lado.
— O que foi, Camila?
— Onde você está com a cabeça, amiga?
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Mas Ela É Negra![repostando]
RomanceUm metro e oitenta de puro charme e beleza. Trinta e quatro anos de idade, mas que aparenta ser uns dez anos mais nova. Negra! Esta é Joyce! Uma mulher que sofreu muito na sua infância e adolescência, mas conseguiu vencer na vida. Descubra como foi...