Mas Ela É Negra![repostando]

Capítulo 45👠

   

   Mais um dia de preparativos. E muito mais correria.

   A mãe de Alejandro estava me deixando louca. Toda hora ela aparecia com uma ideia nova, e não me deixava dizer o que eu queria. Isso estava me causando um pouco de irritação. Talvez ter deixado ela responsável por tudo não fosse uma boa ideia, pois nem estava mais parecendo que o casamento era meu. Mas eu tentaria manter a calma e conversar com ela sobre os meus desejos. 

— Dona Flor, posso dizer uma coisa? — perguntei enquanto tomávamos um suco no jardim. 

— Sim, claro. 

— Sem querer decepcionar… — respirei fundo — Mas não gostei muito dessa decoração azul. — falei olhando as cadeiras forradas por tecidos de cor azul bebê. 

Mesmo sem estar olhando para ela, eu podia jurar que suas sobrancelhas se uniram.

— Como não? Está lindo! Eu mesma que escolhi. — falou com orgulho.

Deveríamos ter conversado sobre isso antes. Sobre os meus gostos. Mas estávamos tão empolgados que ninguém pensou nisso.

— Não é feio, mas não é a cor que eu queria. Me desculpe. Será que é possível trocar? — segurei a respiração por um segundo, estava com receio da reação dela.

— Mas... tem certeza de que quer trocar? 

— Tenho. Gostaria que a decoração fosse vermelha. — sorri, imaginando o quão lindo ficaria.

Dona Flor se engasgou com o suco e começou a tossir, dando-me um baita susto. Fui até ela e dei leves tapas em suas costas, até a mesma se recompor, e então voltei para o meu lugar.

— Vermelha?! — exclamou, a voz esganiçada — Minha querida, vermelha? — repetiu com mais calma — Eu odeio vermelho. Escolhe outra cor, por favor. Eu posso até tirar o azul, contanto que ele não seja trocado por um vermelho. — era quase possível tocar em sua indignação.

A minha respiração foi longa e lenta.

— Mas eu gosto de vermelho. — insisti — Qual o problema com essa cor?

— É feia, vibrante, escandalosa. — sacudiu a cabeça — Não combina com casamento. 

— Não combina com o casamento de quem? — sem querer o meu tom de voz saiu terrivelmente ríspido.

   Não obtive uma resposta, e isso me deixou um pouco constrangida. 

   Dona Flor era uma ótima pessoa, mas se tornava chata quando somente a opinião dela era o que valia. 

   Ela queria impor todos os seus desejos e preferências no meu casamento, não dando espaço para as minhas vontades. 

Eu queria gritar e dizer que o casamento era meu e não dela, e que ele seria do meu jeito. Mas não queria causar problemas, ainda mais na situação em que a gente se encontrava.