Jantar

75 21 212
                                    

Acordo lá pelas 10:00 e há um post-it colado na cabeceira da cama.

"Bom dia, Emmy. Espero que tenha dormido bem esta noite. Quando as coisas ficarem menos agitadas lá na editora vou para casa ver como você está. Seu café da manhã está pronto na cozinha. Te amo, Conrado."

Rio quando notei o "eu te amo" riscado. Acho que minha reação na noite anterior ao abraço inesperado o fez pensar duas vezes com essas palavras. O que é uma droga para ele, imagino.

Desço as escadas e vou à cozinha, faminta. Há uma xícara com café com leite bem adoçado e um pão na chapa. Esquento tudo no microondas e me sento ao balcão para comer. Lavo a louça rapidamente e subo ansiosa para tomar banho naquela banheira incrível.

Entro no closet e pego um roupão branco muito macio, roupas íntimas e na gaveta, da parte dele, pego uma camiseta larga que deixo encima da cama.

No banheiro, abro as torneiras com água quente. Abro, xeretando, os armários e encontro uns sais de banho.

-Amém!

Despejo os sais na água e já me despido para entrar.

-Isso deveria ser obrigatório para as pessoas. Deus abençoe quem teve a ideia de tomar banho assim... -Digo relaxando, apenas com a cabeça para fora da água.

Após alguns minutos assim, cantarolando algumas músicas antigas, ouço um barulho no andar debaixo.

-Emmy? -Ouço bem baixo Conrado me chamar.

-Droga, vou ter que sair...

Quando me preparo para sair a porta é aberta.

-Ah, você está ai. -Diz naturalmente.

Eu levo um susto, me desequilibro e caio na banheira.

-Conrado! Saí daqui!

Ele tem um ataque de riso.

-Pelo amor de Deus, você está bem? -Diz entre risos se aproximando.

-Pare ai mesmo! Estou. Meu Deus, eu não acredito nisso...

-Emmy, não seria a primeira vez que a veria nua.

-Para mim sim!

Ele não consegue parar de rir.

-Você está com espuma no cabelo e o olho preto! -Ele chega a por a mão na barriga de tanto rir.

-Você é péssimo... -Me afundo na banheira completamente.

Sinto a mão dele me puxar.

-Desculpe. -Diz segurando o riso.

-Tá! -Estou sendo orgulhosa porque, na verdade, por dentro, estou rindo também dessa situação ridícula.

-Que tal aproveitarmos que estamos aqui? -Diz me olhando muito sedutor, retirando o paletó e prestes a tirar o cinto.

Eu só consigo arregalar os olhos e não dizer nada de tão sem graça.

Logo o olhar sedutor é substituído por mais risadas.

-Você é hilária, Emmily. Te espero lá embaixo, na sala. -Coloca o cinto novamente no passante da calça, assopra a espuma no meu nariz, pega o paletó o jogando sobre o ombro e sai fechando a porta.

-Ele me paga!

Saio da banheira e ligo o chuveiro para lavar o cabelo que já começou a endurecer por causa dos sais e tirar o pouco do rímel que restava ao redor dos olhos. E a todo tempo, rindo e querendo me vingar dele.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora