Em um sábado, Camila me chamou para dar uma volta no shopping. Fui pedir autorização aos meus pais, mas acabei me frustrando, porque a minha mãe disse que não tinha dinheiro para me dar.
Entrei no meu quarto e fiquei deitada na cama, encarando o teto branco. Estava precisando de uma pintura; o mofo já estava tomando conta.
— Joyce.
Olhei para a porta e sorri ao ver o meu pai.
— Oi, pai.
Ele caminhou até mim e sentou na cama. Ficamos nos encarando, até ele resolver falar.
— Eu ganhei um dinheiro a mais no meu último serviço. — falou e abaixou a cabeça.
— Isso é muito bom, a gente precisa, não é .
— É verdade. Mas eu decidi te dar um dinheirinho para você ir passear com a sua colega. Não é muito, mas acho que dá para você comer alguma coisa.
Ele colocou a mão no bolso de sua bermuda e tirou vinte reais e me entregou.
— Ah, pai, não precisa. Eu já disse a Mila que não vou.
— Sim, precisa. — ele me entregou o seu celular — Tem um pouco de crédito aí, liga pra ela.
Engoli em seco e segurei as lágrimas. O que o meu pai fez naquele momento me deixou muito emocionada.
— Obrigada, pai. Muito obrigada.
— Por nada.
— Serei rápida. — falei me referindo a ligação.
— Não se incomode com isso. Estou na sala.
Ele levantou e saiu do quarto.
Liguei para Camila e disse que iria ao shopping com ela. Ainda bem que eu tinha o seu número gravado na minha mente, pois não tinha celular, e tinha esquecido onde havia colocado o papel, o qual anotei o número dela.
Me arrumei super contente, e na hora de sair a minha mãe hesitou um pouco para me deixar ir sozinha. Mas depois de muita conversa com o meu pai ela acabou cedendo.
Amava demais aquele coroa.
A minha mãe não estava muito errada em se preocupar em me deixar sair sozinha, pois eu nunca tinha ido para tão longe sem ela, e confesso que fiquei com um pouco de medo quando peguei o ônibus. Fiquei preocupada em descer no lugar errado. Mas graças a Deus consegui chegar no shopping.
Camila falou para eu me encontrar com ela na praça de alimentação, perto de uma hamburgueria. O problema é que ela não me disse qual. Então fiquei rodando igual uma barata tonta até ver uma menina pequena, de pele morena e cabelos encaracolados balançar a mão no alto de um lado para o outro.
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Mas Ela É Negra![repostando]
RomanceUm metro e oitenta de puro charme e beleza. Trinta e quatro anos de idade, mas que aparenta ser uns dez anos mais nova. Negra! Esta é Joyce! Uma mulher que sofreu muito na sua infância e adolescência, mas conseguiu vencer na vida. Descubra como foi...