Presentes

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A campainha toca e vou atender enquanto Conrado prepara o café da manhã.

Abro a porta e sinto um alívio gigantesco ao ver Alice à minha frente.

-Alice! Meu Deus, que saudade de você.

-Oi, Emmily! Me desculpe mesmo não ter te ligado, eu juro que tentei de todas as formas, mas não aparecia um sinalzinho para eu conseguir mandar pelo menos uma mensagem.

-Tudo bem, sem problemas. Entre. E como foi? –Digo fechando a porta.

-Bom dia, Conrado! –Ela o cumprimenta à distância.

-Bom dia, Alice. Aceita um café?

Nos sentamos no sofá.

-Não, obrigada. Foi ótimo, Emmily. Consegui me distrair e Vitor me faz muito bem. O lugar era um chalé bem aconchegante, fizemos fogueira e pescamos. Nunca achei que eu gostaria de pescar, para ser sincera, mas foi um tempo bom para passar com Vitor e Natan.

-Que bom, de verdade. Você precisava de um tempo mesmo.

-Nem me fale... Agora estou me sentindo muito bem para voltar à minha rotina. Ah, olhe só, eu te trouxe uma coisa.

-Fico feliz por te ver tão radiante assim! O que me trouxe?

Ela mexe na bolsa e retira um embrulho de lá.

-Vitor me ajudou a escolher, espero que goste. E nada de fazer a humilde de não aceitar. É meu agradecimento por ser tão maravilhosa comigo, e ainda assim acho pouco por tudo o que fez por mim. Vitor me ajudou a escolher. –Pisca para mim.

Abro o pacote e retiro uma caixinha de veludo preta. A abro e dentro contém uma corrente de prata com um pingente com o contorno de um triângulo e na ponta pendurado um E com fonte cursiva.

-Alice, é lindo demais! Eu amei! –Entrego a corrente em sua mão para que coloque em mim.

Passo a mão pelo triângulo e sinto paz. A abraço forte e agradeço.

-Eu queria muito poder ficar, mas preciso voltar para meu apartamento e organizar tudo.

-Eu adoraria poder te visitar um dia.

-Ah, não. Minha casa não se compara nem com o seu porão, se é que vocês têm um.

-Eu não ligo, Alice. Somos amigas, não somos?

Ela me olha e posso ver o brilho em seus olhos.

-Somos.

Nos despedimos e volto à cozinha para tomar meu café com Conrado, que está quase terminando o dele.

-Vou tomar banho, já volto. –Ele deixa as coisas na pia e sai antes que eu possa mostrar o meu presente me dando um beijo na testa.

Com calma tomo café preto e como meu pão francês ouvindo algumas notícias na televisão que acabei de ligar.

Percebo que Conrado demora a descer e vou até o quarto me certificar de que está tudo bem. Chegando à porta, o vejo sentado na cama apenas com a calça, que está sem o cinto, olhando para as mãos.

-O que foi? –Me aproximo lentamente.

Ele me olha incrédulo e não sai uma só palavra de sua boca.

Pego de sua mão uma rosa vermelha com pétalas bem abertas tomando cuidado com os espinhos.

Em silêncio ele me entrega uma caixa que dentro contém um caderno.

Nele há várias páginas com folhas de flores secas e datas de até 10 anos atrás e poemas curtos na parte de trás das páginas. Folheio cada uma com muito cuidado e leio atentamente tudo o que está escrito. Chego à última folha e não há pétala nela.

Entre o passado e o agoraOnde histórias criam vida. Descubra agora