Capítulo 53 - Luca

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Me encosto na porta do meu carro, fecho um pouco mais o meu sobretudo, e ergo a gola para proteger o meu pescoço do vento frio que começa a soprar. Para passar o tempo, eu fico olhando para o movimento da rua. Todos passam alheios a tudo que acontece a volta.

Hoje está nublado e gelado, ameaçando chover a qualquer momento.

O dia está irremediavelmente combinando com o meu humor, e pelo que vejo, também está se propagando pelas pessoas que caminham apressadas pela rua. Cada um preso em seus próprios problemas, alguns estão carrancudos, outros praticamente correndo e mexendo nos seus celulares, completamente alheias até mesmo a sua própria segurança, já que nada ao seu redor chama a sua atenção.

Hey gente, acidentes acontecem por conta dessa inconsequência de vocês sabiam?

É, são as obrigações do dia a dia que nos impõe a essa correria, as vezes não nos cabe outra coisa que não seja aceitar e se adaptar as questões que a vida nos joga na cara.

Olho para o fim da rua e finalmente lá vem ela. Mirella está chegando; está carregando uma sacola de compras e caminha normalmente até que seus olhos se encontram com os meus. De repente ela para por alguns segundos e me encara, a dúvida se continua o seu caminho, ou então se volta por onde veio é visível.

Felizmente ela se decide pelo melhor e continua andando até chegar a minha frente. - O que você quer aqui doutor Luca? De verdade eu estava esperando ver a sua namorada e não o senhor. - Mirella me encara como se tivesse alguma chance de ganhar esse embate.

- Eu sei o que você quer, mas te garanto que isso não vai acontecer. A minha noiva não vai vir te procurar. - Coloco as mãos no bolso do sobretudo e fico parado de frente a ela.

- Então eu posso saber o que você está fazendo aqui? - Ela troca o peso do corpo de um pé para o outro.

- Eu vim aqui para te dar um conselho. É de graça, e eu sugiro que você faça o que eu estou falando, já que eu não tenho muita paciência com pessoas que tentam manipular, mentir e articular coisas contra as pessoas que eu amo.

- Você pode ser mais claro, eu não sei do que você está falando doutor. - Doutor? Como é falsa essa mulher.

- Pois eu tenho certeza que você sabe muito bem do que eu estou falando. Você ligou para a Abigail no sábado a noite e disse que a Selene tinha tentado matar você. - Ela dá um sorriso falso. - E nós dois sabemos que você está no mínimo fingindo demência, é claro que isso não é verdade.

- Eu sei e você sabe, e mais ninguém. - Mirella estufa o peito na minha direção.

- Engano seu. No sábado a noite, nós estávamos todos, inclusive a Abigail, na casa de um casal de amigos meu, sabe como é, casa cheia e um monte de testemunhas para falar que a Selene esteve o tempo todo lá.

O sorriso dela vai sumindo do seu rosto. Com certeza ela não esperava por isso. Mas mesmo assim, ela ainda tenta me confrontar - Antes que os seus amigos possam falar alguma coisa, o estrago pode já ter sido feito. A Selene vai ter muito o que explicar, acho que você sabe o que eu quero dizer, uma policial tem muitas pessoas para dar satisfação, ainda mais no caso dela que também é uma psiquiatra forense tão conceituada, que lida com casos extremos como a pedofilia. Já pensou ela ter que explicar uma tentativa de assassinato? Isso pode acabar com a carreira dela. - Mirella tira do rosto uma mecha do seu cabelo do rosto. - Se eu botar a boca no mundo, com certeza a sua namorada não vai conseguir emprego nem em uma clínica de bairro, como terapeuta.

Sinto o sangue ferver nas minhas veias. - Você não é nem louca de ousar fazer alguma coisa contra a Selene. - Dou um passo em sua direção e ela dá um passo para trás. - Se eu fosse você, eu simplesmente esquecia que ela existe, vai por mim, você não vai querer me ter como seu inimigo. Eu posso ser totalmente desumano se mexem com o que é meu. - Mirella me encara com os olhos arregalados. - Sinceramente Mirella, não brinque comigo e faça o que eu estou te falando, a partir de agora, comece a evitar estar perto da Selene, passar na mesma calçada que ela, respirar o mesmo ar que ela. Eu queria mesmo era que você saísse de Milão, mas eu sei que você está sofrendo processos e mais processos, e não pode nem pensar em sair da cidade, mas com isso, eu sugiro que você... - Dou mais um passo em direção a ela. - Eu sugiro que você se recolha na merda da sua casa, e não saia mais de lá. - Olho para a sacola em sua mão e completo: - Se precisar de alguma coisa do mercado, e por ventura sonhar que fazendo isso, você pode correr o risco de se encontrar com a minha noiva, eu te aconselho que peça o que precisar pela internet, e depois mande entregar. - Ela só me olha, está incapaz de dizer qualquer coisa. - E tem mais, não procure por ninguém que seja amigo da Selene, se por acaso estiver doente, ou então se alguém tentar te matar de novo... - Sou obrigado a rir quando me lembro da acusação que ela fez contra a Selene. - Ligue para a emergência, ou para a polícia, e não para uma das meninas, entendeu Mirella? Porque se isso acontecer, eu já vou logo te avisando que eu não vou gostar, e se eu não gosto...

Prazer... Me Chame De Seu Livro 3 ( Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora