Conrado e Alice me ajudam a descer do carro com todo o cuidado do mundo. Lentamente caminhamos até a entrada da casa e quando entro já me sento no sofá.
-Minhas pernas estão me matando!
Alice se aproxima e coloca almofadas para que eu me sinta mais confortável.
-Como está se sentindo? –Pergunta quando Conrado volta para o carro para o guardar na garagem.
-Estou bem, com algumas dores, mas bem.
-Olha... Isso tudo...
Na minha estadia no hospital tive tempo para pensar o que dizer à Alice. Inventaria uma história? Diria que “Vitor” foi embora por alguma razão também inventada? Contaria a verdade?
Tudo me soava louco demais e eu não conseguia pensar em como seria a reação dela. Ela amou Vicente e Vicente a amou; seria terrível eu destruir o que existiu entre eles com alguma coisa inventada. Valia a pena correr o risco de dizer a verdade e não carregar nenhum peso na consciência por um longo tempo.
E eu contei. Quando ela foi me visitar, no dia anterior.
Ela ainda não absorveu nada do que contei, na verdade nem eu absorvi... Mas existem certas coisas que apenas o tempo pode curar.
Conrado volta com minha bolsa em mãos e me dá um beijo antes de subir.
-Alice, não pense muito sobre o que aconteceu. Vamos seguir em frente agora. E juntas. –Pego sua mão.
Ela sorri e me abraça.
-Ele ainda está um pouco... Abalado? –Diz se referindo a Conrado.
-Ah, sim... Mas feliz também. Tudo ainda está uma confusão, mas vamos ficar todos bem e nossas vidas voltarão ao normal.
-Emmy, eu preciso ir. Estou atrasada, o meu chefe da gráfica me mata se eu chegar mais uma vez depois do horário.
-Espere. Preciso te mostrar uma coisa. Me ajuda?
Ela me dá o braço para que eu me apoie e me levante do sofá. Aos poucos subimos cada degrau até chegar no corredor dos quartos.
-Conrado? Preciso de você lá no meu escritório, está bem?
-Claro, já estou indo.
Sigo com Alice para minha sala.
-Lembro que na primeira vez que nos vimos eu perguntei se você gostava de ler e que gostaria de te levar a um lugar. Fique à vontade. –Abro a porta.
-Emmy! –Ela me olha e pela primeira vez vejo o potencial de todo o seu sorriso.
Faço um gesto para que ela entre e se deslumbre. Caminho até minha mesa e pego o livro da qual tem minha autoria.
-Tome.
-Está brincando? Estou para compra-lo faz meses, antes mesmo de nos conhecer pessoalmente.
-Pode vir aqui quando quiser.
Conrado aparece na porta e estendo a mão para que ele se aproxime.
-Conversei com Conrado que agora vai ficar um pouco difícil de trabalhar na editora e que precisamos de alguém de confiança e com muito potencial para ocupar o meu lugar.
Ela abre a boca em espanto e seus olhos se enchem d’água.
-É sério isso?
Conrado confirma com a cabeça.
-Será um prazer trabalhar com você, Ali.
Ela solta um gritinho e nos abraça.
-Vocês são a melhor coisa que já me aconteceu!
Ela segue seu caminho para a gráfica em que trabalhou por um tempo para pedir a demissão e finalmente realizar o seu sonho de trabalhar na Limbus juntamente com meu noivo e eu.
-Estou feliz. –Afirmo colocando meus braços em volta do pescoço de Conrado.
-Eu também. –Seu sorriso largo preenche meu peito.
Conrado me ajuda a tomar banho e depois de dias tão conturbados finalmente me deito exausta na cama para relaxar. Ele desce para me preparar um chá e eu permaneço confortável onde estou passando em minha mente todos os momentos que vivemos juntos, me certificando de que todas as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixam em seus devidos lugares.
Ele volta com a xícara em mãos e se deita ao meu lado, me permitindo me aninhar a seu corpo enquanto ele faz carinho em minha barriga.
Estou no início da gravidez, apenas de duas semanas, mas posso sentir o amor que esse momento fornece desde já.
-Menina ou menino? –Me questiona.
-Com certeza menino. –Elevo meus pensamentos para Vicente.
-Com certeza. –Beija o topo da minha cabeça.
-Loucura eu querer montar o quartinho agorinha mesmo?
-Depois de tudo o que vivemos nada mais nos é loucura. –Ele ri.
-Nossa... Realmente!
-Nem mesmo... Isso. –Ele tira da gaveta do móvel ao seu lado uma caixinha e a abre me mostrando lindas alianças douradas.
Fico sem reação.
-Não temos mais tempo a perder, não é? Casa comigo?
O olho naqueles olhos azuis acinzentados e lágrimas quentes descem pelo meu rosto.
-Aceito.
Aceito o beijando calorosamente entre lágrimas de alegria e sorrisos, selando esse momento corpo à corpo.
Tudo ficou bem, como prometido.
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Entre o passado e o agora
RomanceEmmily Figueiredo leva uma vida perfeita ao lado de seu noivo Conrado Vasconcelos, após sofrer um trauma que a derrubou por um longo tempo. Em uma madrugada, misteriosamente, Emmily perde sua memória. Mesmo sem reconhecer o próprio noivo, Conrado...