Vida

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-Começarei a contar a partir de sete anos atrás, então.

Chego mais perto dele.

-Você tinha 17 anos, obviamente morava ainda com seus pais e Emma, que tinha uns 19. Cursava o ensino médio e nos conhecemos através de amigos em comum, já que eu estudava em escola diferente. Nos víamos após a escola quando todo mundo ia para a praça se distrair. Foi aí que começamos a pegar amizade e ter assunto. Você baixinha, ruiva com sardinhas parecia uma boneca perto de mim todo magrelo e alto na fase da puberdade; um horror!

Eu rio da maneira como narra.

-Duvido! Você deveria ser daqueles meninos lindos que as meninas brigavam entre si para ver quem roubava um beijo primeiro.

-Nos meus sonhos sim porque a realidade era bem diferente. Me surpreendia e muito quando você me dava atenção e tal, porque a situação era triste...

Ele levanta e pega uma caixa fechada que está escondida ao lado do sofá. Está lotada de fotos. Por um tempo ele procura algumas e separa ao lado.

-A nossa primeira foto. Foi no seu aniversário de 18.

Pego e coloco a mão na boca segurando o riso. Na foto tem o close de nossos rostos, o braço dele entorno de mim, ambos rindo. Meu rosto está sujo de bolo e o flash um pouco estourado. Uma foto divertida que me fez querer sentir o que a Emmily de 18 anos estava sentindo. Meus cabelos estavam com uma cor bem viva em comparação ao meu ruivo atual mais escurecido. Ele realmente estava mais alto que eu e magrelo o descreve bem; porém, mesmo assim, eu o acho lindo.

-Que exagero, Conrado!  Você estava lindo aqui sim!

-Obrigado, obrigado... –Ele desdenha.

-E então...

-Aos 18 você entrou na faculdade. Eu sou um ano mais velho, então já estava cursando jornalismo quando você conseguiu...

-Letras?

-Sim.

-Há! Não acredito. Desde pequena eu queria isso, para trabalhar junto com meu pai.

-E foi uma das melhores da turma. Emma também fez faculdade, cursou arquitetura. Eu já era apaixonado por você há muito tempo, mas sempre tínhamos levado nossa relação pelo lado de amizade. Sempre reservada você nunca me contava se sentia o mesmo e nem se se envolvia com outros garotos, então eu guardei para mim. Até que um dia, eu com 21 e você com 20, te chamei para sair e foi quando rolou nosso primeiro beijo.

Por um momento me pego pensando como seria nosso beijo, mas logo volto minha atenção ao que ele contava.

-Credo, que enrolação!

-Culpa sua! Me enrolou até o último segundo que pode. Sorte sua que não guardo rancor.

-Ah, certo! Culpa sua por ter cedido tão fácil com minha beleza de sete anos atrás.

-Inevitável.

Meu sorriso congela no rosto enquanto ele fica sério ao dizer a última palavra. Antes que o clima fique constrangedor, pego outras fotos da mão dele e começo a olhar.

-Mas pelo menos começamos a namorar depois disso, né?

-Mais ou menos... A gente sempre estava muito junto, desde o início da nossa amizade. Mas ficamos um tempo sem expor essa parte, novamente por culpa sua.

-Meu Deus, que caso perdido eu sou desde sempre! E me diz, como meu pai reagiu quando contamos?

-Eu já frequentava muito sua casa, ele me conhecia bem. Não ficou surpreso demais. Posso jurar que ele até deu um sorrisinho.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora